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Estado de Minas LAZER

Pal�cio da Liberdade � reaberto, com espet�culo � parte no jardim da pra�a

Cores, formas e cheiros do jardim florido d�o as boas-vindas aos visitantes do Pal�cio da Liberdade, sede do governo de Minas de 1897 a 2010, reaberto hoje


09/10/2021 06:00 - atualizado 09/10/2021 07:36

Praça da Liberdade
Visitantes passeiam no jardim da pra�a, que abriga a antiga sede do governo de Minas, onde as flores e fontes fazem a festa de Carolina e do pequeno Miguel (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
De portas abertas para a visita��o p�blica e de frente para a beleza dos jardins localizados no ponto mais nobre de Belo Horizonte. O Pal�cio da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul, volta a receber, hoje, brasileiros e estrangeiros interessados em conhecer o palco de importantes acontecimentos da hist�ria mineira – afinal, foi sede oficial do governo estadual de 1897 a 2010 e testemunha de grandes manifesta��es populares. Quem for pela primeira vez ou estiver revisitando o espa�o deve obrigatoriamente passear na Pra�a da Liberdade, que, favorecida pelas �ltimas chuvas, exibe suas cores atraentes, exala perfumes e convida � contempla��o, lazer, aconchego.

Na manh� de quinta-feira, chuvosa e com o sol dando �s vezes o ar da gra�a entre nuvens, os canteiros se tornaram alvo de olhares atentos: roseiras ganharam carinhos de uma jovem paraense, margaridas encantaram dois amigos de BH e os l�rios fizeram a festa para m�e e filho. “Os jardins est�o muito bonitos. Aqui, na Pra�a da Liberdade, h� uma harmonia de tons que valorizam o espa�o p�blico”, diz o arquiteto Ricardo Lana, respons�vel, em 2018, pelo plano de manejo dos jardins e diagn�stico do estado de conserva��o da pra�a, que divide os bairros Funcion�rios e Lourdes.

Na companhia de Lana, a equipe do Estado de Minas percorreu os v�rios pontos da Pra�a da Liberdade, a fim de conhecer melhor seus tesouros em forma de p�talas, caules, folhas. O passeio come�ou pelo canteiro do lado esquerdo de quem olha para o Pal�cio da Liberdade. Com seu lil�s sedutor, se encontram os agapantos no contraste com a suavidade das margaridas, um ambiente perfeito para a admira��o dos amigos Gustavo Guimar�es, de 22 anos, estudante de engenharia mec�nica, e Daphiny Jesus Stevam, de 21, cursando terapia ocupacional.

“Venho sempre � Pra�a da Liberdade, pois adoro este lugar, ainda mais porque tem margarida, minha flor predileta”, disse Daphiny, moradora do Bairro Provid�ncia, na Regi�o Norte da cidade. Gustavo, residente no Bairro Castelo, na Pampulha, contou que locais abertos, com dom�nio do reino vegetal, lhe agradam e inspiram. Depois de passar algum tempo observando as plantas, os dois fizeram selfies e registraram o momento no celular.

Em seguida, Lana convidou para admirar as roseiras, que, na sua avalia��o, precisam de poda na �poca certa, para n�o crescerem tanto. Morando em BH para estudar turismo, a paraense de Bel�m, Laianny de Freitas, de 25, fez quest�o de tirar uma foto bem perto da “rainha das flores”. E revelou que, logo ao chegar � capital, foi informada da obrigatoriedade de visitar a Pra�a da Liberdade. “S�o muitas tonalidades. Gosto tamb�m de ver as �rvores, e noto que est�o bem podadas.”

NO TEMPO CERTO

Carregando um caudaloso manual de podas, elaborado especialmente para o espa�o que, depois de seis meses de obras, foi entregue � capital em 3 de dezembro de 2018, o arquiteto mostrou uma das suas plantas preferidas: a esponjinha-amarela. “Sinta o perfume!”, recomendou ao tocar levemente um galho.

Nos dois canteiros seguintes, ficam os l�rios-amarelos, conhecidos como l�rios-de-s�o-jos�, e o camar�o-vermelho. As nuances crom�ticas mereceram um coment�rio de Lana: “As cores v�o do branco ao vermelho, passando pelo rosa”. O branco atraiu os olhares sobre as gard�nias, e, vindo l� do fundo da alma, algu�m cantou o verso “o teu perfume gard�nia, e n�o me perguntes mais”, numa homenagem � voz de Elis Regina para o bolero “Dois para l�, dois para c�”, composto por Aldir Blanc e Jo�o Bosco.

