(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ARTES VISUAIS

Recorte da 34� Bienal de S�o Paulo chega a Belo Horizonte amanh�

Obras de 18 artistas ocupar�o todas as galerias do Pal�cio das Artes, divididas em tr�s eixos tem�ticos, a partir desta quarta-feira (6/7)


05/07/2022 04:00 - atualizado 04/07/2022 22:46

mapa-múndi estilizado em exposição na Bienal.; Trabalho de Arjan Martins
Arjan Martins � um dos artistas com obra exposta no recorte da Bienal em BH, de amanh� at� setembro (foto: Reprodu��o)

"Al�m desse foco na arte ind�gena contempor�nea, temos uma representa��o marcante em di�logo com o enunciado em torno de Frederick Douglass, com v�rios artistas afrodescendentes trabalhando a quest�o da di�spora negra"

Jos� Olympio da Veiga Pereira, presidente da Funda��o Bienal


A exposi��o itinerante da “34ª Bienal de S�o Paulo – Faz escuro mas eu canto” chega a Belo Horizonte nesta quarta-feira (6/7). A mostra vai ocupar todas as galerias do Pal�cio das Artes – Grande Galeria Alberto de Veiga Guignard, Galeria Genesco Murta, Galeria Arlinda Corr�a Lima, PQNA Galeria Pedro Moraleida e Espa�o Mari’Stella Trist�o – at� 25 de setembro pr�ximo, com entrada gratuita.

Os recortes da Bienal que neste ano est�o circulando por oito cidades brasileiras e tamb�m Santiago, no Chile, foram estruturados em torno de eixos tem�ticos – ou enunciados, como preferem os curadores. Em Belo Horizonte, s�o tr�s: “O sino de Ouro Preto”, “Os retratos de Frederick Douglass” e “A ronda da morte de H�lio Oiticica”.

Esses eixos abarcam obras dos artistas Ana Adamovic, Andrea Fraser, Anna-Bella Papp, Arjan Martins, Clara Ianni, Daiara Tukano, Daniel de Paula, Eleonore Koch, Jaider Esbell, Lothar Baumgarten, Lydia Ourahmane, Neo Muyanga, Nina Beier, Noa Eshkol, Paulo Kapela, Regina Silveira, Sebasti�n Calfuqueo e Tony Cokes.

T�tulo da Bienal

Presidente da Funda��o Bienal, Jos� Olympio da Veiga Pereira explica que os enunciados – que agrupam obras e artistas – foram pensados pela equipe curatorial, chefiada por Jacopo Crivelli Visconti, a partir do pr�prio t�tulo desta edi��o, “Faz escuro mas eu canto”, extra�do do poema “Madrugada camponesa”, do amazonense Thiago de Mello.

“Foi uma proposta dos curadores, em vez de um tema, trabalhar com um t�tulo, que achei extremamente feliz, porque retrata um momento dif�cil que estamos passando, no Brasil e no mundo, mas d� um caminho de esperan�a”, diz, apontando que esta 34ª Bienal teve momentos escuros e momentos de canto.

Ele destaca que, pensando nessa din�mica, a equipe curatorial concebeu os eixos tem�ticos. “Esses enunciados nada mais s�o do que objetos, fotos ou coisas que n�o s�o obras de arte, mas t�m uma forte simbologia ou uma representa��o importante. A partir deles, criaram-se os di�logos de trabalhos de arte”, diz.

Obras em di�logo

Pereira explica que boa parte das obras que integraram a mostra em S�o Paulo e que agora circulam nas exposi��es itinerantes j� existiam e foram selecionadas pelos curadores. “Toda a montagem curatorial foi feita a partir dos enunciados, buscando as obras que com eles dialogavam, pensando nos momentos de escuro e de canto. N�o foi dito ao artista que sua obra deveria orbitar um eixo tem�tico. As obras do Paulo Kapela, da Deana Lawson ou do Neo Muyganga, por exemplo, j� estabeleciam naturalmente conex�o com os retratos de Frederick Douglass”, pontua.

Ele n�o hesita em dizer que os tr�s grupos tem�ticos que chegam a Belo Horizonte t�m um fundamento pol�tico. “Em ‘A ronda da morte’ isso � evidente. “O sino de Ouro Preto” tamb�m tem essa conota��o, na medida em que representa a busca pela liberdade. E os retratos de Frederick Douglass tamb�m, porque se constituem num elemento de afirma��o do afrodescendente do s�culo 19; s�o um manifesto pol�tico sobre a dignidade dessa popula��o”, ressalta.

