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Estado de Minas M�SICA

Saiba como vai ser o I Love Jazz, com shows gratuitos na Pra�a do Papa

Festival internacional dedicado ao g�nero ser� realizado neste s�bado (25/6) e domingo (26/6) em BH. Atra��es se revezam no palco a partir das 16h


25/06/2022 04:00 - atualizado 25/06/2022 07:44

De camisa preta, sentado ao piano, Christiano Calda olha para baixo
Christiano Caldas, que se apresenta amanh�, montou repert�rio exclusivo para o festival s� com m�sicas dos anos 1920, tema desta edi��o (foto: Thiago Nazareth/ Divulga��o )

Realizado desde 2009, o festival I Love Jazz, que chega � sua 12ª edi��o neste fim de semana, acompanhou um not�vel desenvolvimento do cen�rio da m�sica instrumental em Belo Horizonte e em Minas Gerais. 

Ao mesmo tempo em que � um reflexo dessa expans�o – quantitativa e qualitativa –, tornou-se tamb�m mais uma frente local de est�mulo e propuls�o do g�nero, surgido entre o final do s�culo 19 e o in�cio do s�culo 20, em New Orleans – per�odo que, ali�s, � o foco desta retomada do I Love Jazz, ap�s dois anos de pausa devido � pandemia.

Com uma programa��o que mescla artistas mineiros, de outros estados do Brasil e de outros pa�ses, o festival � hoje uma refer�ncia no cen�rio local do jazz e da m�sica instrumental. Para o violonista e compositor Juarez Moreira, atra��o deste s�bado (25/6) – juntamente com os grupos Fizz Jazz, Dave Mackenzie Quintet e a anfitri� Happy Feet Jazz Band –, o evento tem uma import�ncia crucial para a cena mineira.

“O I Love Jazz, ao lado de eventos como o Pr�mio BDMG Instrumental e o Savassi Festival, � um pilar de sustenta��o. Se o pessoal costumava dizer que aqui em Belo Horizonte n�o acontecia nada, isso caiu por terra h� muito tempo. � o contr�rio, hoje acontecem grandes projetos, a ponto de colegas meus de fora ligarem se convidando para vir tocar aqui”, diz.

De calça e camisa pretas, sentado num banquinho com seu violão, Juarez Moreira ergue a mão direita
No show de hoje, o violonista Juarez Moreira tocar� m�sicas como "Summertime", "A foggy day", "Lamento", "Carinhoso", "Brejeiro" e "Odeon" (foto: Elcio Para�so/Divulga��o )

Mudan�a de status 

Juarez Moreira considera que mesmo o status da m�sica instrumental mudou com o passar dos anos. “Quando comecei, existia aquela pecha de que essa linguagem n�o emplacava. Hoje posso olhar para tr�s e ver que o g�nero n�o s� resistiu, como ampliou seu raio, foi incorporado pelas novas gera��es. Belo Horizonte tem atualmente uma cena de jovens m�sicos muito talentosos. Isso ajuda a fomentar”, afirma.

Quando fala em cena instrumental, o violonista se refere tamb�m � m�sica erudita e aos grupos de choro, chamando a aten��o para o fato de que tanto em uma esfera quanto na outra, Minas Gerais se mostra uma pot�ncia. 

“Veja quantas orquestras a gente tem em atividade no estado hoje. E temos tamb�m v�rios grupos de choro e de samba de excelente qualidade, com uma garotada que, na verdade, j� s�o grandes m�sicos, muito qualificados”, observa.

Ele credita o fortalecimento da cena instrumental, em grande medida, ao fato de as universidades p�blicas da capital terem aberto espa�o para a m�sica popular em suas grades curriculares. “Ter a m�sica popular no �mbito da academia � uma grande conquista de Minas Gerais”, diz.
 
Marcelo Costa, coordenador do I Love Jazz, participa do Podcast Divirta-se

Papel de fomentador 

O produtor e tecladista Christiano Caldas, que se apresenta no I Love Jazz amanh� – quando tamb�m sobem ao palco a Jazz Band Ball, Ricky Riccardi e Heather Thorn and Vivacity –, faz coro com Juarez e diz entender o evento como um reflexo do que se v� no atual panorama e tamb�m um importante fomentador de tais express�es musicais.

