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Estado de Minas CINEMA

Document�rio sobre a "Vaza jato" chega aos cinemas amanh�

"Amigo secreto", de Maria Augusta Ramos, que acompanha o trabalho de jornalistas no caso, ser� lan�ado nesta quinta-feira (16/6)


15/06/2022 04:00 - atualizado 15/06/2022 08:19

De terno e gravata escuros, sentado à mesa em sala de trabalho, o juiz Sergio Moro fala ao microfone
A atua��o do juiz Sergio Moro � frente da Opera��o Lava-Jato � um dos pontos abordados pelo filme, com imagens de arquivo. Filmagens dos desdobramentos se estenderam at� o in�cio deste ano (foto: Vitrine Filmes/Divulga��o)
No domingo 9 junho de 2019, o site The Intercept Brasil publicou a primeira reportagem com as conversas de 2016 em que o ent�o juiz Sergio Moro, via Telegram, orientava os procuradores da Opera��o Lava-Jato. As mensagens, obtidas de um hacker, dariam in�cio ao que se chamou ‘Vaza Jato’, uma intensa investiga��o jornal�stica que moveu n�o s� aquele, como quase todos os outros �rg�os de imprensa brasileiros.

Na �poca, a documentarista Maria Augusta Ramos, que em 2018 havia lan�ado o longa “O processo”, sobre o procedimento de impeachment da presidente Dilma Rousseff, j� estava em meio �s pesquisas para a realiza��o de seu pr�ximo document�rio, cujo tema seria a pr�pria Lava-Jato. 

“Meu interesse sempre foi em pensar a sociedade brasileira. O sistema de Justi�a � um interesse profundo meu, pois ele revela as rela��es sociais, as desigualdades, mazelas e os valores que movem a sociedade”, afirma ela, que anteriormente j� havia se debru�ado no funcionamento das varas criminais (“Justi�a”, de 2004) e no tratamento de adolescentes infratores em um tribunal carioca (“Ju�zo”, de 2007).

“Amigo secreto”, que chega nesta quinta (16/6) aos cinemas, � um document�rio sobre o Brasil de hoje, a partir da opera��o capitaneada pelo ex-juiz e ex-ministro Moro, sobre o Judici�rio brasileiro, mas, principalmente, sobre a atua��o da imprensa. Ao menos uma parte dela fez um mea-culpa sobre a forma como cobriu a Lava-Jato a partir dos vazamentos que resultaram na Vaza Jato. 

A c�mera de Maria Augusta, quem conhece seus filmes sabe, nunca tem um personagem falando diretamente para a lente. N�o h� tampouco entrevistas. O modus operandi aqui permanece o mesmo, ainda que, em alguns momentos, o espectador acompanhe entrevistas.

"Meu interesse sempre foi em pensar a sociedade brasileira. O sistema de Justi�a � um interesse meu profundo, pois ele revela as rela��es sociais, as desigualdades, mazelas e os valores que movem a sociedade"

Maria Augusta Ramos, documentarista



PROTAGONISTAS

Isto porque seus protagonistas s�o jornalistas: Leandro Demori, que era editor-executivo do Intercept Brasil, e Carla Jimenez, que ocupou o mesmo posto no El Pa�s Brasil at� dezembro de 2021, quando a empresa espanhola anunciou o fim de sua opera��o no pa�s.

“Eu n�o me sinto muito jornalista, sou cineasta, apesar do grande apre�o que tenho pelo jornalismo �tico e criterioso. Sempre digo que tenho que me apaixonar por meus personagens, que t�m que me inspirar”, afirma ela, que acompanhou os dois e outros jornalistas das duas reda��es ao longo do per�odo em que a investiga��o da imprensa foi realizada.

“N�o � um filme sobre a Vaza Jato, � uma releitura dos �ltimos anos. As mensagens (vazadas) s�o um gatilho para acompanhar a metodologia dos processos e de como os procuradores e o (juiz Sergio) Moro atuaram durante a opera��o”, diz a diretora.

Ela prossegue argumentando que “frequentemente os devidos processos legais n�o eram respeitados pela Lava-Jato e isso j� era algo que vinha sendo denunciado por v�rios advogados. A m�dia, infelizmente, n�o deu o espa�o que deveria ter dado. As reportagens da Vaza Jato foram fundamentais porque ali n�o havia como esconder. E os jornalistas fizeram um trabalho investigativo profundo para embasar as reportagens, n�o era s� usar simplesmente uma mensagem”.

