Carlos M. Teixeira relan�a 'Em obras: hist�ria do vazio em Belo Horizonte'
Obra re�ne fotografias tiradas pelo arquiteto na d�cada de 1990, al�m de cinco projetos concebidos como solu��o para espa�os problem�ticos da capital
Carlos M. Teixeira aponta problemas de estrutura na capital, embora alguns bairros tenham certa autonomia
(foto: Nina Flecha/Divulga��o )
Comparando com a capital do final do mil�nio, o que a Belo Horizonte, neste quase um quarto de s�culo 21, tem a dizer sobre si mesma? A resposta � “um pouco afiada e amarga, mas no final esperan�osa, ainda que bastante cr�tica”, afirma o arquiteto Carlos M. Teixeira.
Em 1999, ele lan�ou a primeira edi��o de “Em obras: hist�ria do vazio em Belo Horizonte”, livro de fotografias e textos que propunha uma leitura sobre a cidade n�o a partir de suas constru��es, mas dos espa�os com potencial para se pensarem outras formas de rela��o da popula��o. Agora com nova edi��o, revista e ampliada, a obra continua no mesmo caminho, mas atualizando a cidade para os dias de hoje. O lan�amento ser� na manh� deste s�bado (13/8), na Livraria da Rua.
N�o h� respostas f�ceis para uma cidade que hoje est� pr�xima dos 4 milh�es de habitantes. “O que d� para dizer � que algumas coisas que a primeira edi��o falava se concretizaram”, diz Teixeira, que previa, l� atr�s, que a periferia viraria Centro e que o Centro se tornaria periferia.
“Isso, de certa maneira, aconteceu. O Plano Diretor da cidade hoje incentiva a cria��o de pequenos centros que deixariam os bairros menos dependentes do Centro da cidade. Houve uma tentativa de colocar um pouco mais de efici�ncia no transporte p�blico, que � o caso do BRT, que n�o sei se � uma grande mudan�a, mas n�o deixa de ser mencion�vel.”
Canteiro de obras
Na �poca da primeira edi��o, BH tinha grandes canteiros de obras nos bairros Buritis, na Regi�o Oeste, Belvedere, Regi�o Centro-Sul, e Castelo, Regi�o Norte. “Era como uma esperan�a de que um novo tipo de espa�o urbano pudesse surgir a partir de grandes obras”, continua Teixeira.
Ainda que os bairros tenham “certa autonomia”, na opini�o do arquiteto, eles t�m problemas de infraestrutura, “gargalos de conex�o com o Centro da cidade”. Al�m disso, ele diz, a arquitetura desses bairros “n�o se preocupa com um di�logo com a cidade, havendo at� certa recusa entre o espa�o privado e p�blico, com grandes muros, que n�o � uma quest�o �nica dos bairros, mas um problema mais estrutural do pa�s”.
A nova edi��o traz, al�m de novo posf�cio, em que Teixeira reflete sobre as quest�es acima, o pref�cio do soci�logo franc�s Jacques Leenhardt, “Urbanismo e destrui��o criativa”. O volume re�ne dezenas de fotografias tiradas pelo pr�prio arquiteto na d�cada de 1990 – al�m de imagens de arquivos da BH de outras �pocas.
“O design gr�fico est� muito diferente do livro original. Aquele tinha um problema de interposi��o entre as imagens, textos com v�rios efeitos sobre as fotos. Nesta segunda edi��o, houve uma nova edi��o de imagens”, acrescenta Teixeira.
�rea vazia deixada pela minera��o (foto: Carlos M. Teixeira/divulga��o)
Serra do Curral: eterno desafio
O livro tamb�m apresenta cinco projetos concebidos pelo arquiteto na d�cada de 1990 como solu��es para vazios. Um deles, sobre a Serra do Curral, est� exposto na capa do livro. “V�rios desses projetos hoje s�o talvez ainda mais importantes para a cidade do que h� 23 anos”, comenta.
“Em 1999, o projeto para a Serra do Curral era revelar o vazio escondido em torno da cava da minera��o �guas Claras, logo atr�s do eixo da Avenida Afonso Pena.” Na �poca, o projeto era lotear a �rea, ent�o de propriedade da mineradora MBR, para a cria��o de um condom�nio.
Pouco tempo ap�s a publica��o do primeiro livro, a mina foi desativada. Hoje, a cava que aparece na capa do livro n�o existe mais. “Virou um grande lago e a profundidade da cava � imposs�vel de ser vista, pois h� um espelho d’�gua gigantesco.”
Para Teixeira, a proposta feita mais de duas d�cadas atr�s, de fazer da regi�o da Serra do Curral um grande parque, � fact�vel. “O propriet�rio hoje � a Vale, que ganha vendendo min�rio, n�o edif�cio. A imagem dela est� bastante negativa com o que aconteceu de oito anos para c�.” Para ele, a ocupa��o da regi�o com uma �rea p�blica, um parque com equipamentos culturais e sociais, criado a partir das “cicatrizes deixadas na serra”, teria uma dimens�o simb�lica para Belo Horizonte. “N�o acho que seja uma proposta totalmente ut�pica. Talvez seja o futuro de l�, em m�dio prazo”, finaliza Teixeira.
(foto: Romano Guerra Editora/Reprodu��o)
“EM OBRAS: HIST�RIA DO VAZIO EM BELO HORIZONTE”
. De Carlos M. Teixeira
. Romano Guerra Editora
. 384 p�ginas
. R$ 100
. Lan�amento neste s�bado (13/8), �s 10h30, na Livraria da Rua, Rua Ant�nio de Albuquerque, 913, Savassi
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