Ele observa que a m�sica instrumental e a MPB que remonta ao s�culo passado representam, hoje, nichos � margem do mainstream. “Eventos como o I Love Jazz s�o muito importantes n�o s� para fomentar a cultura e tudo o que gira em torno – o pessoal do som, da luz, da filmagem, quem fornece alimento, bebida –, mas tamb�m para oferecer ao p�blico um tipo de arte que n�o � massiva, que n�o est� na grande m�dia”, aponta.

Christiano diz que j� perdeu as contas de quantas vezes se apresentou no I Love Jazz, mas sempre como m�sico acompanhante – esta ser� sua primeira vez como protagonista. A impress�o que sempre guardou � a de um festival muito bem pensado e organizado, desde o local onde � realizado – na Pra�a do Papa – at� a sele��o de grupos e artistas que comp�em a programa��o.
 
“Eu conhe�o h� bastante tempo e tenho o maior respeito. Quem n�o conhece, se surpreende. � muito importante a gente estar cada vez mais oferecendo isso para as pessoas. � preciso diversificar a cultura e a arte, n�o d� para ficar em um s� segmento massificado”, pontua. Ele ressalta que a m�sica instrumental e a MPB t�m uma longa tradi��o em Minas Gerais.

Para o m�sico, Belo Horizonte sempre foi um grande celeiro de instrumentistas, desde antes do surgimento do Clube da Esquina. “Temos essa tradi��o das harmonias, por exemplo, que � algo bem marcante da nossa cultura musical. E � uma tradi��o que n�o para de se renovar, porque tem sempre uma nova gera��o chegando, com a refer�ncia dos antecessores e, ao mesmo tempo, com o frescor da contemporaneidade”, ressalta.

“A m�sica abole essa coisa de �poca e de idade. Vejo artistas de duas gera��es atr�s em plena atividade com artistas da gera��o atual; n�o h� barreira de ideias, de estilos, de nada, � s� a paix�o pela m�sica aproximando as pessoas. � fant�stico isso, e � uma coisa muito caracter�stica nossa, compartilhar a m�sica e valorizar o que se faz aqui, principalmente nessa seara do instrumental”, acrescenta.
 
Conhe�a o grupo BeHoppers, que vai ensinar a dan�a lindy hop durante o I Love Jazz:
 
 

Repert�rio exclusivo 

Acompanhado por Felipe Continentino (bateria), Pablo Souza (baixo) e Magno Alexandre (guitarra), Christiano Caldas vai fazer show pensado especialmente para o I Love Jazz. Ele diz que est� com a apresenta��o de lan�amento de seu primeiro �lbum pr�prio, “Afinidades”, que veio � luz no ano passado, engatilhada, e que sua inten��o, num primeiro momento, era aproveitar o I Love Jazz para lev�-la a p�blico.

Mas o convite do organizador do festival – o produtor e trompetista Marcelo Costa, integrante da Happy Feet Jazz Band – veio acompanhado do pedido para que houvesse um alinhamento com o tema desta edi��o, que � “Os anos 20 est�o de volta”. 

“Fiz uma pesquisa e montei um repert�rio todo referente � d�cada de 1920, com o jazz tradicional norte-americano e tamb�m coisas brasileiras, s� que com uma outra roupagem”, conta Christiano.

Ele diz que buscou temas que eram tocados nos anos 1920, de Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga, e conferiu a eles um sotaque do jazz que remonta � New Orleans do in�cio do s�culo passado. 

“� um show exclusivo para o festival. As pessoas v�o se surpreender com as m�sicas, porque tem essa coisa do flerte com o chorinho, com a modinha brasileira, s� que com essa outra roupagem, que acho que ficou muito boa”, salienta.

Di�logo com o tema 

Juarez Moreira, que j� integrou a programa��o de duas outras edi��es pregressas do I Love Jazz, vai mais ou menos pelo mesmo caminho em sua apresenta��o de logo mais, mesclando temas tradicionais do jazz com m�sicas brasileiras rearranjadas de forma a estabelecer um di�logo com o tema desta edi��o. 

O repert�rio, ele adianta, contempla m�sicas como “Summertime” e “A foggy day”, de Gershwin; “Lamento” e “Carinhoso”, de Pixinguinha; “Brejeiro” e “Odeon”, de Ernesto Nazareth; um tema franc�s dos anos 1920 intitulado “Un peu d’amour”; uma composi��o de Django Reinhardt e uma autoral.