Sua c�mera est� sempre pr�xima de seus personagens, seja em conversas na Reda��o, na casa dos pr�prios ou ent�o em meio a entrevistas. S�o advogados e juristas, principalmente, al�m de um delator da Lava-Jato, o ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar. No filme, ele fala sobre a press�o que sofreu da for�a-tarefa para envolver o nome de Lula em seu acordo de colabora��o.

De pé, fotografado de perfil, o jornalista Leandro Demori faz pergunta ao microfone em sala ocupada por outros jornalistas
O jornalista Leandro Demori, que era o editor-executivo do site %u201CThe Intercept Brasil%u201D, primeiro a revelar as mensagens, tem lugar de destaque no filme (foto: Vitrine Filmes/Divulga��o)

T�TULO 

“Amigo secreto” – o t�tulo � uma refer�ncia ao nome de um dos grupos do Telegram que foi alvo do vazamento – costura a trajet�ria dos seus personagens com imagens de arquivo e tamb�m com registros feitos de movimenta��es no pa�s, a partir da entrada de Jair Bolsonaro na Presid�ncia.

O filme � aberto com a grava��o do depoimento que Lula deu a Moro em 2017, em que fala sobre o tr�plex no Guaruj�. De l�, ele corta para 2019, com manifestantes a favor do ex-presidente fazendo sua vig�lia em frente � Superintend�ncia da Pol�cia Federal em Curitiba, onde o ex-mandat�rio ficou preso durante 580 dias.

A primeira hora do document�rio acompanha a Vaza Jato e vai at� a soltura de Lula. A segunda metade tem in�cio em 2020, quando a c�mera exibe um hospital de campanha montado em S�o Paulo no come�o da pandemia. A imagem se volta ent�o para o discurso da “gripezinha”. Em 24 de mar�o de 2020, em pronunciamento em cadeia de r�dio e TV, Bolsonaro afirmou: “Pelo meu hist�rico de atleta, caso fosse contaminado com o v�rus, n�o precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho”.

Outros momentos que ficaram c�lebres na atual gest�o – como a reuni�o ministerial de 22 de maio de 2020, em que o ent�o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles conclamou a passar “a boiada” e “mudar” as regras ambientais enquanto a m�dia estava voltada para a crise sanit�ria – tamb�m s�o recuperados no document�rio. O filme apresenta ainda imagens tanto de manifesta��es pr�-Bolsonaro quanto de protestos contra o atual presidente.

“A elei��o desta pessoa que hoje � presidente da Rep�blica � consequ�ncia do que aconteceu com a Lava-Jato. Houve a remo��o de um presidente, uma corrida presidencial, a criminaliza��o da classe pol�tica, a demoniza��o, de certa maneira, do sistema de justi�a, do STJ. O Bolsonaro � filho leg�timo da Lava-Jato. Infelizmente, todo o discurso anticonstru��o, antipol�tica e anti-institui��o dele v�m da Lava-Jato”, afirma Maria Augusta.

A documentarista rodou at� o in�cio deste ano. A narrativa termina com fatos recentes, como a declara��o, de 28 de abril, do Comit� de Direitos Humanos das Na��es Unidas, segundo a qual Lula foi v�tima de julgamento parcial. Outro dado que o filme apresenta � de 26 de maio, de pesquisa Datafolha, que coloca o petista � frente da corrida presidencial, com 48% das inten��es de voto.

Maria Augusta afirma que tanto ela quanto a Vitrine Filmes, que coproduziu “Amigo secreto”, queriam lan�ar o filme neste momento. “A gente acha fundamental que ele seja visto antes das elei��es.”

SESS�O COMENTADA
No pr�ximo dia 24, uma sexta-feira haver� sess�o comentada do document�rio “Amigo secreto”, no UNA Cine Belas Artes. A exibi��o est� marcada para as 18h30. Logo ap�s a proje��o, o jornalista Leandro Demori, um dos personagens do filme, vai conversar com a plateia. 

“AMIGO SECRETO”

(Brasil, 2022, de Maria Augusta Ramos) 128 min. Classifica��o: 14 anos. Estreia nesta quinta-feira (16/6) no Cineart Cidade (15h10 e 19h50), Cineart Ponteio (18h40) e UNA Cine Belas Artes (Sala 1;16h e 20h30)


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