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Estado de Minas TRAJET�RIA

Cartunista Nilson Azevedo lan�a livro no FIQ

Obra re�ne tirinhas de 'As Caravelas', publicada nos principais jornais do pa�s, inclu�do o Estado de Minas, e outros trabalhos do desenhista


05/08/2022 14:59 - atualizado 06/08/2022 16:45

Na foto, Nilson de Azevedo segura livro
Obra integra o desejo do cartunista, que far� 74 anos na pr�xima segunda-feira (8/8), em organizar seu acervo autoral (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Publicadas nos principais jornais do Brasil ao longo de 30 anos, incluindo o Estado de Minas, as tirinhas da s�rie “A Caravela”, do cartunista Nilson Azevedo, agora fazem parte de um livro hom�nimo. A obra ser� lan�ada nesta sexta-feira (5/8), no 11º Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), em Belo Horizonte, e re�ne tamb�m, em 128 p�ginas, outras hist�rias do autor, como “Pindorama”, “Situa��o”, “Milagre dos Peixes”  e “As Invas�es Portuguesas”.
 
O livro materializa o desejo do cartunista, que far� 74 anos na pr�xima segunda-feira (8/8), de organizar seu acervo autoral, com hist�rias em quadrinhos, cartuns e tiras desenhadas durante 55 anos de carreira.

“A Caravela” foi feito com recursos da Lei Municipal de Incentivo � Cultura de Belo Horizonte.
 
Nilson afirma que a iniciativa do livro partiu do amigo, cineasta e economista Carlos Machado. “Ele me inscreveu no projeto cultural da prefeitura. O trabalho maior foi reunir tantos originais, 230 tiras de ‘As Caravelas’”, disse. 
 
A realiza��o da obra, que oferece unidade �s hist�rias do desenhista, segundo ele, � fruto da "solidariedade". “Consegui tamb�m ajuda dos meus amigos Cl�ber e Wellington Srbek e dos meus sobrinhos �rick e Fabiano; sem eles, o livro n�o seria o que �” explicou. 

‘Um batalh�o de cowboys barra a entrada da legi�o dos super-her�is’

A tirinha “A Caravela” foi publicada pela primeira vez no jornal Estado de Minas, em 1975. Com ironia, sarcasmo e humor, o cartunista conta a hist�ria sob a �tica de dois marinheiros, Manuel e Joaquim, no per�odo das grandes navega��es. Enquanto o primeiro � um agricultor, que, ap�s uma noite de bebedeira, acorda em uma caravela portuguesa, o outro � um plebeu alfabetizado, que, inspirado nas aventuras de Marco Polo, desejava alcan�ar novos horizontes. 
 
Na fic��o, Nilson n�o somente conta a trajet�ria dos dois marujos, antes de chegarem ao Brasil, como tamb�m retoma a hist�ria ocidental, ao citar alguns fatos, como a liberdade de imprensa, a Revolu��o Francesa e o direito dos trabalhadores. Al�m disso, para tornar as tirinhas veross�meis, o artista fez uma pesquisa minuciosa para construir os desenhos das embarca��es, das roupas e dos acess�rios de personagens e dos objetos e armamentos. 
 
“Minha bisav� era uma ind�gena do povo Puri, e, por isso, eu sempre quis contar a hist�ria do Brasil e do descobrimento em quadrinhos. Eu era muito revoltado pelo fato de, nos quadrinhos, s� existirem her�is americanos e franceses, por exemplo. Minhas irm�s e eu nos identific�vamos mais com os �ndios do que com os cowboys, presentes no cinema estadunidense. Ent�o, resolvi fazer trabalhos dedicados � nossa hist�ria, como no caso de 'As Caravelas' e 'Pindorama'", disse.
  
O objetivo do cartunista era contar a forma��o do Brasil se desprendendo da ideia eurocentrista, afinal, como diria o cantor Gilberto Gil, “um batalh�o de cowboys barra a entrada da legi�o dos super-her�is”.
 
“Eu admirava os quadrinhos americanos, aprendi a desenhar com eles, mas eu sentia falta dos nossos her�is. A hist�ria ‘oficial’ brasileira tende a contar sob a �tica dos nobres e l�deres portugueses, como Cabral e Fernando de Magalh�es. Nas minhas hist�rias, os protagonistas s�o dois marinheiros pobres e os ind�genas”, disse. 
 

Eu comecei a me questionar cad� os nossos her�is nos quadrinhos, como Zumbi dos Palmares, Tiradentes, Felipe dos Santos, Andr� Rebou�as e Maria Quit�ria.

