(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PANDEMIA

COVID-19: livro relata cobertura da imprensa na pandemia

Jornalista Marcelo Freitas ouviu mais de 60 pessoas para contar o trabalho intenso nas reda��es, que, apesar das condi��es, cumpriam o papel de informar


16/08/2022 13:59 - atualizado 16/08/2022 16:54

Na foto, redação do Estado de Minas vazia durante a pandemia de COVID-19
Na obra, � apresentada n�o somente a mudan�a na rotina de trabalho, com o home office, mas tamb�m o medo e a inseguran�a dos profissionais de comunica��o durante o per�odo (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Os bastidores da cobertura da pandemia da COVID-19 pela imprensa brasileira � tema do livro “N�s tamb�m estivemos na linha de frente”, do jornalista Marcelo Freitas, que ser� lan�ado nesta quarta-feira (17/8), no Sindicato dos Jornalistas, em Belo Horizonte. Na obra, � apresentada n�o somente a mudan�a na rotina de trabalho, com o home office, mas tamb�m o medo e a inseguran�a dos profissionais de comunica��o durante o per�odo. 

Com v�rios relatos de jornalistas de Minas Gerais e de outros estados que fizeram parte da linha de frente, o autor, que tamb�m est� na diretoria do sindicato, aborda os desafios de tratar sobre a doen�a que trouxe sequelas, por causa das mortes e efeitos colaterais dos infectados, e evidenciou problemas sociais, pol�ticos, sanit�rios e econ�micos no Brasil. Para isso, � apresentado a reorganiza��o imediata das reda��es e a rotina de jornalistas que foram para coletivas ou hospitais.

Al�m disso, � contado a hist�ria de profissionais que, nas ruas, enquanto trabalhavam, foram agredidos por defender o isolamento. Segundo Freitas, o objetivo do livro � servir como um registro hist�rico de um momento t�o importante da humanidade e da cobertura  jornal�stica, que foi extenuante e cumpriu o papel de informar. 

“Na diretoria do sindicato, receb�amos as informa��es sobre como estava o trabalho nas reda��es. Ent�o, sab�amos que o ritmo estava muito pesado e cansativo. O teletrabalho e a produ��o de mat�rias s� sobre a pandemia gerou desgaste emocional. Ao mesmo tempo, apesar do jornalista falar sobre todas as categorias, pessoas e o mundo em geral, normalmente, n�o � dito sobre a realidade dele”, afirmou o escritor.

Sem deixar a peteca cair

Assim como enfermeiros, m�dicos e demais profissionais da sa�de, jornalistas e reda��es do Brasil inteiro tiveram que se adaptar a nova realidade. Al�m da implementa��o do home office, alguns profissionais, mesmo com o risco de se contaminar, em um momento sem perspectiva da vacina, tiveram que ir em entrevistas coletivas e hospitais para cumprir a fun��o do trabalho.

“Nem um site saiu do ar para poder ser feito a migra��o do presencial para o online. Nenhuma televis�o deixou de noticiar a pandemia todos os dias. O teletrabalho foi implementado, podemos dizer, com o carro andando, foi algo da noite para o dia, a partir da terceira semana de mar�o de 2020. A disposi��o dos editores em montar uma log�stica sem que a produ��o de conte�do fosse interrompida � um dos fatores que chama aten��o”, disse Freitas. 

Para ele, rep�rteres exerceram realmente a miss�o do jornalismo de informar. “N�o deixaram a peteca cair. Falei com v�rios jornalistas durante a pandemia e, ainda que tivessem dificuldades, prevaleceu a ideia de que eles estavam num momento muito importante da hist�ria e do jornalismo. Por isso, estavam prestando um servi�o de utilidade p�blica e que n�o podia ser abandonado”, completou.

Ao contr�rio do que muitas pessoas acreditam, o escritor explica que todos que tiveram na linha de frente do novo coronav�rus n�o foram her�is, mas sim profissionais honrados. “M�dicos, enfermeiros, cientistas e jornalistas cumpriram o juramento que fizeram durante a gradua��o. Na pandemia, eles cumpriram com honradez a fun��o dada nesta hist�ria tr�gica”, destacou. 