Carolina com o filho Miguel na Praça da Liberdade florida
Carolina com o filho Miguel na Pra�a da Liberdade (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Com a melodia na cabe�a, o grupo continua seu giro, desta vez parando � beira do espelho-d’�gua, batizado Cruzeiro do Sul, devido � sua forma. Do outro lado da rua, veem-se o Pr�dio Verde, sede do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha), institui��o que completa 50 anos este m�s e fez o tombamento da Pra�a da Liberdade em 1977. O visitante enxerga ainda o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), que, j� de manh�, tem muita gente curtindo a escadaria, que virou refer�ncia. Na divisa com o asfalto ficam as cercas vivas compostas pelo arbusto viburno. De repente, os repuxos do espelho-d’�gua come�am a funcionar e agradam aos olhos da terapeuta hol�stica Carolina Tinano, que passava com o filho Miguel, de 1 ano e 10 meses. “Estes jardins s�o bem especiais na minha vida e do meu marido, Paulo M�rcio Marques do Nascimento. Foi aqui que come�amos a namorar, que ele me pediu em casamento, e onde fizemos o �lbum de um ano do Miguel. Amo a pra�a. Ela ficou bem bonita depois da restaura��o”, contou Carolina, diante do canteiro de l�rios-amarelos e helic�nias.

CENAS URBANAS

Neste pequeno universo de BH, em formato retangular e cortado pela Alameda das Palmeiras, v�rias cenas se sucedem: um jovem l� um livro calmamente sentado no banco da pra�a, um casal namora, a fam�lia curte a manh�, um homem dorme no coreto, a jovem treina boxe, a noiva, com o buqu�, recebe o abra�o do futuro marido e dois escolares, obviamente de m�scara, seguem com suas mochilas. Diante do busto de bronze do senador J�lio Bueno Brand�o (1858-1931), com um “tapete” de s�lvias vermelhas aos seus p�s, uma senhora capricha nas fotos.

No lado direito de quem olha para o Pal�cio da Liberdade, os bustos do jornalista Azevedo J�nior (1865-1909) e do escritor Bernardo Guimar�es (1825-1884) se unem pelo canteiro de minirrosas. E ao longo do caminho, passando perto dos antigos pr�dios das secret�rias de Fazenda e da Educa��o, hoje atrativos culturais do Circuito Liberdade, est�o roseiras, cana-da-�ndia ou cana �ndica e o azul da bela-em�lia. � frente, o busto de Crispim Jacques Bias Fortes (1847-1917), ex-governador de Minas, em cuja gest�o ocorreu a transfer�ncia da capital, de Ouro Preto para Belo Horizonte, em 12 de dezembro de 1897.

Na avalia��o de Ricardo Lana, o Pal�cio e a Pra�a da Liberdade formam um conjunto �nico – e eram assim at� a d�cada de 1970, quando foram colocados gradis na frente da constru��o em estilo ecl�tico e implantadas vias de tr�nsito na frente. “N�o seria mais poss�vel voltar ao que era, mas, visualmente, temos uma paisagem �nica”, ressalta Lana, que trabalhou tamb�m no grande projeto de restaura��o do espa�o p�blico, em 1991, comandado pela arquiteta J� Vasconcelos.

Desde janeiro de 2019, os jardins da Pra�a da Liberdade s�o adotados pela MRV, e n�o h� data, segundo a empresa, para encerramento do contrato firmado com a Prefeitura de Belo Horizonte. Em 2018, o custo da restaura��o do espa�o p�blico ficou em R$ 5,2 milh�es, sendo a maior parte bancada pela PBH, que tamb�m executou a obra, havendo complemento de recursos da Cemig e Vale.

TERRIT�RIO LIVRE

Os jardins t�m muita hist�ria. Conforme o Guia de Bens Tombados do Iepha, a pra�a, ainda com o paisagismo org�nico do franc�s Paul Villon (1841-1905), foi palco das festividades de inaugura��o de BH. Mais tarde, houve altera��es ent�o seguindo o estilo ingl�s. Para a visita dos reis da B�lgica, em 1920, foi adotado o estilo franc�s.

O novo projeto paisag�stico foi inspirado nos jardins do Pal�cio de Versalhes, na Fran�a, e a pra�a ganhou caminhos ortogonais e formas geom�tricas, al�m de fontes luminosas.

Na sua totalidade, a Pra�a da Liberdade sempre foi palco de todos os tipos de manifesta��o – pol�ticas, sociais, religiosas, culturais e c�vicas – e representa um marco estrat�gico no munic�pio. Al�m de ter grande visibilidade, � um lugar charmoso e s�ntese de v�rios estilos arquitet�nicos, como os pr�dios das antigas secretarias de Fazenda, Educa��o, e Obras e Vias P�blicas, da �poca da constru��o; ou o Edif�cio Niemeyer e a Biblioteca P�blica, projetados pelo arquiteto modernista Oscar Niemeyer (1906-2012). Da lavra contempor�nea, pontifica o Rainha da Sucata, da d�cada de 1980, do arquiteto �olo Maia (1942-2002).

Em 2010, a sede do governo estadual e as secretarias se transferiram para a Cidade Administrativa, em Venda Nova, e entrou em cena o Circuito Liberdade, ampliado com novos espa�os.


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