Marcelo Jeneci conta como reage quando o p�blico protesta em seus shows

� em clima de festa junina que Marcelo Jeneci se apresenta em Belo Horizonte neste s�bado (16/7), �s 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium. O cantor e compositor paulistano desembarca na capital mineira com o show "Arraial de Jeneci", no qual celebra grandes forrozeiros do Brasil, com um repert�rio que vai de Luiz Gonzaga (1912-1989) a Pabllo Vittar. Na apresenta��o, ele d� pistas de seu pr�ximo �lbum de in�ditas, o primeiro desde "Guaia" (2019).

A apresenta��o � extensa, incluindo mais de 20 m�sicas, ao longo de 80 minutos. Entre elas est�o can��es de compositores como Alceu Valen�a, Genival Lacerda (1931-2021), Dominguinhos (1941-2013), Geraldo Azevedo, Fagner, Assis�o e os irm�os Luiz Gonzaga e Z� Gonzaga (1921-2002). Tamb�m h� espa�o para o forr� dos Cavaleiros do Forr� e dos Avi�es do Forr�.

"Vai ser uma m�sica atr�s da outra e talvez incomode estar sentado. � um show para dan�ar e se divertir, como o forr� pede", diz ele, que se apresenta com uma banda formada pelos m�sicos Lucas Dan (sanfona), Ivson Santos (percuss�o e sanfona de oito baixos), Rafael Carneiro (programa��es) e Juba Carvalho (percuss�o), al�m dos mestres Basto (zabumba) e Z� Gago (pratos).

Do repert�rio autoral, o m�sico apresentar� "Felicidade", can��o de seu �lbum de estreia, "Feito pra acabar" (2010); "Oxente", que integra "Guaia" (2019); al�m das in�ditas "Caravana Sair�" e "Sete coisas", que far�o parte do seu pr�ximo �lbum, ainda em pr�-produ��o.

"Esse show, na verdade, deveria se chamar 'Caravana Sair�', mas estamos chamando de 'Arraial de Jeneci' por conta do per�odo junino. 'Caravana Sair�' � o nome do meu novo �lbum, que tamb�m ir� se desdobrar em um filme", ele explica.

Embora tenha nascido e crescido na capital paulista, o cantor e compositor morou por um per�odo, ainda crian�a, na cidade de Sair�, em Pernambuco, onde nasceu seu pai. A rela��o do artista com o lugar n�o come�ou agora. Foi l� que ele gravou, em 2011, o clipe de "Felicidade", um de seus maiores sucessos.

"Estou fazendo como j� fiz no passado: primeiro a turn� e depois o disco, que vai ser de m�sicas in�ditas com faixas n�o autorais e autorais. Ele ainda vai ser gravado, possivelmente no segundo semestre. O show estreou agora. E o filme deve vir no in�cio do ano que vem."

Todo o trabalho tem sido desenvolvido sob a dire��o art�stica do cineasta pernambucano Helder Lopes. "N�s criamos o show juntos e, para pensar o repert�rio, quer�amos colocar os compositores mais 'foderosos'. No Brasil, tudo � forr� e eu devo muito � m�sica nordestina. Querendo ou n�o, foi ela que despertou em mim o desejo de ser m�sico", ele diz.

Com este show, e tamb�m com o projeto como um todo, Jeneci pretende n�o s� celebrar suas origens, como tamb�m colocar o forr� em um espa�o de destaque.

"Sendo um artista da MPB que comunica com um grande p�blico, eu quero contar de onde eu venho e tamb�m quero mostrar como o forr� � m�sica brasileira. Por que samba � m�sica brasileira e forr� � m�sica nordestina? Por que o samba � nacional e o forr� � regional? Quero expandir essa ideia e jogar luz sobre a relev�ncia de grandes sucessos".

O "Arraial de Jeneci" tem dividido o tempo na estrada com a turn� do �lbum "Guaia", que foi interrompida em 2020 devido � pandemia da COVID-19. "Eu tinha acabado de lan�ar e a turn� estava toda agendada.Eu acho que ningu�m conseguiu ouvir direito esse �lbum, apesar de eu ter um carinho muito grande por ele. Fiz alguns shows de lan�amento e depois sofri na pele a quest�o do recolhimento, mas vi nisso uma grande valia e consegui encontrar o meu recanto. Encarei com movimento essa paralisa��o", ele afirma.

O artista n�o se esquiva ao ser questionado sobre o atual momento pol�tico do Brasil e faz uma defesa da arte, quando indagado sobre a fun��o de seu pr�prio trabalho.

"Acho que a nossa sensibilidade � a maior for�a que a gente tem contra os insens�veis. Mesmo eles n�o suportam tamanha insensibilidade. Essa vida que constr�i a partir da humanidade, do afeto, da dan�a, do festejo, h� de se expandir para a grande massa", afirma.

"� aquilo que o Gilberto Gil defende: � preciso acabar com essa hist�ria de achar que a cultura � uma coisa extraordin�ria, cultura � ordin�ria. � atrav�s desse ponto de encontro, que a gente chama de imaterial, das linguagens culturais, que vamos conseguir chegar numa melhor vers�o individual e social tamb�m", acrescenta.

Para ele, o palco � um espa�o de manifesta��o pol�tica, sim, o que julga "important�ssimo" em suas apresenta��es. Jeneci defende que, por estar diante de uma multid�o, com um microfone na m�o, seu trabalho ent�o est� "a servi�o de uma constru��o por um mundo melhor". "Me chateio quando artistas de grande porte n�o se posicionam. Mas sentir a dor do outro n�o � para qualquer um", ele pontua.

"Caos n�o se resolve com amor. Precisamos ter uma resposta assertiva para todas as quest�es que est�o sendo levantadas e para os direitos que est�o sendo saqueados. Caos se resolve com caos. Nos shows, quando o p�blico come�a a protestar contra o governo, a minha resposta � cantar versos da m�sica 'Amanh�', do Guilherme Arantes, � cappela mesmo", ele diz.

Show de Marcelo Jeneci, neste s�bado (16/7), �s 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Plateia 1: R$ 100 e R$ 50 (meia). Plateias 2 e 3: R$ 80 e R$ 40 (meia). � venda na bilheteria da casa e no site Sympla.