
Cerca de 86% das pessoas que trabalham de forma remota apresentaram pelo menos um dos 12 est�gios dentro das seis etapas at� o n�vel m�ximo de exaust�o.
Mais de 67% das pessoas ainda se sentem pressionadas a estarem dispon�veis durante todo o tempo, inclusive fora da jornada "tradicional", conhecida como "horas �teis", ou mesmo fora dos hor�rios combinados previamente, e 45% declaram estar trabalhando mais horas do que deveria.
Segundo a psicanalista e CEO do Ipefem, Ana Tomazelli, um profissional home office ganhar folga ou tirar f�rias � algo praticamente imposs�vel.
"Como posso me dar ao luxo de desaparecer, se j� nem existo? Se n�o me veem? Reconhecer, nomear e interromper as viol�ncias invis�veis deveria estar na prioridade de todo o time. Somos excelentes em saber quando sofremos algo, mas muito pouco eficientes em identificar quando somos os agentes agressores", afirma Ana.
Peso maior
No modelo remoto, segundo ela, o trabalho ganha um peso muito maior, principalmente na abordagem verbal. "� preciso declarar os limites, fazer mais perguntas, aprender a manifestar os desagrados e buscar consensos. � preciso elogiar mais, celebrar mais, acolher mais", detalha a psicanalista.
As "viol�ncias invis�veis" ganham muito espa�o em formatos h�bridos ou 100% remotos: a cobran�a por resultados, o WhatsApp, o e-mail com letras mai�sculas, a retirada de tarefas, a exclus�o dos eventos, a piada sobre o corpo, a insist�ncia na intimidade, a falta de feedback, as amea�as indiretas e o deboche diante de um resultado que poderia ter sido melhor s�o o ponto de partida e a nutri��o de um ambiente doente, diz Ana.
"N�o respeitar os pr�prios limites (ou nem os reconhecer) tamb�m contribui para exaust�o, mas � injusto atribuir responsabilidades individuais quando o problema � sist�mico e quando o medo de perder a fonte de renda � maior do que a coragem de se preservar. Por outro lado, esperar que o sistema mude, no curto prazo, � quase ing�nuo da nossa parte, o que nos traz de volta �s esferas mais particulares", destaca.
Sa�de mental
O Brasil acumula posi��es preocupantes quando o assunto � sa�de mental, diretamente relacionado a quem trabalha de forma remota. Atualmente, o pa�s ocupa o primeiro lugar no ranking de ansiedade em n�vel global, segundo em burnout e quinto em depress�o.
"� necess�rio entender que estat�sticas sociais s�o estat�sticas corporativas. Temos a tend�ncia de colocar a culpa nas empresas, esquecendo que as empresas - e qualquer outra corpora��o - s�o representadas por pessoas. Se um jogador de futebol faz algo errado, o que isso significa para o time?", finaliza a profissional.
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* Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Thiago Prata