
Palco e cen�rio de grandes acontecimentos de Minas Gerais – inaugurado em 1898, foi sede oficial do governo estadual at� 2010 e testemunha de grandes manifesta��es populares –, o Pal�cio da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, vive novo momento em sua hist�ria de mais de um s�culo. O secret�rio de Estado de Cultura e Turismo, Le�nidas Oliveira, informou, nesta ter�a-feira (20/9), que o pr�dio ficar� sob gest�o de sua pasta, “consolidando-se como um importante equipamento cultural voltado � popula��o.”
Le�nidas adianta que a gest�o da programa��o cultural do Pal�cio da Liberdade ficar� a cargo da Funda��o Cl�vis Salgado, que assume tamb�m o Circuito Liberdade.
“Trata-se de um museu vivo, espa�o c�vico-cultural de grande import�ncia na nossa hist�ria”, ressalta o titular da Secult. Entre as novidades est� a abertura ao p�blico do cinema, que existe no local e ter� programa��o conjunta com a Sala Humberto Mauro/Pal�cio das Artes; exposi��es; abertura dos jardins, nos finais de semana, com os Drag�es da Inconfid�ncia fazendo a guarda; e edital para ocupa��o dos jardins, com programa��o especial.
“Queremos colocar a cultura na centralidade”, refor�a Le�nidas Oliveira, lembrando que o Pal�cio da Liberdade continuar� a receber embaixadores e outras autoridades, al�m de sediar reuni�es da Secult.
Desde a reabertura ao p�blico em 9 de outubro de 2021, a constru��o em estilo ecl�tico e tombada pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG) recebeu 13,9 mil visitantes – de janeiro de 2022 at� o momento, as visitas somam 12,2 mil. Desde ontem, recebe a exposi��o “Libertas quae sera tamen: Percursos hist�ricos & Imagin�rios”.

Testemunha de BH
No final do s�culo 19, Belo Horizonte foi planejada para ser a nova capital de Minas, sendo a Pra�a da Liberdade o lugar escolhido para abrigar o centro administrativo e o Pal�cio da Liberdade – sede e s�mbolo do governo.
Conforme estudos divulgados pela Secult, a arquitetura ecl�tica da constru��o projetada pelo arquiteto Jos� de Magalh�es reflete a influ�ncia do estilo franc�s, com requintes de acabamento e riqueza de elementos decorativos.
No interior do pal�cio, h� candelabros em bronze dourado, piso em parquet, lustres de cristal, pain�is aleg�ricos, escadaria principal encomendada a uma empresa da B�lgica e rico mobili�rio. Na �rea externa, podem ser vistos os jardins planejados por Paul Villon, seguindo o estilo ingl�s, mas alvo de reformula��es ao longo do tempo, quando foram inclu�dos elementos decorativos como esculturas e fontes.
O Pal�cio da Liberdade se tornou testemunha de fatos marcantes da hist�ria de Minas e do Brasil. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), milhares de mineiros protestaram, na Pra�a da Liberdade, contra os pa�ses do Eixo, formado por Alemanha, It�lia e Jap�o, quando navios brasileiros foram torpedeados no Oceano Atl�ntico.
Um dos momentos mais marcantes do Pal�cio da Liberdade foi o vel�rio do ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985), morto em 21 de abril de 1985. Houve como��o geral. A grade arrebentou, devido � press�o da multid�o reunida �s portas da sede do governo, e sete pessoas morreram.
Na sacada do pal�cio, a vi�va Risoleta Neves (1917-2003), com a voz embargada, pedia calma aos mineiros, apelo dram�tico para conter o povo aglomerado que queria se despedir do ex-presidente.
Mas a alegria tamb�m dominou a pra�a, que teve grandes celebra��es: a posse do presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976), em 1951; a aclama��o de Nossa Senhora da Piedade, em 1969, como padroeira dos mineiros; e, bem antes de todos esses fatos, l� em 1920, a recep��o aos reis da B�lgica.
Pal�cio recebe a exposi��o 'Libertas quae sera tamen: Percursos hist�ricos & Imagin�rios'
Em comemora��o ao bicentent�rio da Independ�ncia do Brasil, foi aberta nesta ter�a-feira (20/9), no Pal�cio da Liberdade, a exposi��o “Libertas quae sera tamen: Percursos hist�ricos & Imagin�rios”, que ficar� em cartaz at� 13 de novembro, com entrada franca.
O p�blico ver� 43 pe�as e documentos, duas obras de artistas contempor�neos, performance e apresenta��o de corais. A exposi��o re�ne moedas, bandeiras e fardas, a exemplo da usada pelo alferes Joaquim Jos� da Silva Xavier (1746-1792), o Tiradentes, m�rtir da Inconfid�ncia Mineira (1788-1789).

O acervo pertence ao Museu Mineiro, Museu dos Militares Mineiros, Arquivo P�blico Mineiro, Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de Minas Gerais, Pol�cia Militar de Minas Gerais e Museu da Mem�ria do Judici�rio Mineiro. A curadoria � da Superintend�ncia de Bibliotecas, Museus, Arquivos e Equipamentos Culturais (Sbmae).
A mostra ocupa o sagu�o, hall da escada, Sal�o de Honra, Sal�o do Couro, salas da lateral esquerda, Sal�o de Banquetes e Sal�o do Almo�o. Segundo os organizadores, s�o explorados tr�s marcos temporais da Independ�ncia do Brasil. Ganham destaque trabalhos dos artistas contempor�neos Randolpho Lamounier e �rtemis Garrido.

No in�cio da tarde de ontem, na Alameda Travessia, houve a performance “Ninho”, do artista mineiro David Guener.
Durante a cerim�nia, o p�blico assistiu � apresenta��o vinculada ao Festival Internacional de Corais, em que grupos representantes da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte apresentaram o Hino Nacional, o Hino da Independ�ncia e repert�rio de m�sica popular.
Tr�s marcos temporais
A mostra explora tr�s marcos temporais da Independ�ncia do Brasil: os anos de 1822, 1922 e 2022. O primeiro eixo expogr�fico remete ao processo que culminou com a proclama��o da Independ�ncia do Brasil, bem como mudan�as ocorridas ap�s a ruptura com Portugal.
O segundo explora o marco do centen�rio da data emancipat�ria, enquanto o terceiro discute aspectos inerentes � ruptura com o imp�rio portugu�s e seus reflexos na contemporaneidade.

Na primeira �rea de visita��o da mostra, no hall de entrada do Pal�cio da Liberdade, ao p� da e
scadaria, o p�blico encontrar� os vest�gios da performance “Ninho”, de David Guener, apresentada na abertura da exposi��o.
Ao fim da escadaria est� “Discurso nulo”, de Randolpho Lamounier, ocupando o ambiente com mais uma vis�o do contempor�neo sobre a historicidade.
“LIBERTAS QUAE SERA TAMEN: PERCURSOS HIST�RICOS & IMAGIN�RIOS”
Exposi��o em cartaz at� 13 de novembro, no Pal�cio da Liberdade (Pra�a da Liberdade, s/nº, Funcion�rios). Das 10h �s 15h. Entrada franca. Informa��es: (31) 3236-7400