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Estado de Minas CINEMA

Document�rio mostra como diretor de "Pantanal" foi influenciado pelo irm�o

"Quando a coisa vira outra" aborda a carreira de Vladimir Carvalho, com destaque para sua rela��o com o irm�o mais novo, o fot�grafo e diretor Walter Carvalho


01/06/2022 04:00 - atualizado 01/06/2022 09:10

Vladimir Carvalho, vestindo camisa e colete, exibe câmera antiga e sorri
Nascido na Para�ba, Vladimir Carvalho construiu sua carreira de cineasta em Bras�lia, onde vive desde a juventude (foto: Maira Morais/Divulga��o)

Foi num "mergulho" que o diretor de cinema carioca Marcio de Andrade, criado em Bras�lia, resolveu esclarecer uma rela��o pessoal que desembocou no filme “Quando a coisa vira outra”. "Com o t�tulo, quis mostrar 'quando uma ideia se transforma em uma imagem': nisso est� muito da obra do diretor enfocado pelo longa, o cineasta Vladimir Carvalho”, conta o diretor.

Andrade aponta que “o filme �, na verdade, uma conversa entre Vladimir e o irm�o dele, Walter (Carvalho, celebrado diretor de fotografia de longas brasileiros e atual diretor do remake de “Pantanal”, no ar na Globo)”. 

A conversa � sobre “o processo criativo deles e de onde v�m as ideias. Em papo de irm�o a gente n�o se mete; a gente escuta, n�?”, diverte-se o diretor. “Quando a coisa vira outra” est� dispon�vel desde a semana passada nos cat�logos de t�tulos sob demanda das plataformas Claro Net, Sky, Vivo TV e Oi TV. 

"A obra de Vladimir � extensa e importante, al�m de ser de vanguarda, sobretudo quando temos tantos assuntos que ele traz � tona, nas cria��es de document�rios e que geram v�rias linhas de debate", comenta Anna Karina, produtora do document�rio. 

Ela observa que Vladimir tem um olhar dos Brasis (express�o que ele mesmo usa no filme) e, paraibano, nunca viu "o Nordeste sair dele". "O filme mostra a amplitude dos assuntos e a abertura est�tica que o Vladimir tem, ao cercar um cinema da desigualdade", afirma Anna Karina. 

Cena do curta 'A bolandeira'
Cena de 'A bolandeira' (foto: Reprodu��o)


Um dos diretores mais influentes entre os documentaristas brasileiros, Vladimir Carvalho, 13 anos mais velho do que o irm�o Walter (fot�grafo de t�tulos como “Lavoura arcaica”), tem entre seus m�ritos contribuir para a forma��o est�tica do irm�o. "A fotografia de ‘Abril despeda�ado’ (assinada por Walter Carvalho, em 2001) tem, por exemplo, muito do curta ‘A bolandeira’ (feito em 1969 por Vladimir). Vladimir foi, em certa medida, um grande mentor na vida do irm�o. Vladimir � uma fonte do cinema autoral, pelos document�rios que v�o do rock �s artes pl�sticas", analisa Anna Karina.

REDESCOBERTA

Na opini�o do cineasta Marcio de Andrade, � preciso que o p�blico reveja a obra de Vladimir Carvalho "e redescubra o pa�s". "O que ele registrou de cultura popular! De ‘Os romeiros da guia’ (1962) a ‘Conterr�neos velhos de guerra’ (1991)... ‘Conterr�neos’ vem com parte da �pera do Wagner e h� ainda as tomadas a�reas!”, cita.


“As pessoas, infelizmente, seguem pegando comida do lixo (como mostrado no filme), e a desigualdade persiste e est� cada vez mais larga. Com nosso filme, quisemos mostrar o vigor da obra do Vladimir, que tratou, por exemplo, do universo de Cora Coralina (em ‘Vila Boa de Goya’z, de 1973)”, aponta o documentarista. 

“Ele tem uma obra que fala deste pa�s que estamos esquecendo. A gente est� querendo virar americano e europeu?! Esquecemos nossas riquezas culturais e intelectuais", comenta o diretor, que tem entre seus t�tulos precedentes “A mulher que falava coisas” (2007).

