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Estado de Minas MEM�RIA

Instituto criado em MG por Sergio Paulo Rouanet vai manter o legado dele

Fil�sofo idealizador da lei de patroc�nio cultural e a mulher, Barbara Freitag, levaram para casar�o em Tiradentes acervo com 15 mil livros


04/07/2022 04:00 - atualizado 04/07/2022 02:13

Foto mostra Sergio Paulo Rouanet, sentado na poltrona, fazendo gesto enfático com as mãos ao conversar com interlocutor
Diplomata, ensa�sta, fil�sofo e professor universit�rio, Sergio Paulo Rouanet se destacou como tradutor da obra do alem�o Walter Benjamin no Brasil (foto: Carlos Moura/CB Press/6/11/01)

O ex-ministro da Cultura Sergio Paulo Rouanet morreu ontem, no Rio de Janeiro, aos 88 anos, em decorr�ncia de problemas ligados ao mal de Parkinson. Autor da lei de patroc�nio cultural, ele criou o Instituto Rouanet em parceria com a mulher, a soci�loga Barbara Freitag.
 
De acordo com o site oficial da institui��o, o acervo de 15 mil livros do casal est� reunido em um casar�o do s�culo 18 na cidade hist�rica de Tiradentes, em Minas Gerais.

A morte foi comunicada pelo Instituto, que destacou, em nota, que o Parkinson n�o impediu Rouanet de lutar “em defesa da cultura, da liberdade de express�o, da raz�o e dos direitos humanos.” A entidade promete “ampliar seu grande legado para futuras gera��es”.
 
 
Sentado no sófá, o casal Sergio Paulo Rouanet e Barbara Freitag olha para a câmera
Sergio Paulo Rouanet e Barbara Freitag montaram centro cultural sem fins lucrativos em Tiradentes (foto: Adriana Ruanet/divulga��o)


Sergio Paulo Rouanet era diplomata de carreira desde os anos 1950. Foi embaixador na Dinamarca, c�nsul-geral em Zurique, na Su��a, e ocupou postos na Organiza��o das Na��es Unidas, entre outras fun��es ligadas ao Itamaraty.

Secret�rio de Cultura no governo Fernando Collor de Melo, criou a lei federal batizada com seu nome em 1991. Ela permite que pessoas f�sicas e jur�dicas direcionem parte dos recursos destinados ao Imposto de Renda ao financiamento de projetos art�sticos e culturais.

"� com muito pesar e muita tristeza que informamos o falecimento do embaixador e intelectual Sergio Paulo Rouanet, hoje pela manh� do dia 3 de julho. Rouanet batalhava contra o Parkinson, mas se dedicou at� o final da vida � defesa da cultura, da liberdade de express�o, da raz�o, e dos direitos humanos. O Instituto carregar� e ampliar� seu grande legado para futuras gera��es"

Nota do Instituto Rouanet


O intelectual f� de Kant e Zeca Pagodinho

O fil�sofo e ensa�sta ocupava a cadeira nº 13 da Academia Brasileira de Letras (ABL). O poeta Marco Lucchesi, ex-presidente da entidade, afirmou que o colega foi um dos pensadores mais importantes do pa�s.

“Homem de m�ltiplos talentos, era um grande fil�sofo, um grande ensa�sta, atento �s quest�es da cultura, da pol�tica, da po�tica, atento ao di�logo entre os povos. Podia voar tranquilamente de Kant a Zeca Pagodinho, por exemplo, de cujas m�sicas gostava”, disse Lucchesi � Ag�ncia Brasil.

O poeta chamou a aten��o para a sensibilidade musical do fil�sofo, pouco lembrada dentro de sua vasta obra.

“Ele gostava da �pera de Mozart, de m�sica popular brasileira. Uma figura, sob qualquer aspecto, admir�vel, n�o s� sob o ponto de vista intelectual, stricto sensu, mas da grande humanidade”, observou Lucchesi, destacando os estudos iluministas de Rouanet, “que contribu�ram para ampliar o alcance da filosofia no Brasil.”

“S�rgio Rouanet � exemplo de intelectual p�blico, que colocou sua compet�ncia a servi�o da cultura brasileira, sem abdicar dos valores �ticos”, afirmou o jornalista Merval Pereira, presidente da ABL.

Rouanet traduziu obra de Walter Benjamin no Brasil

Nascido no Rio de Janeiro, em 23 de fevereiro de 1934, Sergio Paulo Rouanet foi professor universit�rio e se destacou como tradutor das obras do pensador alem�o Walter Benjamin no Brasil. Doutorou-se em ci�ncias pol�ticas e medicina.

Escreveu os livros “As raz�es do iluminismo” (1987), “O espectador noturno” (1988), “Mal-estar na modernidade” (1993), “Os dez amigos de Freud” (2003) e “Riso e melancolia” (2007), editados pela Companhia das Letras.

Andr� Botelho, presidente da Associa��o Nacional de P�s-Gradua��o e Pesquisa em Ci�ncias Sociais (Anpocs), disse que Rouanet “deixa importante legado intelectual para as ci�ncias sociais, al�m de um legado p�blico, inclu�do o campo das pol�ticas culturais”.

Lei Rouanet na mira de Bolsonaro

Desde 2019, a Lei Rouanet sofreu altera��es, o que gerou cr�ticas de artistas e produtores culturais ao governo Jair Bolsonaro (PL). Em uma delas, o presidente oficializou Instru��o Normativa (IN) prevendo a redu��o de 50% do teto de recursos e a limita��o para aluguel de teatros.

Cach�s art�sticos tamb�m foram impactados pela mudan�a. O limite para pagamento com recursos da lei passou a ser de R$ 3 mil por apresenta��o, para artista ou modelo solo. Anteriormente, o cach� individual podia chegar a R$ 45 mil.

A atriz Luc�lia Santos prestou condol�ncias � fam�lia de Rouanet e acusou o governo Bolsonaro de “demonizar” a lei que leva o nome do fil�sofo.

Organizadora da 26ª Bienal Internacional do Livro de S�o Paulo, aberta no �ltimo s�bado (2/7), a C�mara Brasileira do Livro divulgou nota sobre a morte do escritor, ensa�sta e ex-ministro, elogiando o papel de destaque desempenhado por ele na valoriza��o e no desenvolvimento da cultura no pa�s. 


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