
A Festa Liter�ria Internacional de Paraty (Flip) vai homenagear uma escritora negra pela primeira vez em sua hist�ria de 20 edi��es: a pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis. O an�ncio foi feito, esta semana, pelos curadores Fernanda Bastos, Milena Britto e Pedro Meira Monteiro e o diretor art�stico Mauro Munhoz.
“Foi uma autora esquecida no c�none que hoje � pesquisada principalmente por mulheres”, disse Bastos. “A Flip ainda � uma est�ncia de consagra��o, por isso queremos sugerir um outro s�culo 19, uma outra independ�ncia”, afirmou Meira Monteiro.
Com o romance “�rsula”(1859), Maria Firmina derrubou barreiras na literatura feminina e abolicionista brasileira. Seu legado ser� esquadrinhado pela cr�tica liter�ria Fernanda Miranda e pela historiadora Ana Fl�via Magalh�es Pinto na mesa que abrir� a Flip, em 23 de novembro.
O romance de Firmina, possivelmente, � o primeiro publicado por mulher negra na Am�rica Latina, segundo o portal de literatura afro-brasileira da UFMG.
Estar� em Paraty a francesa Annie Ernaux, uma das principais refer�ncias da literatura contempor�nea mundial, autora de “O lugar”, “Os anos” e “O acontecimento”, lan�ados pela editora F�sforo. A escritora, de 82 anos, participar� de mesa, em 26 de novembro, com a brasileira Veronica Stigger.
Outras presen�as internacionais s�o a antrop�loga francesa Nastassja Martin, autora de “Escute as feras (Editora 34), o chileno Benjam�n Labatut, de “Quando deixamos de entender o mundo” (Todavia), e a cubana Teresa C�rdenas, voz central da literatura negra latino-americana.
Tributo a Claudia Andujar
A festa tamb�m celebrar� a carreira da fot�grafa Claudia Andujar, cujo trabalho junto aos yanomamis marcou hist�ria no pa�s. “� uma das inova��es deste ano homenagear um artista vivo”, afirmou Munhoz.
Estar�o em Paraty artistas visuais como a transgressiva Lenora de Barros, a quadrinista Fabiane Langona e o poeta mineiro Ricardo Aleixo, que mistura arte multim�dia a sua literatura. Aleixo puxa uma programa��o forte de brasileiros de proje��o ascendente – Carol Bensimon, Cidinha da Silva, Geovani Martins e Amara Moira.
Moira se junta a Camila Sosa Villada, de “O parque das irm�s magn�ficas”, numa sele��o atenta � literatura produzida por pessoas trans.
Outro destaque � Cida Pedrosa, vencedora do Jabuti por “Solo para vialejo”. Esta pernambucana exemplifica como a programa��o busca escapar � fadiga do eixo liter�rio do Sudeste, algo que se materializa na presen�a da baiana Luciany Aparecida, do paraibano Christiano Aguiar, da paraense Nay Jinknss e dos ga�chos Eduardo Sterzi e Luiz Maur�cio Azevedo.
O foco na diversidade geogr�fica, somado �s dificuldades de capta��o de recursos pelo estrangulamento da Lei Rouanet, revela uma edi��o com menor presen�a internacional. At� agora, s�o 10 autores estrangeiros confirmados, contra 13 das edi��es presenciais em 2018 e 2019. Ser� uma edi��o mais enxuta, de 23 a 27 de novembro, com apenas 17 mesas confirmadas at� agora.