Outro filme de Marcio de Andrade, “Asfalto” (2015), "uma alegoria de Bras�lia", cutuca as mem�rias afetivas do cineasta, que, at� 2020, morou na capital federal. 

"Sou uma cria do Festival de Bras�lia, sentei muito no ch�o para ver filme", afirma. A edi��o do festival no ano de 2015 foi das mais especiais, uma vez que Walter e Vladimir Carvalho se viram homenageados. Tendo passado a inf�ncia e a adolesc�ncia em Bras�lia, aos 49 anos, p�s-graduado em cinema e trabalhando como jornalista, Vladimir come�ou a fotografar muito na cidade. 

"Ele abriu portas a muito custo na cidade, batalhando. O modo de produ��o dos filmes do Vladimir, que vem de um per�odo com recursos t�cnicos muito dif�ceis, � �poca da pel�cula, o obrigava a usar muito mais criatividade. O negativo (para captar o filme) era uma coisa cara, por exemplo", explica o diretor.

Muito antes de a pauta da desigualdade estar em voga, Vladimir j� acendia o alerta para o tema. "Ele mostra, num dos filmes, a constru��o de Bras�lia e como muitos oper�rios, vindos do Nordeste, foram levados a sair da cidade por causa de um fator da desigualdade. Isso � recorrente nos filmes do Vladimir", diz M�rcio. 

Para al�m da parceria e do companheirismo com Walter Carvalho, o filme se det�m em outras colabora��es profissionais de Vladimir e em seu papel de lapidar olhares de profissionais mais jovens que ele, como Jacques Cheuiche, diretor de fotografia de “C�cero Dias, o compadre de Picasso” (2016).

GENEROSIDADE

Visto como algu�m "muito generoso e acolhedor", Vladimir, a cada encontro para “Quando a coisa vira outra”, acentuou a admira��o de M�rcio. "Ele � muito ativo e parece um menino de 80 anos", diz. 

Uma grande dificuldade foi encontrar acervos preservados de seus filmes, com a Cinemateca Brasileira fechada durante a pandemia.

"Vladimir atravessa, com sua obra, os anos de 1970, 1980 e 2000 e traz a riqueza do Brasil. Deveria ter um material preservado com qualidade mai- or. Alcan�amos material no Centro T�cnico do Audiovisual (CTAv), do Rio de Janeiro, e na cinemateca do Museu de Arte Moderna. Na Funda��o Cinemem�ria, do diretor, havia material, mas em formatos diversificados, desde beta at� DVD", conta M�rcio de Andrade.

Com mais de 90 minutos, “Quando a coisa vira outra” tem um trecho especial feito em anima��o assinada por Fred Assun��o e Rodrigo Neiva. Envolvido com o longa desde 2017, o diretor conta que viveu o processo de ver o document�rio que idealizou se transformar em outro filme, no processo de realiza��o.
 
Cena do filme 'O engenho de Zé Lins'
Cena do filme 'O engenho de Z� Lins' (foto: Imovision/Divulga��o)

FILMOGRAFIA

Confira os principais t�tulos de Vladimir Carvalho

“Romeiros da guia” (curta-metragem, 1962, codirigido por Jo�o Ramiro Mello )
“A bolandeira” (curta, 1968)
“O pa�s de S�o Saru�” (1971)
“Incel�ncia para um trem de ferro” (m�dia-metragem, 1972)
“Vila Boa de Goyaz” (curta-metragem, 1974)
“Quilombo” (m�dia-metragem, 1975)
“Bras�lia segundo Feldman” (m�dia-metragem, 1979)
“O homem de areia” (1982)
“O evangelho segundo Teot�nio” (1984)
“Conterr�neos velhos de guerra” (1990)
“Ariano Suassuna em aula-espet�culo” (m�dia-metragem, 1997)
“Barra 68 – Sem perder a ternura” (2000)
“O engenho de Z� Lins” (2007)


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