Obra de Philippe Vallois foi na contram�o da tradi��o heteronormativa da Nouvelle Vague (foto: Acervo pessoal)
O diretor franc�s Philippe Vallois, um dos pioneiros do cinema LGBTQIAP+, est� no Brasil pela primeira vez em seus 50 anos de carreira. A partir deste s�bado (20/8), mostra de sua obra ser� realizada no Cine Humberto Mauro do Pal�cio das Artes.
Na ter�a-feira (23/8), Vallois vai ministrar masterclass e conversar com o p�blico, �s 19h30. Na quinta (25/8), ele comemora seus 74 anos (que ser�o completados no dia 27), nos jardins do Pal�cio das Artes.
Toda a programa��o, que compreende cinco longas e dois curtas-metragens, tem entrada franca. Os filmes ficar�o dispon�veis de sexta-feira (26/8) a 26 de setembro na plataforma cinehumbertomauro.com.
O curador Bruno Hil�rio conta que procurou oferecer um panorama da trajet�ria do diretor. Philippe Vallois revela que desde os 13 anos quis fazer cinema. "Tive a chance de me mudar para Paris e, aos pouquinhos, conquistei meu espa�o”, diz.
O Cine Humberto Mauro vai exibir os longas “Johan” (1976), “N�s somos um s� homem” (1979), “Halterofilia: a serpente arco-�ris” (1983), “Um perfume chamado Said” (2006) e “O c�rculo dos pervertidos” (2016), al�m dos curtas “Paris � noite: Republiqu� Bastille” (1976) e “Segredos de filmagem” (2006).
Multiplicidade de g�neros sexuais
De acordo com Bruno Hil�rio, os filmes se destacam pelo foco na tem�tica LGBTQUIAP+ , que n�o era abordada na tradi��o heteronormativa da Nouvelle Vague francesa. O curador se refere a trabalhos voltados para a multipicidade de g�neros – l�sbicas, gays, bissexuais, transg�neros, queers, intersexuais, pansexuais e polissexuais.
"Conheci Vallois com ‘Johan’, considerado um dos primeiros grandes filmes homossexuais feitos na Fran�a. O diretor se assumiu homossexual com esse filme, o que, no contexto franc�s da �poca, quer dizer muita coisa”, afirma Bruno.
"Johan" se tornou marco do cinema franc�s (foto: FCS/divulga��o)
Censurado e perseguido na �poca de seu lan�amento, em 1976, "Johan" s� foi reconhecido e ganhou prest�gio nos anos 2000, quando se encontrou a c�pia sem cortes do longa.
Bruno Hil�rio diz que a homofobia impediu o diretor de obter financiamentos. Gra�as � inventividade ele p�de concluir seus filmes.
O curador cita a import�ncia de “N�s somos um s� homem”, filme sobre o relacionamento que emerge lentamente entre dois combatentes entrincheirados em lados opostos na Segunda Guerra Mundial, e da com�dia dram�tica “O c�rculo dos pervertidos”.
“Vallois tem trajet�ria muito interessante no cinema. Inclusive, foi estagi�rio de Marlon Brando no Marrocos, onde ele se iniciou sexualmente, na adolesc�ncia. Aos 50 anos, voltou ao pa�s e fez o percurso que resultou em ‘Um perfume chamado Said’, um de seus filmes mais belos”, destaca.
"O c�rculo dos pervertidos" � um dos destaques da obra de Vallois
(foto: FCS/divulga��o)
Encanto e desencanto com o Brasil
O cineasta se sente pr�ximo do Brasil. “Talvez pela influ�ncia da minha av� espanhola, por ser do Sudoeste da Fran�a ou por n�o ser um homem franc�s h�tero, me sinto mais pr�ximo da Espanha, da Am�rica Latina e do Brasil. O cinema franc�s � mais intelectual e literato”, aponta Vallois.
Ao comentar sua primeira visita ao pa�s do carnaval, o diretor se diz encantado com a receptividade das pessoas, mas pesaroso com as dificuldades enfrentadas pelo povo brasileiro.
“� um pa�s dif�cil de se viver. Na Fran�a, sempre vejo pessoas falando: ‘Ah, est� tudo muito dif�cil, n�s temos t�o pouco dinheiro’, mas todas conseguem levar vidas muito confort�veis. Elas deveriam vir aqui e ver a quantidade de pessoas vivendo nas ruas”, conclui Vallois.
PHILIPPE VALLOIS: CARTOGRAFIAS DO DESEJO
Mostra dedicada � obra do diretor Philippe Vallois. Deste s�bado (20/8) a quinta-feira (25/8), no Cine Humberto Mauro do Pal�cio das Artes. Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Programa��o completa no site www.fcs.mg.gov.br. Entrada franca.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria