Para uma boa parte do p�blico belo-horizontino, Alcova Libertina � um bloco de carnaval, dos maiores da cidade. Mas o projeto � bem anterior ao renascimento da folia mineira, que se deu a partir de 2010. Foi em 2000 que um grupo de amigos – m�sicos, poetas, artistas pl�sticos – criou um personagem fict�cio, Miguel Capobianco-Livorno, o “autor” do livro “Exemplar dispon�vel ao roubo”, uma colet�nea de poesias produzidas em conjunto.
Os anos se passaram e veio o ateli� Alcova Libertina, que desembocou no bloco e em outras iniciativas culturais. “Libert�lia: Volume 1”, com lan�amento nesta quarta (1/6) nas plataformas digitais, � o resultado de duas d�cadas de colabora��o entre Bruno Leal Medeiros, Fernando Goulart, Humberto Mundim, Igor Marques, Marcos Braccini, Marcos Sarieddine, Rafael Fares e Thiakov.
Como a coletividade est� na g�nese do projeto, aos oito compositores de “Libert�lia” se juntaram 64 pessoas, entre m�sicos de Minas, de outras partes do Brasil, de Portugal e da Col�mbia. Foram gravadas 16 can��es – oito est�o sendo lan�adas hoje e a outra metade, que comp�e o “Volume 2”, vai sair no pr�ximo dia 5 de outubro.
“Libert�lia” seria um lugar paradis�aco, uma ilha da �frica fundada por piratas onde, no s�culo 17, foi implantado um regime an�rquico.
“Como tudo o que acontece no grupo, um dos pontos maravilhosos do projeto � que come�amos uma obra sem saber onde ela iria dar. � medida que mais pessoas colaboraram, a coisa tomou outra forma. Para n�s, o processo sempre foi a parte mais importante”, comenta Braccini, que dividiu a dire��o musical com Bruno Leal e Thiakov.
"Como tudo o que acontece no grupo, um dos pontos maravilhosos do projeto � que come�amos uma obra sem saber onde ela iria dar. � medida que mais pessoas colaboraram, a coisa tomou outra forma. Para n�s, o processo sempre foi a parte mais importante"
Marcos Braccini, m�sico do Alcova Libertina
MUTANTES E FOLK
O conjunto de can��es abrange v�rias refer�ncias: m�sica latina (“Casi”), folk (“Bitter river”, criada a partir do rompimento da barragem de Mariana), “Alucinado” (puro anos 1960, com clara evoca��o aos Mutantes). “O come�o das grava��es foi em 2019, ou seja, antes da pandemia. Cada um dos compositores convidou outros m�sicos de diferentes contextos, gente que colaborou com o bloco da Alcova”, diz Braccini.
“Libert�lia” j� ganhou tr�s clipes, das can��es “Estrelado”, “Alucinado” e “Bitter river”, com est�ticas bem diversas. “Alucinado”, por exemplo, coloca cada m�sico fazendo alguma coisa diferente em meio �s nuvens.
Um dos respons�veis pelos clipes, Humberto Mundim comenta que a “miscel�nea carnavalesca” norteou os v�deos. “Quisemos abarcar v�rias influ�ncias e ideias, e isto tem muito a ver com antropofagia”, ele afirma. Um bom exemplo � a colagem que Mundim criou com imagens de todos os participantes do projeto – a refer�ncia mais �bvia � a capa do �lbum “Tropic�lia ou Panis et circenses” (1968).
O show deste trabalho ainda n�o foi marcado, mas a ideia � fazer uma apresenta��o de lan�amento at� o fim do ano. “E o carnaval vem a�, e a Alcova vai fazer o que tem de melhor, que � reunir milhares de pessoas”, comenta Braccini.
Antes da folia de 2023, no entanto, “Libert�lia” dever� gerar outro fruto. Mundim planeja uma exposi��o com os trabalhos dos artistas que criaram o encarte do �lbum. O ateli� de artes que serviu como sede do grupo – primeiramente em Santa Tereza e depois no Col�gio Batista – n�o existe mais.
“Tivemos um espa�o f�sico por mais de 10 anos. Hoje a Alcova est� na ‘nuvem’. Mas nossos encontros continuam, mais pontuais, principalmente em viagens em que fazemos imers�es”, diz ele.
“LIBERT�LIA: VOLUME 1”
.Alcova Libertina
.Independente, 8 faixas
.Lan�amento nesta quarta (1/6) nas plataformas digitais