
O compositor e acordeonista italiano Pietro Roffi diz se lembrar de, na inf�ncia, assistir a uma propaganda na televis�o, cuja trilha era “Libertango”, de Astor Piazzolla, e ficar encantado com o tema. � a recorda��o mais remota que ele tem do contato com a obra do c�lebre m�sico argentino, que o acompanha desde o in�cio de sua carreira.
Para sua primeira apresenta��o em Belo Horizonte – a segunda no Brasil, onde j� esteve em 2018, para um concerto no Rio de Janeiro –, nesta quarta-feira (28/9), �s 20h, no Teatro 1 do CCBB, com entrada franca, Pietro, atualmente com 30 anos, elaborou um roteiro que costura temas de Piazzolla com composi��es pr�prias.
O show de logo mais � batizado “Os sons da emo��o: Astor Piazzolla” e integra a programa��o paralela da exposi��o do italiano radicado em BH Umberto Nigi, “Cor e forma: a poesia do equil�brio”, em cartaz nas galerias do t�rreo do CCBB. Na apresenta��o, o acordeonista estar� acompanhado pelo premiado quinteto de cordas mineiro Fam�lia Barros.
Rela��o at�vica
Pietro destaca que sua rela��o com Piazzolla tem algo de at�vico n�o apenas por se expressarem por meio do mesmo instrumento, mas tamb�m porque o grande expoente do tango argentino descende de italianos. “Piazzolla � indissoci�vel do acordeom, a m�sica dele � formatada para o instrumento, e eu comecei a tocar acordeom quando tinha 7 anos, ent�o posso dizer que � uma obra que sempre fez parte da minha vida”, aponta.
Ele sublinha o v�nculo p�trio: “Piazzolla descende de fam�lia italiana, os pais eram italianos; ‘Adios Nonino’ foi composto em outubro de 1959, dias depois da morte de seu pai, Vicente Piazzolla, a quem seu filho costumava chamar de ‘nonino’, que � avozinho em italiano”. Pietro destaca, ainda, outras raz�es que o fazem se sentir pr�ximo da obra do compositor que ir� homenagear em sua apresenta��o no CCBB-BH.
“� uma m�sica que tem v�rias facetas, mistura v�rios sentimentos, como viol�ncia e paix�o, mas tamb�m ternura e saudade. Isso me interessa. Acho que a obra de Piazzolla � uma s�ntese dos caminhos da composi��o ao longo do s�culo 20”, ressalta. Essa obra pela qual nutre tanta admira��o est� concentrada na primeira parte do concerto, conforme aponta. Na segunda parte, ele mostra um pouco de sua verve autoral.
"� uma m�sica que tem v�rias facetas, mistura v�rios sentimentos, como viol�ncia e paix�o, mas tamb�m ternura e saudade. Isso me interessa. Acho que a obra de Piazzolla � uma s�ntese dos caminhos da composi��o ao longo do s�culo 20"
Pietro Roffi, acordeonista e compositor
Compositor tardio
Apesar de ter iniciado a carreira musical muito cedo, Pietro s� foi se dedicar � composi��o a partir de 2018, quando lan�ou o single “Est ovest”. No ano seguinte, veio � luz seu primeiro �lbum totalmente autoral, batizado “1999” – uma alus�o ao ano em que come�ou a tocar. Esse disco fornece parte do repert�rio que comp�e a segunda parte da apresenta��o.
Sobre os m�sicos com os quais vai dividir o palco, ele diz ter ficado muito feliz e honrado em poder contar com esse acompanhamento luxuoso. “Quando aceitei o convite do Consulado da It�lia em Belo Horizonte para vir me apresentar aqui, achei excelente esse formato, com o quinteto de cordas junto, porque sei que a Fam�lia Barros � uma refer�ncia na cidade”, aponta.