Nilson Azevedo

 

Atemporal e resgate da hist�ria 

Para ele, muitos problemas da sociedade brasileira vieram com as caravelas portuguesas, o que faz a tirinha ser uma obra pol�tica, cr�tica e atemporal. “As desigualdades, a repress�o religiosa, os preconceitos.... Muitas dessas mazelas, infelizmente, continuam, ainda que tenham mudado um pouco. Tudo come�ou em 1500”, disse.
 
A hist�ria em quadrinhos, segundo o cartunista, exprime o conto de fadas e, a partir do desenho, � poss�vel transferir os leitores para �pocas remotas. “Trato dos valores humanos fundamentais e creio que continuam valendo. Alguns ficaram at� mais atuais, comparadas ao passado, por causa da viv�ncia atual do Brasil. Com o livro, h� um sentido maior tamb�m, pois, quando era publicado no jornal, a tiragem era di�ria, o que separava as hist�rias”, contou.
 
Na foto, Nilson segura originais das tirinhas de 'A Caravela'
Tirinha "A Caravela" foi publicada pela primeira vez no jornal Estado de Minas, em 1975 (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Por causa do grande acervo, Nilson tem planos para publicar outros livros que re�nam seus trabalhos e at� personagens in�ditos. “Eu trabalhei em v�rios lugares, ent�o pretendo fazer uma obra que conte a hist�ria contempor�nea do Brasil. Apesar da censura, as charges exploram o que ocorreu no pa�s, desde o Golpe de 64, inclusive tenho personagens que fiz na �poca e n�o pude publicar pela censura. Al�m disso, quero continuar com ‘As Caravelas’ e reunir outras tirinhas, como ‘Negrim’”, afirmou. 

Quem � Nilson Azevedo

Nilson nasceu na capital mineira em 1948. Aos oito meses foi morar em Raul Soares, Zona da Mata mineira, onde aprendeu a desenhar caub�is e cavalos e come�ou a dedicar os quadrinhos. Apesar de gostar de hist�rias de super-her�is americanos, o cartunista garante que sua maior inspira��o foi “A Turma do Perer�”, do chargista e escritor Ziraldo
 
A amizade com o mineiro nascido em Caratinga, cidade pr�xima � Raul Soares, come�ou quando Nilson tinha 14 anos. “Ele mudou minha vida e foi por causa dele que escolhi a profiss�o de cartunista. At� o Perer�, eu nunca tinha visto uma hist�ria em quadrinho que o her�i era negro, com ind�genas, flora e fauna tipicamente brasileiras”, disse. 
 
Em 1963, Ziraldo publicou a primeira hist�ria do cartunista e chegou a fazer uma caricatura dele. Em 1967, Nilson come�ou a publicar no suplemento do Jornal dos Sports, onde o editor era o autor de “O Menino Maluquinho”, e, em seguida, passou a fazer tirinhas para jornais, como O Cruzeiro, O Pasquim, Estado de Minas, Di�rio de Minas, Folha de S�o Paulo e Jornal do Brasil, dentre outros grandes ve�culos de comunica��o brasileiros. 
 
Ele tamb�m relembrou do editor do extinto suplemento ‘Guril�ndia’, do EM, Andr� Carvalho, que retirou a tirinha “Luluzinha” para publicar “Negrim”. “Foi recorde de audi�ncia e durou tr�s anos e meio. O personagem sa�a semanalmente no jornal e fazia viagens pelo interior do Brasil. Se n�o fosse a minha viv�ncia em Raul Soares, n�o teria como fazer o quadrinho. Tamb�m, com outros artistas, fizemos o ‘Mordaz’, para o jornal. O Andr� era um g�nio, devo muito a ele”, disse

Obras relevantes e que fazem parte da comunica��o nacional 

Em “Pindorama”, Nilson retrata o encontro dos europeus com os ind�genas, que, inicialmente, foi amig�vel e, pouco tempo depois, se tornou hostil e opressora. J� “As Invas�es Portuguesas” foram criadas nos anos 1980 e 1990 e conta a hist�rias ap�s a chegada dos portugueses ao Brasil, de forma fiel e sem perder as caracter�sticas marcantes do cartunista, com muito humor e cr�tica mordaz. 
 
Al�m disso, a HQ “Ficando”, criada em 1999 para participar do concurso do FIQ-BH e posteriormente publicada na Revista Bundas, narra a chegada de Cabral ao Brasil, de forma po�tica e ir�nica. Na hist�ria, � inclu�do eventos hist�ricos, como o abandono de degredados no Brasil e a reda��o da Carta de Caminha. 

Servi�o 

"A Caravela”
Dia e Hor�rio: sexta-feira (5/8)
Local:  Minascentro - Avenida Augusto de Lima, 785, Centro. 
Dentro da programa��o do 11º FIQ - Festival Internacional de Quadrinhos
Entrada gratuita
Informa��es e compra do livro: @nilsonazevedo_cartunista

* Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Thiago Prata
 


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