Sacheen Littlefeather, a ativista e atriz nativa americana que foi vaiada em 1973 ao recusar um Oscar em nome de Marlon Brando, morreu aos 75 anos, informou a Academia de Artes e Ci�ncias Cinematogr�ficas de Hollywood no domingo (2/10).
No Twitter, a Academia recordou uma frase de Littlefeather: "Quando eu me for, sempre lembrem que cada vez que voc� defende sua verdade, voc� manter� minha voz e as vozes de nossas na��es e povos".
Na cerim�nia do Oscar de 1973, a ent�o presidente dos nativos norte-americanos foi � festa, em Los Angeles, para representar Marlon Brando, indicado � estatueta por sua interpreta��o como Don Corleone em "O poderoso chef�o".
Quando anunciado o nome dele como melhor ator, ela subiu ao palco e recusou a estatueta que Roger Moore, ao lado de Liv Ullmann, tentou lhe entregar.
A jovem apache, ent�o aos 26 anos, apresentou-se ao p�blico e explicou o porqu� de seu gesto.
Confira o v�deo:
Discurso
"Estou representando Marlon Brando nesta noite e ele me pediu para fazer um longo discurso, que n�o consigo ler em raz�o do tempo, mas poderei entreg�-lo � imprensa depois", disse a atriz.
"Ele, lamentavelmente, n�o pode aceitar este pr�mio t�o generoso. E as raz�es para isso s�o o tratamento dos ind�genas americanos hoje pela ind�stria cinematogr�fica e na televis�o em reprises de filmes, e tamb�m com os recentes acontecimentos em Wounded Knee."
Mais tarde, ela contou que, devido ao seu ato, o ator veterano John Wayne (1907-1979) estava pronto para atac�-la e precisou ser contido por seis seguran�as.
No in�cio deste ano, no document�rio "Sacheen: Quebrando o sil�ncio", a atriz deu detalhes da manifesta��o.
"Foi a primeira vez que algu�m fez uma declara��o pol�tica no Oscar. E foi a primeira cerim�nia do Oscar a ser transmitida via sat�lite para todo o mundo, por isso Marlon a escolheu. Eu n�o tinha um vestido de noite, ent�o Marlon me disse para usar minha camur�a", afirmou Littlefeather.
S� neste ano a Academia enviou um pedido de desculpas � atriz, quase cinco d�cadas depois.
"Os maus-tratos que sofreu por causa dessa declara��o foram gratuitos e injustificados", dizia trecho da carta enviada a Littlefeather pelo ent�o presidente da Academia, David Rubin. "A carga emocional que voc� viveu e o custo para a sua pr�pria carreira em nossa ind�stria s�o irrepar�veis."
"Por muito tempo, a coragem que voc� mostrou n�o foi reconhecida. Por isso oferecemos nossas mais profundas desculpas e sincera admira��o", acrescentou o texto.
Paci�ncia
"Em rela��o ao pedido de desculpas da Academia, n�s, ind�genas, somos pessoas muito pacientes, passaram-se apenas 50 anos!", reagiu a ativista ind�gena. "Precisamos manter nosso senso de humor em rela��o a isso a todo momento. � o nosso m�todo de sobreviv�ncia. � profundamente encorajador ver quanta coisa mudou desde que n�o aceitei o Oscar."
A Academia tomou medidas para enfrentar as acusa��es de falta de diversidade racial nos �ltimos anos. Em 2019, o astro de "O �ltimo dos moicanos", Wes Studi, tornou-se o primeiro ator nativo estadunidense a receber um Oscar, pelo conjunto da obra.
Littlefeather participou dos filmes "Atire o sol para baixo" (1978), "Falc�o de inverno" (1975), "Johnny Firecloud" (1975), "Freebie and the bean" (1974), "O julgamento de Billy Jack" (1974), "O policial risonho" (1973) e "Conselheiro do crime" (1973).