N�o era s� uma fase. Se voc� foi adolescente nos anos 2000 e ouvia bandas como Fresno e NX Zero, este � o seu momento: o emo voltou com tudo! Unindo elementos do grunge e do rock, com pitadas de pop e um estilo totalmente pr�prio, a est�tica invadiu - de novo - as produ��es para TV e cinema, os lineups de festivais e at� mesmo o modo de se vestir ou de se maquiar.
Um dos primeiros sinais da volta do emo foi o lan�amento do �lbum "Sour", de Ol�via Rodrigo. A jovem estrela da Disney deu voz aos dramas adolescentes, ap�s o fim de um relacionamento, com uma pegada rock. Mas n�o era s� isso. O hit "Good 4 you" trazia uma semelhan�a clara a um hino dos anos 2000: "Misery business", do Paramore. E n�o era coincid�ncia, j� que os integrantes da banda Hayley William e Josh Faro foram colocados nos cr�ditos da m�sica.
Logo, a cantora teen ganhou os tiktokers de todo o mundo, que resgataram outros hits emo. Tanto que Hayley subiu aos palcos com outra queridinha da gera��o Z, Billie Eilish. Juntas, elas fizeram um cover de "Happier than ever", da cantora de 20 anos.
Ainda falando de Hayley, a vocalista do Paramore lan�ou um podcast chamado "Everything is emo", refor�ando um t�tulo que j� foi t�o rejeitado anos antes. A cantora e podcaster deve vir ao Brasil em 2023, como uma das atra��es do festival Lollapalooza, em S�o Paulo.
Festivais emo
Mas, mesmo sem o Paramore, o Lollapalooza de 2022 foi considerado o mais emo de todos os tempos. A programa��o reunia grandes nomes do ritmo, como Fresno, A Day to Remember e Alexisonfire. Tamb�m houve espa�o para novos artistas. Entre eles, Machine Gun Kelly e jxdn.

Agora, com a proximidade do Rock in Rio, os f�s se preparam para mais um festival com grandes nomes do emo. Al�m da brasileira Fresno, Avril Lavigne tamb�m � uma das atra��es. A cantora canadense � dona de hits como "Girlfriend" e "When you’re gone".
E n�o � s� aqui no Brasil. Fora do pa�s, outros festivais com atra��es emo conquistaram o p�blico. � o caso do Firefly Festival, que ser� realizado em setembro, nos Estados Unidos. Na programa��o, um dia � dedicado ao ritmo. Entre os artistas est�o My Chemical Romance, Weezer, All Time Low e Avril Lavigne.
A volta do My Chemical Romance
Uma das maiores bandas emo do mundo, o My Chemical Romance, dono de hits como “Helena” e “Welcome to the black parade”, anunciou, em 2019, o retorno aos palcos depois de seis anos de hiato.

A banda liderada por Gerard Way, que levou o emo para a Netflix em "Umbrella academy", causou frisson entre os f�s e esgotou ingressos das apresenta��es. Durante a pandemia, com os shows suspensos, a can��o "Teenagers" viralizou em uma trend no TikTok, ganhando ainda mais notoriedade, especialmente com as novas gera��es.
Desde 2021, o MCR faz uma manobra inesperada para uma banda de rock: lan�ou tr�s cole��es de maquiagem, cada uma inspirada em um �lbum da banda, em parceria com a marca HipDot. Todas esgotadas em poucos dias.
Em 12 de maio de 2022, sem nenhum aviso pr�vio, a banda surpreendeu os f�s. "The foundations of decay" foi a primeira m�sica in�dita do My Chemical Romance em oito anos. Com uma sonoridade que lembra o primeiro �lbum, "I brought you my bullets, you brought me your love", a faixa fala sobre envelhecer, sentir a press�o para voltar e a vontade de desistir. Mas a �ltima frase da can��o mostra que a banda veio para ficar: "Get up, coward" (Levante-se, covarde).
Na TV e no cinema
Mas n�o � s� nos palcos e nas plataformas de streaming que o emo voltou. O lan�amento de "Batman", protagonizado por Robert Pattison, � o exemplo perfeito. Com imagens mais escuras e o super-her�i usando l�pis e sombra preta nos olhos e um corte de cabelo que fez sucesso nos anos 2000, foram in�meros memes relacionando o homem morcego � moda emo.
Mais do que especula��o nas redes sociais, o pr�prio ator admitiu que deu vida a um Bruce Wayne "esquisit�o", em vez de um playboy exc�ntrico, como � normalmente retratado. Pattinson chegou a chamar a DC de "um tipo de quadrinho emo".
Na Netflix, duas obras abriram as portas para o emo. Em 2019, a gigante do streaming lan�ou uma adapta��o da HQ "Umbrella Academy", de autoria de Gerard Way (o do My Chemical Romance) e do brasileiro Gabriel B�. Way, que tamb�m assina a produ��o executiva da s�rie, chegou a chamar a pr�pria cria��o de "uma vers�o emo dos X-men".

