"Resident evil: a s�rie", n�o consegue fugir dos clich�s
Netflix faz de tudo para n�o associar a s�rie � palavra "zumbi", tenta dar um vi�s cient�fico � trama, mas � cada vez mais dif�cil produzir novidades no g�nero
As irm�s Jade (E) e Billie, quando jovens, interpretadas por Tamara Smart e Siena Agudong, respectivamente
(foto: Fotos: Netflix/Divulga��o)
A franquia “Resident evil” sofre com aquela famosa tend�ncia do mundo dos games: enquanto os jogos da s�rie v�m desde 1999 quebrando recordes de vendas e conquistando legi�es de f�s, as adapta��es para as telas n�o conseguem acompanhar o sucesso do material original.
A s�rie de jogos, que � um dos grandes �cones da cultura pop do g�nero de terror e zumbis, est� agora sob o comando da Netflix, e estreou o novo t�tulo “Resident evil: a s�rie” na �ltima quinta-feira (14/7), uma nova adapta��o com o enredo baseado no universo da franquia.
A pergunta que n�o quer calar: a s�rie, que se passa em um futuro onde uma pandemia viral matou a maior parte da popula��o mundial, faz algum coment�rio relevante sobre a crise sanit�ria que enfrentamos (e ainda estamos enfrentando) no in�cio dos anos 2020? A resposta �: n�o. “Isso n�o � como a COVID-19”, diz o protagonista Albert Wesker a suas filhas em um dos primeiros epis�dios.
“Resident evil: a s�rie” n�o quer ser uma hist�ria cr�tica social ou mesmo explorar de forma cr�tica as quest�es de isolamento social, cuidados sanit�rios e infraestrutura m�dica nos tempos atuais. � entretenimento acima de tudo.
Com 8 epis�dios que variam de 40 minutos a 1 hora, a s�rie divide a sua hist�ria em 2 �pocas distintas: o presente ano de 2022, pouco tempo antes do in�cio de um apocalipse zumbi, e o futuro p�s-apocal�ptico em 2036, 14 anos ap�s o surto.
No presente, seguimos Albert Wesker (Lance Reddick), um pesquisador da controversa Corpora��o Umbrella, que se muda com suas filhas, Jade (Tamara Smart) e Billie (Siena Agudong), para a Nova Raccoon City, uma cidade planejada para abrigar os funcion�rios da empresa.
No futuro, um terr�vel v�rus transformou a popula��o humana em zumbis e o restante da civiliza��o vive como refugiados em pequenas comunidades cercadas ou espalhados pelo planeta. Jade (na fase adulta interpretada por Ella Balinska) estuda os mortos-vivos e tenta encontrar algum tipo de tratamento, enquanto � perseguida pela Umbrella por motivos n�o revelados.
As pessoas familiarizadas com a s�rie de jogos v�o reconhecer esses nomes: Wesker, Corpora��o Umbrella e Raccoon City fazem parte da mitologia criada ao longo de quase 30 jogos e 7 filmes, que servem de pano de fundo para o enredo, que �, contudo, original. N�o � necess�rio ser conhecedor do conte�do dos demais t�tulos para entender os acontecimentos da s�rie.
Em "Resident evil: a s�rie", um terr�vel v�rus transforma os humanos em zumbis e os que escapam do mal vivem como refugiados em pequenas comunidades
Linhas do tempo
Dividir uma hist�ria em 2 segmentos � uma ideia complicada. N�o � todo mundo que consegue manter duas narrativas igualmente interessantes, especialmente quando ocorrem em �pocas distintas. No decorrer dos epis�dios, uma das linhas do tempo est� sempre mais excitante que a outra, ainda que possa variar qual delas nos prende mais a aten��o em determinado momento.
O fato de n�o sabermos absolutamente nada sobre a situa��o da humanidade no futuro de 2036 ajuda a cercear nosso interesse e em v�rios momentos podemos nos pegar dizendo: “ok, muito legal essas aranhas gigantes, mas pode voltar para as cenas do passado agora”.
O mais interessante que a s�rie tem a oferecer � a rela��o entre os personagens. A paternidade ausente de Albert Wesker e o companheirismo entre as jovens irm�s Jade e Billie � explorado de forma natural, com grandes performances por parte dos atores. Os protagonistas possuem personalidades pr�prias e coerentes, extremamente mais interessantes do que a luta contra zumbis no pano de fundo.
Em pleno 2022, “Resident evil” reitera o argumento de que a �poca dos filmes de zumbis ficou no passado. A cada nova m�dia, � cada vez mais dif�cil produzir novidades e fugir dos clich�s. A Netflix at� tenta abordar o g�nero por um vi�s cient�fico e faz de tudo para que a s�rie n�o seja associada � palavra “zumbi”, mas, no fim das contas, prova que os mortos-vivos est�o mortos mesmo.
“Resident evil: a s�rie”
EUA, 2022. 8 epis�dios. Com Ella Balinska, Lance Reddick, Tamara Smart e Siena Agudong. Dispon�vel para streaming na Netflix.
* Estagi�rio sob supervis�o de �lvaro Duarte