A principal marca distintiva da 34ª Bienal de S�o Paulo foi a diversidade, com especial aten��o para a arte ind�gena, segundo Pereira. Ele considera que dar exposi��o a obras que emergem das mais diversas etnias foi a principal contribui��o desta edi��o.

“Tomou-se conhecimento de que existe esse movimento da arte ind�gena contempor�nea, algo que j� vinha acontecendo h� algum tempo, mas que permanecia relativamente desconhecido”, diz.

Público confere trabalhos de Jaider Esbell exibidos na Bienal de são paulo
A obra do artista ind�gena Jaider Esbell, morto em novembro no ano passado, � qpontada pelo presidente da Funda��o Bienal como o destaque desta edi��o (foto: Natt Fejfar / divulga��o)

Jaider Esbell

Ele considera Jaider Esbell o grande astro desta edi��o. O artista macuxi morreu em novembro do ano passado, com a mostra ainda em curso na capital paulista. O presidente da Funda��o Bienal chama a aten��o para a presen�a de artistas ind�genas tamb�m de outros pa�ses, como o colombiano Abel Rodr�guez e a norte-americana Jaune Quick-to-See Smith.

“Al�m desse foco na arte ind�gena contempor�nea, temos uma representa��o marcante em di�logo com o enunciado em torno de Frederick Douglass, com v�rios artistas afrodescendentes trabalhando a quest�o da di�spora negra. Acho que essa Bienal se distinguiu, em primeiro lugar, pela presen�a marcante da arte ind�gena, e em segundo, por uma diversidade grande que ela criou com seu grupo de artistas”, afirma.

Ele diz que, desde os trabalhos iniciais de concep��o da 34ª edi��o, ter essa representatividade era o objetivo, e os curadores estavam sens�veis a essa quest�o. “Foi um casamento de ideias e de objetivos entre a administra��o da Bienal e a equipe curatorial.”

Mudan�a de planos

O plano inicial era que essa 34ª edi��o fosse realizada em 2020, o que acabou n�o ocorrendo da forma imaginada devido � pandemia. Duas mostras individuais – uma grande instala��o da peruana Ximena Garrido-Lecca e uma performance de Neo Muyganga – chegaram a p�blico em fevereiro daquele ano, como uma esp�cie de abre-alas da Bienal. Outras duas estavam previstas para os meses de abril e junho, mas tiveram que ser canceladas.

Pereira recorda que, no in�cio, os organizadores da Bienal acreditavam que a pandemia seria menos duradoura. “Num primeiro momento, t�nhamos adiado de setembro para outubro, s� que, em julho, j� estava claro que ia durar mais, da� adiamos por um ano. Mas transformamos esse lim�o numa limonada; usamos esse adiamento para incrementar nossas atividades on-line”, diz.

Veiga Pereira destaca que, originalmente, a ideia � que a 34ª Bienal se estendesse no tempo e no espa�o, e que essa dilata��o for�ada dos prazos acabou se mostrando ben�fica. “Nunca antes uma Bienal foi t�o discutida, nunca se teve tanto acesso a textos, conte�dos, visitas a ateli�s quanto agora. Isso tudo foi feito de forma on-line durante esse per�odo.”

Redes sociais

Ele ressalta que a Funda��o Bienal tamb�m conseguiu incrementar enormemente a atividade nas redes sociais. “No in�cio de 2019, t�nhamos 80 mil seguidores no Instagram, e passamos, hoje, para mais de 400 mil. Criamos um programa de gera��o de conte�do n�o apenas sobre a Bienal, porque a Funda��o quer se colocar como um centro de divulga��o de arte no Brasil e no exterior. Usamos essa extens�o de tempo para oferecer mais conte�do. Eu diria que, no contexto da dificuldade, a Funda��o Bienal conseguiu tirar partido dela”, aponta.

O programa de mostras itinerantes da Bienal de S�o Paulo � uma iniciativa que chega em 2022 � sua sexta edi��o. A itiner�ncia da 33ª Bienal, em 2019, percorreu oito cidades, sendo uma no exterior, e recebeu um p�blico de mais de 170 mil visitantes.

