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Estado de Minas 'BEIJO DO GORDO!'

J� Soares morre aos 84 anos: as muitas carreiras do ecl�tico Jos� Eugenio

J� Soares foi apresentador, humorista, escritor, diretor teatral, m�sico, jornalista, roteirista, ator e artista pl�stico.


05/08/2022 11:21 - atualizado 05/08/2022 13:08

Jô Soares no cenário do talk show na Globo
(foto: Divulga��o/Rede Globo)

Apresentador, humorista, escritor, diretor teatral, m�sico, jornalista, roteirista, ator e artista pl�stico. Foram muitas as carreiras de sucesso de Jos� Eugenio Soares, mais conhecido como J� Soares, morto nesta sexta-feira (05/08) aos 84 anos em S�o Paulo.

"Ecl�tico total, o que mais gosta � tudo. (...) Sua express�o facial est� na cara. Sua express�o corporal s� se v� quando ele para. No dia em que morrer n�o deseja choro nem vela. Quer um enterro bem simples: apenas um caix�o de pinho com oitocentos bispos vestidos de p�rpura em volta, trezentas c�meras filmando e narra��o em dezessete l�nguas. Igualzinho ao do papa", contava o tamb�m multifacetado Mill�r Fernandes em texto de 1983 que abre a autobiografia O Livro de J� em dois volumes escrita por J� Soares em parceria com o jornalista e editor Matinas Suzuki Jr. (publicada em 2017 e 2018).

J� nasceu no Rio de Janeiro em janeiro de 1938, filho de Orlando Soares e Mercedes Leal Soares. O casal j� havia desistido de ter filhos, e a m�e de J�, ent�o com 40 anos, descobriu que estava gr�vida por acaso, j� em est�gio avan�ado da gravidez, depois de sentir dores enquanto cavalgava.

Ele se mudou ainda adolescente para a Europa (estudou de 1951 a 1956 na Su��a, onde ganhou o apelido de Joe) e pensava em ser diplomata naquela �poca. Mas a paix�o pelo teatro (�rea em que arriscava j� alguns n�meros) o levou � carreira art�stica quando ele precisou voltar ao Brasil em meados dos anos 1950 porque seu pai, um empres�rio paraibano, enfrentava graves problemas financeiros.

Apesar da paix�o pelo cinema e pelo teatro, seria um instrumento musical, o bong�, que lhe abriria as portas para mundo art�stico.

"O Rio se aproximava de seu ano dourado, 1958, e eu estava por ali, gord�ssimo de tantas possibilidades mas sem nada concreto ainda para fazer. Eu me divertia divertindo os outros, mas dinheiro que � bom, nada. Mesmo assim, havia muitas promessas de luz e, sempre que podia, eu dava um jeitinho de dar uma canja com o meu instrumento", conta J� em sua autobiografia.

Naquele momento, ele come�ava a ganhar fama com suas apresenta��es e os apelidos Joe Bong� ou Joe Soares. “‘Joe’ Soares, al�m de tocar bong� como poucos profissionais, faz dif�ceis imita��es com grande poder de observa��o, canta e dan�a, e, com os dedos das m�os, "cal�ados e vestidos", reproduz em miniatura os mais diversos malabarismos coreogr�ficos”, lembrava o jornal Di�rio Carioca em 1956.

Sua primeira apari��o "digna de nota" como ator, como ele mesmo pontuou em sua autobiografia, foi no filme O Homem do Sputnik, longa de 1959 dirigido por Carlos Manga em que interpretava um espi�o americano no Brasil.

Ao longo de sua carreira na TV, passou pela emissoras Continental, Tupi, Rio, Excelsior, Record, SBT e Globo. Entre os principais programas dessa trajet�ria est�o Fam�lia Trapo (escrito por J� e Carlos Alberto de N�brega, atualmente em A Pra�a � Nossa), Viva o Gordo, Planeta dos Homens, J� Soares Onze e Meia e Programa do J�.

Nos dois �ltimos programas, J� Soares se destacou a partir dos anos 1980 como um dos principais entrevistadores do pa�s por meio de uma atra��o televisiva inspirada nos formatos talk show e late show ("programa do final da noite na TV, com humor, m�sica, entrevistas e, muito importante, plateia", como ele descreve em sua autobiografia).

"N�o foi uma mudan�a radical, mas uma continua��o do meu trabalho de humor e tamb�m de jornalismo. Trabalhei no jornal �ltima Hora durante quatro anos, escrevi na Folha de S. Paulo e na revista Veja. E tem um lado de entrevista irreverente que s� eu posso fazer, com os pol�ticos", contou J� em entrevista ao portal Mem�ria Globo. No programa J� Soares Onze e Meia, por exemplo, foram mais de 6.000 entrevistas ao longo de 11 anos.

Em sua carreira como escritor, J� escreveu obras bem-humoradas de fic��o que misturavam fatos hist�ricos, como O Homem que Matou Get�lio Vargas, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras e O Xang� de Baker Street. Neste �ltimo, os personagens Sherlock Holmes e seu fiel assistente, John Watson, v�o ao Rio de Janeiro investigar o sumi�o de um violino e acabam esbarrando com um serial killer.

Em uma passagem do livro, o autor brinca com a possibilidade da dupla ter inventado a caipirinha. Watson sugere a Holmes n�o beber cacha�a pura por ser algo fort�ssimo. Por isso, sugere o parceiro, ele deveria adicionar lim�o ou laranja, al�m de gelo e a��car "para compensar a queima produzida pelo �lcool".

� quando um personagem pergunta para outro sobre que mistura � aquela.

- N�o sei, uma inven��o daquele caipira ali - disse, apontando para o chap�u de vaqueiro de Watson.

- Qual deles, o grand�o? - perguntou o rapaz, indicando Sherlock Holmes, todo de branco.

- N�o, o caipira grande est� s� bebendo. Quem preparou foi o menorzinho, o caipirinha - respondeu o propriet�rio, batizando assim, para sempre a ex�tica mistura.

Lan�ado em 1995, O Xang� de Baker Street vendeu mais de 500 mil exemplares e foi traduzido para oito l�nguas (J�, ali�s, era conhecido como falar com flu�ncia diversos idiomas, como ingl�s, alem�o e franc�s). A obra tamb�m foi adaptada para o cinema em 2001, e J� faz uma participa��o no filme como o desembargador Coelho Bastos.

J� Soares foi casado com a designer Fl�via Junqueira, a atriz Sylvia Bandeira e a tamb�m atriz Theresa Austreg�silo, com quem teve um filho, Rafael, morto aos 50 anos em 2014 em decorr�ncia de um c�ncer no c�rebro.

"Este � o pesadelo de todo pai: que a ordem natural das coisas seja alterada e um filho se v� antes. Como ele era autista, manteve-se crian�a at� o fim. O destino lhe prop�s uma vida curta de prova��es e limita��es, �s quais ele respondeu como uma bem guardada felicidade interior", escreveu J� no segundo volume de sua autobiografia.

Segundo Junqueira, que anunciou nas redes sociais a morte do ex-marido na madrugada desta sexta-feira, o enterro de J� Soares ser� fechado para familiares e amigos pr�ximos. Ele estava internado no hospital S�rio Liban�s desde o fim de julho, e a causa da morte n�o foi divulgada.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62437889

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