Em 2022, a Netflix lan�ou "Sandman", tamb�m inspirada em um quadrinho. E n�o deu outra: a est�tica do Sonho (Tom Sturridge) caiu no gosto das redes sociais, que chegou a falar que o personagem era a vers�o emo de Ana Maria Braga.
Moda e maquiagem
Quando Anitta lan�ou o clipe de "Boys don’t cry", a poderosa comentou que tinha se inspirado no emo e que teve uma adolesc�ncia roqueira. Foi um sinal claro de que a tend�ncia emo tinha voltado. Dando uma olhada nos gurus da moda, vemos meias-cal�as com estampas, blusas arrast�o, saias pregueadas, cintos com rebites e alfinetes, coturnos e t�nis All Star.
Mas diferente do que se viu nos anos 2000, as composi��es s�o mais leves, sem parecer uma caracteriza��o ou uma fantasia. O mesmo na maquiagem, com os l�pis e sombra pretos combinados com glitter. Ao contr�rio da palidez do auge do emo, a moda pede blush e iluminador, al�m de pelo menos uma corzinha nos l�bios.
Se compararmos o emo com a imagem dos e-boys e e-girls � poss�vel perceber muitas semelhan�as. O cabelo colorido e com cortes repicados, a maquiagem pesada e as roupas listradas s�o os mesmos. O que muda s�o as redes em que a gera��o se expressa.
Se antes os emos exibiam seus looks em poses cabisbaixas no Flog�o e no Orkut, a gera��o Z usa roupas semelhantes em v�deos de dancinhas do TikTok.
Nostalgia
A volta do emo tem muito a ver com a nostalgia. � que a gera��o que viveu aquela �poca agora � adulta, com maior poder de consumo e liberdade para escolher o que quer. Isso explica, em partes, os ingressos das bandas emos tradicionais esgotando t�o rapidamente.
� por conta da nostalgia, tamb�m, que a festa "E eu que era emo?", que � realizada em BH, e o "Bloco Emo", do carnaval de S�o Paulo, conquistaram muitos adeptos. Al�m disso, � por isso tamb�m que a saga "Crep�sculo" ficou entre os filmes mais assistidos quando chegou �s plataformas de streaming. Se antes gostar da saga criada por Stephanie Meyer era motivo de chacota, hoje, � uma coisa legal.
Ser emo, inclusive, era motivo de deboche. J� que, muitas vezes, quem se identificava com o estilo era considerado fora do padr�o. N�o � � toa que o emo sempre acolheu a diversidade, as identidades de g�nero e n�o via orienta��es sexuais n�o hetero como tabus – coisas que ganharam espa�o ao longo dos anos.
Para muita gente, voltar aos anos 2000 � resgatar esse sentimento de pertencimento � tribo. Mas o emo n�o vive s� de passado. As novas m�sicas mesclam n�o s� apenas quest�es individuais, mas questionam a sociedade, falam de pol�tica e viol�ncia.