“Quando o Marcelo falou que queria um olhar para os anos 1920, comecei a pensar como as coisas se interseccionam. O choro e o jazz n�o est�o t�o distantes assim, t�m pontos musicais e ideias que se tocam, se mesclam. Eu mesmo tenho uma composi��o autoral que se chama ‘Chora jazz’, que presta homenagem a Charlie Parker e Paulinho da Viola”, diz o m�sico, que estar� no palco acompanhado por Andr� “Lim�o” Queir�z (bateria) e Kiko Mitre (baixo).

De pé, na sala de sua casa, o pianista Ricky Riccardi exibe vinil de Louis Armstrong
Guardi�o do legado do lend�rio trompetista, cantor e compositor, Ricky Riccardi � uma das atra��es internacionais desta edi��o do I Love Jazz (foto: Adriana Carrillo/Divulga��o )

SOB A �GIDE DE LOUIS ARMSTRONG

Atra��o de amanh� na programa��o do I Love Jazz, o norte-americano Ricky Riccardi � diretor do Louis Armstrong House Museum, no Queens, em Nova York. � tamb�m autor dos livros “What a wonderful word: The magic of Louis Armstrong’s later years” e “Heart full of rhythm: The big band years of Louis Armstrong” – eleito melhor livro de 2020 pela revista Jazz Times.

Ele pr�prio admite que, eventualmente, � mais reconhecido por seu trabalho em torno da vida e da obra de Armstrong do que como m�sico. “N�o sou realmente muito conhecido como pianista – j� fiz muitos shows ao longo dos anos e j� toquei em locais bem conhecidos em Nova York e New Orleans, mas esta ser� a primeira vez que conduzo, como pianista, uma banda num grande festival de jazz”, aponta.

Essa condu��o ser� um tanto ou quanto intuitiva, j� que ele estar� acompanhado pelo baixista Gregory Zabel (que tamb�m integra a forma��o de Heather Thorn and Vivacity, outra atra��o da programa��o de amanh�) e do baterista Bo Hilbert (da Happy Feet Jazz Band) – dois m�sicos que nem sequer conhecia. “Mas essa � a magia do jazz; vamos nos juntar e, se estivermos em sintonia, soar� como se estiv�ssemos tocando juntos h� anos”, afirma.

D�cada de 1920 

Riccardi diz que preparou um repert�rio que segue � risca o tema desta edi��o do festival, composto exclusivamente por temas da d�cada de 1920 que s�o de sua predile��o, como “Royal garden blues”, “Dinah” e “Old fashioned love”. “Sou um pianista da velha-guarda, e espero que a multid�o responda – e dance – ao meu estilo”, diz.

Ele situa que seu “amor” por Louis Armstrong vem desde 1995, quando o viu atuar em “The Glenn Miller story” – filme biogr�fico de 1953 que, no Brasil, ganhou o t�tulo “M�sica e l�grimas”. Riccardi conta que tinha apenas 15 anos, mas que, naquele momento, ficou apaixonado por tudo o que dissesse respeito a Armstrong. Quando come�ou a ler mais sobre o m�sico, se deparou com narrativas que acusavam um decl�nio em sua carreira ao longo dos anos.

“Diziam que ele s� era grande quando jovem e acabou por esgotar-se, ir para a publicidade e coisas do tipo. Nunca acreditei nisso e penso que Armstrong continuava a ser um g�nio, que se manteve fiel aos seus valores musicais em cada d�cada de sua carreira. Isso me alimentou no sentido de come�ar a investigar sua vida, numa tentativa de corrigir todas as informa��es falsas que eu tinha lido sobre ele. O resultado foram os dois livros que lancei. Estou trabalhando em um terceiro agora mesmo, al�m de ter coproduzido cerca de uma d�zia de grandes reedi��es de Armstrong na �ltima d�cada”, afirma. 

12º I LOVE JAZZ

Confira a programa��o dos dois dias do evento gratuito, na Pra�a do Papa

S�bado (25/6)
15h – Aula de lindy hop com os BeHoppers
16h – Fizz Jazz
17h30 – Juarez Moreira
19h – Dave Mackenzie Quintet
20h30 – Happy Feet Big Band

Domingo (26/6)
15h – Aula de lindy hop com os BeHoppers
16h – Jazz Band Ball
17h30 – Christiano Caldas
19h – Ricky Riccardi
20h30 – Heather Thorn and Vivacity


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