Ressignifica��o do exerc�cio jornal�stico

Ao todo, na obra, foram entrevistadas mais de 60 profissionais, incluindo rep�rteres, fot�grafos, editores, cientistas e assessores de comunica��o de institui��es de sa�de e ci�ncia, como o Instituto Butantan, UFMG e, at� mesmo, o Minist�rio da Sa�de. Al�m disso, o ex-ministro da sa�de Nelson Teich prestou depoimento para falar sobre a rela��o com jornalistas na pandemia do novo coronav�rus.

“Foi uma parceria estrat�gica e muito bem-sucedida entre comunicadores e cientistas. Enquanto havia discursos negacionistas contra o isolamento, as vacinas e o uso de m�scara, ve�culos de comunica��o cooperaram com as informa��es sanit�rias divulgadas pela ci�ncia, divulgaram os cuidados e a import�ncia da vacina��o. Penso que, se n�o fosse o jornalismo, o n�mero de mortes teria sido maior, pois ele cumpriu a fun��o que deveria ser do governo”, disse o jornalista. 

Mesmo sendo uma profiss�o importante para a manuten��o da democracia, o jornalismo, ao longo dos �ltimos anos, se tornou desacreditado e desvalorizado por variados setores sociais. Freitas afirma que a pandemia amenizou o quadro, diferente de outros per�odos no Brasil, como a Ditadura Militar e a cobertura da Opera��o Lava-Jato

“No primeiro caso, a imprensa ajudou na deposi��o de Jo�o Goulart. Em 1968, com as torturas e instaura��o da censura nas reda��es, houve uma mea-culpa e a m�dia passou a defender a volta da democracia. J� na Lava-Jato, em 2015 e 2016, o jornalismo defendeu os m�todos utilizados pela opera��o, que mais tarde o STF considerou imparcial e n�o condizente com as boas normas do direito. Nesses dois momentos, a profiss�o se aliou ao lado errado”, explicou.

Al�m disso, surgiram, rotineiramente, outros desafios que tornou a atividade jornal�stica desafiante, como o p�nico instaurado, a dissemina��o de Fake News e adapta��o de novas tecnologias. “Era de opini�o geral que as atividades jornal�sticas precisariam ser feitas na reda��o, pois � onde colegas de trabalho se comunicam e, claro, surgem pautas. Embora pessoalmente acredite que o ideal � o presencial, no momento de emerg�ncia, foi uma pr�tica que funcionou e deu certo”, contou. 

A maior cobertura da hist�ria da imprensa brasileira

Com diversas formas de transmitir a not�cia, seja pela televis�o, r�dio, site, impresso ou redes sociais, a internet permitiu que a informa��o de variados ve�culos de m�dia fosse passada em tempo real ao p�blico. Todos esses dispositivos, segundo Freitas, tornou a pandemia a maior opera��o da imprensa brasileira durante toda a sua hist�ria. 

Ainda que tenham momentos  importantes, como a II Guerra Mundial e a Gripe Espanhola, eles tiveram algumas caracter�sticas diferentes da cobertura da COVID-19. “Por exemplo, a II Guerra estava acontecendo na Europa e, por isso, brasileiros n�o viam pessoas pr�ximas morrerem por causa do conflito e n�o tinha cidades do pa�s sendo bombardeadas. No caso da gripe espanhola, no in�cio do s�culo XX, a produ��o de conte�do era  muito inferior, s� havia o jornal impresso”, contou o jornalista.
 
Outro impacto, conforme a obra, foi a mudan�a na produ��o da not�cia. Se antes, na televis�o, era necess�rio imagens de alta defini��o e o entrevistado estar ambientado no cen�rio, com a pandemia, esses requisitos se tornaram menos criteriosos. “Era poss�vel ver entrevistas feitas por meio de celulares e computadores, com imagens borradas. Apesar da baixa qualidade, muitas vezes, o que o convidado tinha para informar n�o poderia deixar de ser passada. Caiu a ideia de que sem imagem boa n�o tem reportagem de TV”, disse.  

Servi�o

Livro "N�s tamb�m estivemos na linha de frente", Editora Comunica��o de Fato
Lan�amento: 17 de agosto, quarta-feira, �s 19h
Local: Sindicato dos Jornalistas - Avenida �lvares Cabral, 400, Centro 
 

Al�m do lan�amento, interessados poder�o comprar o livro no site da editora respons�vel pela publica��o.

  


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)