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Estado de Minas AUDIOVISUAL

'O bombardeio' reconstr�i erro da guerra que custou a vida de 96 crian�as

Longa dinamarqu�s conta a hist�ria do ataque a uma escola cat�lica no pa�s em 1945, num engano cometido pela For�a A�rea Brit�nica


03/10/2022 04:00 - atualizado 02/10/2022 16:11

Crianças cobertas de pó caminham entre escombros em cena de 'O bombardeio'
Uma das meninas sobreviventes ao epis�dio retratado no filme escreveu quando adulta o livro 'Eu estava l�' (foto: Netflix/Divulga��o )

A hist�ria dos grandes confrontos b�licos � tamb�m a hist�ria dos enganos monstruosos cometidos pelos grupos beligerantes. A Segunda Guerra Mundial acumula bons exemplos, como a tentativa de Benito Mussolini de invadir a Gr�cia, em 1940, ou as cerca de 70 vezes em que a Su��a foi bombardeada por engano – ela era e permanece neutra –, em incidentes provocados por erros de navega��o de pilotos que custaram a vida a 84 civis inocentes.

Pois a Netflix estreou h� pouco "O bombardeio", dirigido pelo cineasta dinamarqu�s Ole Bornedal, vers�o dramatizada de um dos maiores enganos cometidos pela RAF, a For�a A�rea brit�nica, j� nos estertores do conflito.

Em 21 de mar�o de 1945, sem querer, ela matou 19 adultos e 96 crian�as durante uma miss�o em que deveria se limitar a matar nazistas e colaboradores na sede da Gestapo, em Copenhague. Um dos pilotos brit�nicos espatifou-se sobre um liceu franc�s, dirigido e operado pelas religiosas da Congrega��o de S�o Jos�, em lugar de destruir instala��es da pol�cia pol�tica do Reich.

A institui��o era importante. Tinha ao todo 482 crian�as e nela lecionavam 34 freiras. Os ca�as da RAF tamb�m atingiram o alvo inicialmente planejado. Atirando as bombas um pouco mais para o lado, destru�ram o pr�dio da Gestapo, mataram 55 soldados alem�es que estavam em suas depend�ncias e mais 47 dinamarqueses que colaboravam com o Ex�rcito ocupante.

Por fim, tamb�m morreram 18 militantes da resist�ncia local. Eles eram prisioneiros do Terceiro Reich, em celas no �ltimo andar do pr�dio. O fato de eles ocuparem aquelas depend�ncias era amplamente conhecido e fazia com que funcionassem como escudos humanos: quem atingisse os nazistas atingiria tamb�m os presos da resist�ncia.

Conv�vio

O epis�dio tem um estatuto um tanto amb�guo na cultura da Dinamarca. O pa�s foi invadido pelos alem�es em 1940. As autoridades locais procuraram formas de conv�vio com os ocupantes – e acreditavam que assim protegeriam melhor a popula��o.

Fato � que as crian�as que sobreviveram � trag�dia foram obrigadas a viver o luto entre quatro paredes. N�o eram estimuladas a comentar o ocorrido em p�blico, e inexistiam solenidades que homenageassem a mem�ria das freiras e das crian�as mortas. Esse sil�ncio foi quebrado por uma das ex-alunas do Instituto Jeanne D'Arc (era esse o nome da escola). Elisabeth Lyneborg, que na �poca estava na pr�-escola, publicou como adulta o livro "Eu estava l�", que desfez o tabu.

Outra iniciativa em sentido semelhante foi tomada pelas autoridades dinamarquesas, com a constru��o de um monumento para homenagear uma freira que chegou a resgatar crian�as soterradas nos escombros, mas que ao final tamb�m morreu – ela tem o nome associado a um mutir�o para o salvamento de vidas.

O filme poderia apresentar uma fundamenta��o hist�rica da trag�dia provocada pelos avi�es militares brit�nicos. Em circunst�ncias semelhantes, em comiss�es de inqu�rito, oficiais graduados produziam sobre os incidentes documentos com argumentos de n�vel elevado.

Mas tudo indica que, mesmo empa�ocada entre demais informa��es do roteiro, a produ��o dinamarquesa do filme tenha descoberto o fio correto da trama que levou ao incidente. A esquadrilha da RAF que participou da miss�o decolou de solo ingl�s, voou a baixa altitude e se dividiu em tr�s grupos j� nas proximidades de Copenhague.

Ca�as 

Cada um era composto por seis ca�as-bombardeiros monomotores DH Mosquito. Um dos avi�es do primeiro grupo chocou-se acidentalmente com uma torre de transmiss�o de energia, o que levou � queda nas imedia��es da escola cat�lica, produzindo muita fuma�a. 

Os avi�es que vinham atr�s interpretaram a fuma�a como ind�cio da destrui��o do edif�cio da Gestapo, o alvo militar da miss�o. Voaram ent�o no mesmo sentido e esvaziaram os compartimentos em que transportavam os explosivos sobre o infeliz do col�gio de freiras.

"O bombardeio" n�o � um filme sobre o ataque por engano, por mais que o epis�dio esteja presente de corpo inteiro. � um filme sobre os dramas humanos que o roteirista teve a amabilidade de tecer, para que n�o tiv�ssemos diante dos olhos uma esp�cie de frio document�rio da �ltima guerra mundial.

As crian�as, mesmo se criadas pela imagina��o do cinema, s�o de um impec�vel desempenho dram�tico – aspecto que � sublinhado por uma dire��o de fotografia que tende a ignorar a cor e a adotar o branco e preto, com uma linguagem visual em que as sombras s�o t�o eloquentes quanto nos cl�ssicos do expressionismo alem�o do s�culo passado. 

“O BOMBARDEIO”

.(Dinamarca, 2022, 99min). Dire��o: Ole Bornedal. Classifica��o 16 anos. Dispon�vel na Netflix


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