
Foram essas as principais quest�es que a ONG Contato, em conjunto com o Instituto Ver Pesquisa e Estrat�gia, se prop�s a responder , em levantamento in�dito sobre o consumo do audiovisual em Minas Gerais, a fim de servir de base para estudos e orientar a��es de fomento para o setor no estado.
“Nosso objetivo era entender melhor de que forma os mineiros se relacionam com a atividade audiovisual e o consumo de produtos do setor no estado, para identificarmos as nuances que fazem parte da identidade cultural mineira”, afirma Helder Quiroga, coordenador da ONG Contato.
Em maio passado, o Instituto Ver realizou 1.280 entrevistas domiciliares com um p�blico entre 16 e 75 anos, em munic�pios de todo o estado. A pesquisa apresenta margem de erro de tr�s pontos percentuais, para mais ou para menos, com intervalo de confian�a de 95%.
Os resultados, dispon�veis no site da entidade, s�o surpreendentes: 65% dos mineiros consomem mais de tr�s horas de conte�do audiovisual – filmes, s�ries, v�deos curtos e novelas – de segunda a sexta. Nos finais de semana, o �ndice de espectadores sobe para 70%, sendo que a metade consome mais de seis horas de produtos audiovisuais nos dias de lazer.
TV ABERTA
Helder Queiroga aponta que a TV aberta continua sendo a m�dia preferida do p�blico mineiro para o consumo de conte�do audiovisual, com 66% dos entrevistados fazendo uso desse meio de comunica��o.
“De forma geral, tendemos a imaginar que, com o avan�o das tecnologias audiovisuais, as novidades viriam a substituir as antigas. Mas a pesquisa mostra que, na realidade, nenhuma dessas janelas se apaga ou deixa de existir”, afirma.
Entre os canais de TV aberta mais assistidos, as redes privadas aparecem no topo. A Rede Minas aparece apenas em nono lugar, com 0,2% de prefer�ncia.
“A diferen�a do modelo de gest�o e de neg�cios entre emissoras de TV privadas e p�blicas � um abismo. Enquanto uma vive de investimento privado e propaganda, a outra tem subs�dios do Estado. A compara��o direta seria injusta”, argumenta Queiroga. Ele ressalta a import�ncia da presen�a da Rede Minas na lista dos 10 canais mais assistidos pelos mineiros.
“O p�blico quer ser visto e quer enxergar seus pares. N�o � apenas por identifica��o de identidade, mas tamb�m por enxergar sua cultura sendo transmitida na tela, o que traz um lugar de integridade e valoriza��o”, diz.
Seguindo a TV aberta, a plataforma de compartilhamento de v�deos YouTube ocupa o segundo lugar, com 59% dos mineiros assinalando essa op��o, pouco � frente dos canais de streaming (Netflix, Globoplay, Prime Video etc), com 57%. Nas pr�ximas posi��es est�o a internet, citada por 51% das pessoas, a TV a cabo, por 49%, as redes sociais, utilizadas por 43% e os cinemas, por 23% dos entrevistados.
DVD
“A exist�ncia do consumo audiovisual por DVD at� hoje aponta que esses aparatos possuem resist�ncia, no sentido de se conectar a cada p�blico e estabelecer nichos de mercado. Ou seja, o mineiro consome audiovisual por quase todas as janelas”, ressalta Helder Queiroga.
Os filmes continuam sendo o tipo de produto audiovisual mais consumido pelo p�blico mineiro, com 21,3% de prefer�ncia, � frente de telenovelas, com 17,7%, e programas de esportes, com 17,3%. Quanto ao g�nero dos produtos, a��o lidera a pesquisa com 29,5%, seguido por com�dia (16,4%) e romance (11,1%).
“Independentemente da pandemia, sempre foi uma caracter�stica de Minas Gerais, esse ber�o nascedouro do cinema nacional e terra de Humberto Mauro, que de alguma forma tamb�m contamina com a pr�pria cultura local o consumo de filmes”, observa o coordenador, sobre a rela��o da produ��o cinematogr�fica no estado com a prefer�ncia do p�blico.
Ele cita como os impactos da pandemia afetaram a rela��o dos mineiros com as salas de cinema: 8,2% dos mineiros responderam que iam mais de uma vez ao cinema no per�odo pr�-COVID, porcentagem que caiu para 2,8% p�s isolamento social.
“Houve uma grande expectativa com o final da pandemia de que, ao reativarmos as salas de cinema e voltarmos a lan�ar filmes, haveria aumento de p�blico, o que n�o aconteceu.”
De acordo com o coordenador, isso se deu em raz�o tanto do valor do ingresso, que continua incompat�vel com a renda m�nima da popula��o brasileira de maneira geral, quanto pelo fato de as pessoas n�o se sentirem totalmente � vontade de estar em ambientes fechados e optarem por atividades de lazer em locais mais abertos.
A ferramenta favorita dos mineiros para assistir a conte�dos audiovisuais s�o os aparelhos de TV (72%), seguidos pelo celular (59%) e pelo computador (10%). J� o valor m�dio mensal gasto no consumo audiovisual (streaming, TV a cabo, cinemas, aluguel de filmes) � de R$ 50,63 por pessoa.
Helder Queiroga aponta que, apesar de o acesso �s plataformas audiovisuais se dar de forma equilibrada entre periferia e classe m�dia, algumas medidas por parte de empresas privadas podem diminuir o acesso de parte da popula��o ao conte�do midi�tico.
“No campo das plataformas de streaming, a Netflix – que � a prefer�ncia disparada, com 52% – tende a cair, caso ela estabele�a o regramento de n�o compartilhamento de senhas, j� que grande parte do p�blico � perif�rico e transfere senhas como forma de democratizar o acesso localmente”, diz.
*Estagi�rio sob a supervis�o da editora Silvana Arantes