Formado por Eliseu Barros (violino), Elias Barros (violino), William Barros (violista), Lucas Barros (violoncelo) e Thiago Santos (contrabaixo), o grupo traz na bagagem grande experi�ncia de atua��o em orquestras de todo o Brasil. Thiago, William e Lucas integram, atualmente, a Filarm�nica de Minas Gerais.
O quinteto tamb�m j� se apresentou ao lado de grandes nomes da m�sica popular brasileira, como Caetano Veloso, Guilherme Arantes, Skank e L� Borges, e tamb�m de artistas internacionais, como Frank Sinatra Jr., Pinchas Zukerman e Augustin Hadelich.
Trilhas de cinema
Pietro Roffi, por sua vez, j� se apresentou como solista, ao longo dos anos, em diversas e prestigiadas salas de concerto ao redor do mundo, como o Die Glocke, na Alemanha, e a Royal Academy of Music, em Londres. Tamb�m j� se aventurou pelo mundo do cinema, participando da grava��o da trilha sonora do filme “Nome di donna”, de Marco Tullio Giordana, e da vers�o italiana de “Pin�quio”, dirigida por Matteo Garrone.
“Minha expectativa � que a casa esteja cheia e que o p�blico seja receptivo”, diz o acordeonista, sobre o concerto de logo mais. “Tenho a miss�o de levar o acordeom a todos os cantos do mundo, e quando toco pela primeira vez em uma cidade, me sinto honrado de ser a pessoa que est� apresentando as possibilidades que esse instrumento oferece. O acordeom � conhecido, mas n�o exatamente popular; acredito que muitas pessoas talvez ainda n�o tenham tido contato com toda a riqueza e versatilidade que ele traz consigo”, diz.
“OS SONS DA EMO��O: ASTOR PIAZZOLLA”
Concerto com o acordeonista Pietro Roffi e o quinteto de cordas Fam�lia Barros, nesta quarta-feira (28/9), �s 20h, no Teatro 1 do CCBB-BH (Pra�a da Liberdade, 450, Funcion�rios, 31. 3431 9400). Entrada gratuita, com retirada de ingressos pelo site do centro cultural ou na bilheteria.
OUTROS DI�LOGOS SOBRE O TANGO MODERNO
Piazzolla volta � baila no pr�ximo s�bado (1º/10), com a apresenta��o, no Grande Teatro do Sesc Palladium, do grupo S�nico. Formado em Bruxelas, em 2015, contando com integrantes de diferentes pa�ses – os argentinos Alejandro Schwarz (viol�o) e Ariel Eberstein (baixo ac�stico), o franc�s Lysandre Donoso (acordeom), o belga Ivo de Greef (piano) e o norte-americano Stephen Meyer (violino) –, o conjunto vai levar ao p�blico um show que celebra o tango.
Intitulada “Astor Piazzolla y Eduardo Rovira – La noche del encuentro”, a apresenta��o joga luz sobre o chamado “tango de vanguarda”, com obras dos dois compositores fundamentais para a renova��o do aclamado ritmo argentino.
Em 2018, o S�nico lan�ou seu primeiro �lbum, “Eduardo Rovira: la otra vanguardia”. Em 2019, veio � luz outro disco dedicado ao mesmo compositor, “Eduardo Rovira: in�dito e inconcluso”, que fez com que o grupo fosse classificado pela revista “Rolling Stone” como “um dos sete imprescind�veis para a reconstru��o do tango moderno”. Nesta temporada de 2022, o S�nico segue celebrando o centen�rio de nascimento de Piazzolla (1921-1992), com o lan�amento do �lbum “Piazzolla-Rovira: the edge of tango”. (DB)
“ASTOR PIAZZOLLA Y EDUARDO ROVIRA – LA NOCHE DEL ENCUENTRO”
Concerto com o grupo S�nico, no pr�ximo s�bado (1/10), �s 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, 31.3270-8100). Ingressos entre R$ 40 e R$ 80, � venda na bilheteria do Sesc Palladium.