
“1982”, filme que representou o L�bano no Oscar em 2020, est� em cartaz no UNA Cine Belas Artes. Autobiogr�fico, conta a experi�ncia do diretor liban�s estreante Oualid Mouaness durante o conflito entre seu pa�s e Israel. Sob a �tica de Wissam (Mohamad Dalli), de 11 anos, trata-se de um comovente relato sobre a viv�ncia da crian�a diante da guerra.
Fan�tico por desenho e rob�s gigantes, o menino manda cartas de amor para a colega Joanna (Gia Madi), que desconhece a identidade do admirador. Wissam passa o �ltimo dia do ano letivo tentando encontrar coragem para se declarar. Mas ela � mu�ulmana; ele crist�o. Os dois moram em regi�es diferentes daquela Beirute dividida por fronteiras religiosas.
Em 6 de junho de 1982, Israel invade o Sul do L�bano. Em meio � tens�o b�lica, funcion�rios de uma escola tentam desesperadamente contatar os pais dos alunos e garantir a seguran�a deles.
Estrelado pela atriz e cineasta Nadine Labaki (diretora de “Cafarnaum”, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019), “1982” ganhou 19 pr�mios, incluindo o Prix �crans Juniors, no Festival de Cannes, e o Netpac Award, no Festival Internacional de Toronto. Nadine vive Yesmine, a professora dos meninos.
"A experi�ncia interna de medo, amor, fam�lia e camaradagem existia em todos os lados daquele conflito. Tive muita sorte de estudar em uma escola diversa, onde, digamos, havia todas as 'pol�micas' que existiam no L�bano"
Oualid Mouaness, cineasta
FILME DE AMOR
Liban�s radicado no Brasil, o diretor de teatro Jorge Takla � produtor-executivo de “1982”. “Algumas pessoas at� falam que o filme � feito para as crian�as. Acho maravilhoso justamente este aspecto de poder mostrar um filme de amor, com a guerra ao fundo, para as crian�as entenderem que est�o em perigo”, diz.
“Guerra � algo que n�o tem vencedores, apenas perdedores. O L�bano sofreu muito. N�o cabe aqui, neste filme especialmente, julgar quem tem raz�o e quem � a v�tima”, comenta Takla, que passou a inf�ncia e adolesc�ncia no pa�s natal.
O diretor Oualid Mouaness conta que seu maior objetivo foi criar um filme com o qual todos pudessem se identificar. “A experi�ncia interna de medo, amor, fam�lia e camaradagem existia em todos os lados daquele conflito. Tive muita sorte de estudar em uma escola diversa, onde, digamos, havia todas as ‘pol�micas’ que existiam no L�bano. Esse contexto for�ava todos os lados a conversar e enxergar o outro.”
Mouaness conta que uma das primeiras exibi��es de “1982” ocorreu em Tiro, no Sul do L�bano. A rea��o do p�blico e as discuss�es que o filme suscitou lhe provaram que o longa dialogava com todos os libaneses que viveram o conflito.
“Foi recompensador quando vi que o filme n�o conversava apenas comigo, minha fam�lia e as pessoas que cresceram como eu no L�bano, mas com todos que cresceram em todos os lados”, explica.
GUERRA BRASILEIRA
Joana Henning, fundadora do Est�dio Escarlate, distribuidor do longa, contesta a tese do Brasil pac�fico, distante das guerras e da realidade exibida em “1982”.
“Algu�m me falou: 'Mas no Brasil n�o tem guerra'. Respondi: 'Ser�?”. Olhando para nossas microssitua��es, conseguimos entender que um pa�s de desigualdades como o nosso tem guerras o tempo todo. Guerras invis�veis”, afirma.
“1982” evoca a empatia. Seja em rela��o aos pais preocupados com o crescimento de seus filhos, seja em rela��o a crian�as descobrindo o mundo em meio � viol�ncia. � tamb�m um alerta sobre o impacto de conflitos armados sobre a humanidade.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria
“1982”
L�bano, 2019. De Oualid Mouaness. Com Nadine Labaki, Mohamad Dalli e Gia Madi. O menino Wissam se apaixona pela colega Joanna na escola, em Beirute. Israel invade o L�bano e professores lutam para entregar os alunos aos pais em seguran�a. Em cartaz na sala 3 do UNA Cine Belas Artes, �s 20h10.