
Em 1995, o jovem Andy ganhou de sua m�e um boneco do patrulheiro espacial Buzz Lightyear, protagonista de seu filme favorito. “Este � o filme”, anuncia o cartaz na abertura de “Lightyear”, novo filme da parceria Disney-Pixar que estreia nos cinemas brasileiros (ocupando um total de 1.400 salas) nesta quinta-feira (16/6). N�o se trata da origem do famoso personagem de “Toy story”, mas do longa-metragem que, teoricamente, inspirou o personagem.
As pessoas que (como eu) cresceram assistindo a “Toy story” e aos outros filmes da Pixar v�o pescar in�meras refer�ncias ao longo de seus 110 minutos de dura��o. Da primeira linha de di�logo do protagonista (que imita sua primeira fala no primeiro “Toy story”) � movimenta��o de c�mera que revela Buzz em seu traje de patrulheiro espacial, o filme � cheio de alus�es � mitologia constru�da ao longo de 27 anos e quatro longas. Todas as frases de efeito est�o presentes (incluindo, claro, “Ao infinito e al�m”).
Buzz, que na vers�o original tem a voz do ator Chris Evans (o Capit�o Am�rica dos filmes da Marvel), come�a o filme do mesmo modo que come�a “Toy story”, ou seja, como um patrulheiro espacial teimoso e cabe�a-dura, que prioriza suas miss�es e deveres em detrimento de suas rela��es pessoais. Seu crescimento como personagem � o ponto mais interessante do filme.
AVENTURA
A Pixar � famosa por priorizar jornadas de desenvolvimento pessoal de seus personagens e aqui n�o � diferente: Buzz � o foco do filme. A aventura come�a em um planeta desconhecido, a alguns milh�es de anos-luz da Terra.
Os patrulheiros espaciais Buzz Lightyear e Alisha Hawthorne, sua melhor amiga, guiam uma equipe de exploradores espaciais. Hawthorne � uma mulher negra e integrante da comunidade LGBTQUIA+, que ganha muito destaque e um arco emocionante (o momento mais tocante do filme, digno de rios de l�grimas, se d� no fim de seu arco).
O planeta � hostil e traz problemas para os dois patrulheiros, que s�o incapazes de deix�-lo e ficam presos junto com sua equipe. Sendo a sociedade tecnologicamente avan�ada que s�o, decidem arrumar um modo de sair do corpo celeste, medida que requer o melhor piloto do universo para ser atingida (Buzz, � claro). Ele deve usar sua nave para dar uma volta no Sol e testar se o combust�vel � est�vel o suficiente quando atinge a velocidade da luz.
Agora � hora de algumas complica��es f�sicas: quanto mais r�pido Buzz viaja, mais lento o tempo passa, de modo que, quando retorna para o planeta, anos se passam (n�o questione, s�o apenas implica��es da relatividade geral).
A miss�o falha e o combust�vel se mostra extremamente inst�vel, mas, sendo teimoso do jeito que �, Buzz realiza in�meras tentativas. Quando, por fim, consegue atingir seu objetivo, dezenas de anos se passaram nos poucos dias em que Buzz levou para cumprir sua miss�o.
A miss�o falha e o combust�vel se mostra extremamente inst�vel, mas, sendo teimoso do jeito que �, Buzz realiza in�meras tentativas. Quando, por fim, consegue atingir seu objetivo, dezenas de anos se passaram nos poucos dias em que Buzz levou para cumprir sua miss�o.
Voc� pode estar se perguntando: mas esse n�o � um filme para crian�as? De onde vem essa hist�ria de “combust�vel” e “dilata��o temporal”?. “Lightyear”, ao mesmo tempo em que � um filme infantil, de grande apelo visual, com piadas infantis e f�ceis de entender, tamb�m � um filme voltado para os f�s que cresceram com “Toy story”, que neste 2022 j� est�o pra l� de seus 20, 30 anos.
Esta � uma das quest�es: o p�blico adulto pode se incomodar com o teor de algumas piadas, enquanto as crian�as n�o v�o conseguir entender algumas partes importantes.
Quando retorna ao planeta com a miss�o cumprida, Buzz encontra apenas complica��es: sua equipe (que agora reside em uma cidade projetada e isolada dos perigos externos) foi atacada por um desconhecido e terr�vel inimigo: o Imperador Zurg.
Desde que Zurg apareceu pela primeira vez na cena de abertura de “Toy story 2”, uma nuvem de mist�rio cerca o personagem. Apresentado como o arqui-inimigo de Buzz, pouco se sabe sobre sua origem, suas motiva��es e sua identidade (al�m, � claro, da piada � la Darth Vader no final de “Toy story 2”, que poderia bem ter sido explorada neste filme).
MIST�RIO
Aqui, n�o � diferente: Zurg se mant�m misterioso por boa parte do filme. Por melhores que sejam as inten��es de guardar a revela��o de sua identidade para o cl�max, o personagem � subaproveitado e tem pouco destaque. O grande momento de revela��o � mal constru�do e parece jogado �s pressas.
Para libertar seus companheiros de Zurg e deixar o planeta, Buzz se alia a uma improv�vel tropa de recrutas desajustados (os �nicos que n�o foram capturados) e deve lider�-los e ensin�-los a trabalhar em equipe.
O destaque dos tr�s membros do grupo vai para Izzy Hawthorne, neta da velha amiga de Buzz. Outro surpreendente coadjuvante dessa aventura � Sox, o carism�tico gato rob� companheiro de Buzz, que entrega as melhores piadas do longa.
O destaque dos tr�s membros do grupo vai para Izzy Hawthorne, neta da velha amiga de Buzz. Outro surpreendente coadjuvante dessa aventura � Sox, o carism�tico gato rob� companheiro de Buzz, que entrega as melhores piadas do longa.
A dublagem em portugu�s do filme n�o decepciona. Apesar de perdermos a chance de escutar o Capit�o Am�rica exclamando “to infinity and beyond!”, Marcos Mion (Buzz), C�sar Marchetti (Sox), Flora Paulita (Izzy), Henrique Reis e L�cia Helena fazem um �timo trabalho e conseguem, inclusive, acrescentar algumas g�rias populares nos di�logos.
“Lightyear” � complicado: como qualquer filme da Pixar, emociona, faz chorar e nos traz um excelente desenvolvimento de personagens; contudo, parece ser executado no piloto autom�tico.
Os que cresceram com os cl�ssicos do est�dio, como o pr�prio “Toy story”, “Procurando Nemo”, “Os Incr�veis” e “Up”, v�o sentir falta daquele deslumbramento e da sensa��o de “infinito e al�m” que os filmes tinham.
Os que cresceram com os cl�ssicos do est�dio, como o pr�prio “Toy story”, “Procurando Nemo”, “Os Incr�veis” e “Up”, v�o sentir falta daquele deslumbramento e da sensa��o de “infinito e al�m” que os filmes tinham.
“LIGHTYEAR”
(EUA, 2022, 110min) De Angus MacLane. Anima��o. Dublado em portugu�s por Marcos Mion, C�sar Marchetti, Flora Paulita, Henrique Reis e L�cia Helena. Estreia nesta quinta-feira (16/6) em salas das redes Cineart, Cinemark, Cin�polis e Cinesercla
* Estagi�rio sob supervis�o da editora Silvana Arantes