Livro de fotos de Congonhas busca valorizar o patrim�nio sem cair no clich�

Obras-primas da cultura nacional, as esculturas de Aleijadinho s�o tema do livro “Olhares, imagens & devo��o – O patrim�nio de Congonhas”, que ser� lan�ado nesta quarta-feira (17/8), na cidade hist�rica mineira, e amanh�, em Belo Horizonte.

Idealizada pelo publicit�rio e designer natural de Congonhas Denilson Cardoso, a publica��o re�ne 136 imagens de cinco fot�grafos de Belo Horizonte e Congonhas, al�m de registros feitos pelo pr�prio organizador da obra. S�o trabalhos de Guto Muniz, Glenio Campregher, Mauro Barros, Welerson Athaydes e Alexandre Guzanshe, este �ltimo rep�rter fotogr�fico do Estado de Minas.

“A ideia do livro nasceu de uma pesquisa que fiz, na qual notei que faltavam na cidade produtos, suvenires mesmo, que divulgassem e valorizassem o patrim�nio cultural da cidade. A� me veio a ideia de montar um livro de fotografias”, conta Cardoso.

Para n�o fazer “mais do mesmo”, afinal, as obras de Aleijadinho s�o extremamente populares, o publicit�rio e designer apostou em imagens autorais, que desvelassem a cidade com enfoque em seus detalhes e fugissem dos �ngulos j� demasiadamente repetidos.

O convite de Cardoso a tr�s profissionais de Belo Horizonte se relaciona com essa inten��o de apresentar um olhar distinto sobre Congonhas. Os fot�grafos da cidade que ele chamou para fazer parte do projeto t�m uma trajet�ria profissional associada � produ��o cultural.

“N�s demos prioridade para os detalhes pequenos, aspectos que passam batido por muita gente, a fim de estimular a curiosidade do leitor. Para se ter uma ideia, de todas as mais de 100 fotos que est�o no livro, apenas uma � em plano aberto”, descreve o organizador do volume. “Nosso objetivo foi agu�ar a vontade do leitor de vir conhecer Congonhas por meio da sugest�o, sem revelar o inteiro pelas fotos.”

O resultado final pode ser considerado como um passeio pela cidade. Dividido em quatro partes – “A Paix�o”, “A profecia”, “A ora��o” e “A devo��o” –, o livro se inicia no primeiro passo das esta��es da via-sacra criadas por Aleijadinho, passa pelos profetas do Santu�rio do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e se encerra com as manifesta��es de devo��o ao padroeiro. 

Mauro Barros afirma que h� muito vem percebendo que o turismo na cidade tem sido deixado em segundo plano. Por isso viu uma chance de fomentar o setor por meio de suas imagens.

“N�s temos na cidade uma riqueza cultural gigante e que, infelizmente, � ignorada por muita gente. N�s estamos, assim, resgatando esse patrim�nio e tentando trazer o turismo para o primeiro plano da cidade novamente”, diz.

Al�m das fotos in�ditas produzidas para o livro, Barros cedeu seu acervo para que Cardoso pudesse selecionar imagens que n�o seria poss�vel produzir no contexto da pandemia.

“Nesse acervo, h� algumas fotos de manifesta��es religiosas, como a festa do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e a semana santa, que s�o muito populares aqui, mas que foram suspensas por tr�s anos devido � pandemia”, comenta o fot�grafo.

Inicialmente, “Olhares, imagens & devo��o – O patrim�nio de Congonhas” estava programado para ser lan�ado em 2021. Contudo, quest�es burocr�ticas mudaram os planos, fazendo com que a publica��o s� pudesse ser lan�ada neste ano.

O adiamento, no entanto, foi ben�fico, na avalia��o de Cardoso. Sem que ele planejasse, o lan�amento do livro acabou coincidindo com as comemora��es do centen�rio da Semana de Arte Moderna, movimento que tem rela��o com as cidades hist�ricas mineiras e a valoriza��o desse patrim�nio.

“Eu, particularmente, considero Aleijadinho o maior g�nio da escultura brasileira. No entanto, mesmo tendo sido reconhecido em vida, ele teve que lidar com muitas cr�ticas. H� estudiosos europeus daquela �poca que diziam coisas terr�veis, insinuando que muitas das obras de Aleijadinho n�o tinham narizes, e sim trombas. Essa percep��o s� mudou a partir da caravana modernista, em 1824”, afirma Cardoso.

A caravana citada pelo publicit�rio e designer foi a viagem realizada pelos modernistas M�rio de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Ren� Thiollier, Blaise Cendrars, Goffredo da Silva Teles, Ol�via Guedes Penteado e Oswald de Andrade do Rio de Janeiro a Minas Gerais. 

O objetivo inicial da expedi��o art�stica era assistir �s celebra��es da semana santa nas cidades hist�ricas mineiras. Contudo, ela ganhou maiores propor��es depois que os modernistas alargaram sua vis�o sobre a produ��o cultural nacional. “Somente depois que esses artistas viram essas esculturas e passaram a exalt�-las foi que as cr�ticas cessaram”, diz Cardoso.

 

.Livro idealizado por Denilson Cardoso, com fotos de Guto Muniz, Glenio Campregher, Mauro Barros, Welerson Athaydes e Alexandre Guzanshe

.Edi��o do autor (120 p�gs.)

.R$ 30 

.Lan�amento nesta quarta (17/8), �s 18h30, no Museu de Congonhas (Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal, 153, Bairro Bas�lica, Congonhas), e na quinta (18/8), �s 19h, no Centro de Arte Popular – Circuito Liberdade (Rua Gon�alves Dias, 1.608, Lourdes, Belo Horizonte). Entrada franca em ambos os dias