Este ano, al�m de S�o Lu�s (MA), Campinas (SP), S�o Jos� do Rio Preto (SP), Campos do Jord�o (SP) e Belo Horizonte (BH), outras cidades brasileiras e do exterior est�o previstas para receber recortes da 34ª Bienal: Bras�lia (DF), Bel�m (PA), Fortaleza (CE) e Santiago (Chile).
 
 
nove placas metálicas com furos; Trabalho de Clara Ianni na 34ª Bienal de São Paulo
Trabalho de Clara Ianni selecionado pela 34� Bienal de S�o Paulo, cujo tema � "Faz escuro mas eu canto" (foto: 34� Bienal de S�o Paulo / divulga��o)

TRINCA DE ASSUNTOS

Confira os eixos tem�ticos que a 34ª Bienal de S�o Paulo traz a Belo Horizonte

“O sino de Ouro Preto”

A Capela Nossa Senhora do Ros�rio dos Homens Brancos, mais conhecida como Capela do Padre Faria, � uma pequena igreja localizada em Ouro Preto (MG), cujo campan�rio carrega um sino de bronze fundido na Alemanha, em 1750. Conta-se que, em 21 de abril de 1792, esse sino foi o �nico da col�nia a ecoar, em aberta desobedi�ncia � ordem oficial que proibia homenagens ao inimigo da Coroa, um toque de lamento pela execu��o de Tiradentes, �nico participante da Inconfid�ncia Mineira que n�o teve revogada sua senten�a de morte. Com a independ�ncia do Brasil e a proclama��o da Rep�blica, o m�rtir mineiro foi declarado her�i nacional, e o sino que o homenageou passou a ser considerado um s�mbolo da luta pela soberania do pa�s.

“Os retratos de Frederick Douglass”

Frederick Augustus Washington Bailey nasceu em Talbot County, Maryland (EUA), em fevereiro de 1817 (ou de 1818, segundo algumas fontes), filho de uma m�e negra escravizada. Em 1838, ap�s algumas tentativas frustradas, conseguiu fugir para Nova York, onde a pr�tica da escravid�o havia sido abolida em 1827, mas a sensa��o de inseguran�a causada pela espreita constante de “sequestradores legalizados” de fugitivos fez com que logo se mudasse para New Bedford (Massachusetts), onde adotou o sobrenome Douglass. 
Jornalista, escritor, orador e um dos principais l�deres do movimento abolicionista nos EUA, � considerado o estadunidense mais fotografado do s�culo 19. Em 1841, Douglass encomendou seu primeiro retrato fotogr�fico. Ele tinha consci�ncia de que sua imagem de homem negro livre poderia ter grande amplitude na luta contra a escravid�o e percebeu, de modo pioneiro, que a circula��o massiva que o meio fotogr�fico permitia seria importante no suporte � luta antirracista e contra as pr�ticas segregacionistas do p�s-aboli��o.

“A ronda da morte de H�lio Oiticica”

H�lio Oiticica viveu em Nova York durante os anos documentados como os mais violentos do regime militar brasileiro, aqueles que sucederam ao Ato Institucional Nº 5 (AI-5), de dezembro de 1968. De volta ao Brasil em 1978, percebeu que j� n�o poderia encontrar muitos dos amigos que havia feito em meados da d�cada de 1960 no samba e nas favelas do Rio, atribuindo essas aus�ncias ao aniquilamento sistem�tico de uma parcela da popula��o por parte do Estado. No ano seguinte, abalado pela brutal execu��o de mais um de seus amigos, escreveu uma carta em que descrevia um “parangol�-�rea” chamado “A ronda da morte”. No formato de uma tenda de circo negra, teria luzes estrobosc�picas e m�sica tocando em seu interior, um ambiente convidativo para que as pessoas pudessem entrar e dan�ar. Enquanto a festividade se desenrolasse no seu interior, o per�metro da tenda seria cercado por homens a cavalo, que dariam voltas em torno dessa �rea emulando uma ronda.
 

“34ª BIENAL DE S�O PAULO – FAZ ESCURO MAS EU CANTO” 

Programa de mostras itinerantes. A exposi��o ser� aberta nesta quarta-feira (6/7), ocupando todas as galerias do Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro), com obras de 18 artistas divididas em tr�s eixos tem�ticos, e permanece em cartaz at� 25/9, de ter�a a s�bado, das 9h30 �s 21h, e aos domingos, das 17h �s 21h. Entrada gratuita


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)