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Estado de Minas LITERATURA

Denise Emmer, filha de Janete Clair e Dias Gomes, lan�a 'O amor imagin�rio'

Poeta e violoncelista lan�a livro com poema, dividido em 12 partes, para falar sobre Arquimedes, um homem inventado por quem ela se apaixonou na adolesc�ncia


03/10/2022 04:00 - atualizado 02/10/2022 15:35

Violoncelista, poeta e escritora Denise Emmer
Em 'O amor imagin�rio', violoncelista e poeta Denise Emmer fala sobre um homem que n�o existiu (foto: Patr�cia Di Fiori/Divulga��o )

Vencedora do Pr�mio Alceu Amoroso Lima Poesia e Liberdade 2021, a poeta, compositora, escritora e violoncelista carioca Denise Emmer, filha de Janete Clair e Dias Gomes, lan�a o livro “O amor imagin�rio” (Ed. 7Letras). Na primeira sess�o, um poema �nico, dividido em 12 partes, que s�o dedicadas a Arquimedes, um homem inventado e por quem Denise se apaixonou por volta dos 14 anos. No texto de apresenta��o, �lvaro Alves de Faria, um dos nomes consagrados da poesia brasileira, comenta os escritos recentes da autora sobre as recorda��es juvenis.

Na contracapa, o poeta, ensa�sta e tradutor Alexei Bueno real�a que o amor imagin�rio de Denise alcan�a, “uma superioridade sobre os reais, a de n�o estar condenado, por n�o existir, � desapari��o pela senectude, pois o amor possui esse estranho e duvidoso privil�gio, fora os casos de extin��es precoces, de morrer antes da morte”. A autora conta que esse amor imagin�rio �, na verdade, o seu primeiro. “E n�o sei bem por que, porque poesia n�o se explica como ela surge. Comecei a escrever esse poema h� alguns anos anos e, quando dei por mim, estava contando, em poesia, a hist�ria do primeiro amor da adolesc�ncia.”

Denise se lembra quando via um rapaz bem mais velho que ela. “Isso era quando voltava de �nibus da escola e comecei a perceber uma pessoa. Eu tinha uns 14 anos e ele j� era um homem feito. Tinha uma barba escura, era misterioso e, de alguma forma, me chamou a aten��o e eu, bem menina, ainda n�o tinha sentido a sensa��o do amor. Olhava tanto para ele, que n�o olhava pra mim. A primeira sensa��o do amor foi com aquela figura, aquela pessoa. Mas ele n�o existia, eu o inventei.”

A autora ressalta que perguntava sobre o homem misterioso para as suas amigas, mas elas alegavam que n�o nunca o viram. “E como n�o sabia o nome dele, inventei um, Arquimedes. Certa vez, sentei ao lado dele, no �nibus, mas ele sequer percebeu que havia algu�m ali do lado, uma menina de saiote escolar, meinhas, sapatinhos, blusinha da escola e mochila. Minhas amigas diziam: ‘Voc� est� imaginando coisas, a gente n�o est� vendo ele’. E ele na minha imagina��o, afinal, n�o sei nem diferenciar mais o que foi real e o que foi imagin�rio. N�o sei definir essa linha divis�ria, lim�trofe, porque na minha cabe�a ele existiu. Mas talvez ele n�o tenha existido mesmo. Enfim, inventei um amor para sentir o amor, estranho, mas aconteceu.”

"Acredito que tocar um instrumento � como chegar pr�ximo de Deus. � uma d�diva... Ent�o, coloquei at� como ep�grafe dessa segunda parte do livro um pensamento lindo de Beethoven, que penso que poderia at� ser poeta"

Denise Emmer, violoncelista, poeta e escritora

Astr�nomo

Denise conta que come�ou a escrever “O amor imagin�rio” h� cerca de dois anos. “Esse poema �, na verdade, uma hist�ria contada em poesia, em versos. Ele � todo dividido como se fossem cap�tulos po�ticos, porque � a hist�ria contada do in�cio ao fim, a minha descoberta dessa pessoa, desse homem a quem dei o nome de Arquimedes. Achava at� que ele era astr�nomo, pois carregava uma pasta cheia de papeis, parecendo mapas. Essa minha hist�ria me acompanhou a vida toda e fiquei com aquilo fixado em minha cabe�a. Ent�o, esse poema foi desenvolvido dessa forma, contado como se fosse uma hist�ria.”

No in�cio do livro, Denise d� uma explica��o a respeito da hist�ria. “Arquimedes, para quem dedico esse poema, nunca existiu. Na verdade, nos meus 14, 15 anos me apaixonei por homem inventado. Eu o via caminhar na orla da Lagoa (Rodrigo de Freitas), nas cal�adas pr�ximas � minha casa, no �nibus ao voltar da escola, sentado numa das poltronas. O semblante magro, a barba negra, o olhar para lugar nenhum. Ele trajava um terno surrado, com as mangas cortadas a tesoura.”

A autora lembra que Arquimedes levava sempre uma pasta, na qual pensava estar cheias de mapas astron�micos. “Todas as vezes que tentava falar, ele desaparecia e eu sofria com a sua partida, naquela que foi a minha primeira sensa��o do amor. A primeira febre do amor, impalp�vel e obscuro. Do amor imagin�rio. O pref�cio � do poeta luso-brasileiro �lvaro Alves de Faria, que tem um entendimento muito particular do poema. Isso porque � um poeta muito sens�vel. A orelha � de outro grande poeta,  Alexei Bueno, a quem dedico o livro.”

Denise ressalta que o livro � por cap�tulos e conta toda a hist�ria desse epis�dio ocorrido na sua adolesc�ncia. “Arquimedes pode n�o ter existido, mas que aconteceu, aconteceu. � um poema longo, o que � uma das minhas caracter�sticas. Muita gente que leu o livro me disse que quando come�a a ler o poema n�o consegue mais parar, porque � uma hist�ria. Na segunda parte, escrevi ‘Poemas de cordas e almas’. S�o v�rios poemas escritos pela violoncelista Denise Emmer. Cordas, do violoncelo e almas que tanto s�o as almas, os esp�ritos, como a ‘alma’ do instrumento.”

Alma musical

Ela explica que os instrumentos de corda e arco t�m uma “alma” que � um pedacinho de madeira que fica instalado dentro do corpo deles, o que lhes d� equil�brio sonoro e afina��o. “Se ele sair do lugar, o instrumento fica totalmente desequilibrado e desafina. A�, a gente tem que levar para o luthier colocar a ‘alma’ no lugar certo. Ent�o, essas almas do t�tulo t�m esse duplo significado, cordas, s�o as dos instrumentos e as almas aquelas que, quando a gente toca o instrumento, elas surgem. Acredito que tocar um instrumento � como chegar pr�ximo de Deus. � uma d�diva.”

Para Denise, � o ponto de vista de um m�sico, no caso ela mesma, violoncelista, dentro de uma orquestra. “� uma observa��o po�tica. Ent�o, coloquei at� como ep�grafe dessa segunda parte do livro, um pensamento lindo de Beethoven que penso que poderia at� ser poeta. Ent�o, nessa segunda parte, s�o os poemas que falam sobre a Denise musicista, violoncelista, compositora e cantora. H� momentos em minha vida, como o que estou vivendo agora, ou seja, estudando muito que, praticamente, s� tenho m�sica na minha cabe�a.”

A poeta acredita que, de certa forma, � at� bom, porque afasta at� os pensamentos ruins e a tristeza. “Come�o descrevendo isso, quando essa Denise fica voltada, unicamente, dedicada � m�sica, no estudo di�rio do violoncelo, como no caso estou nesse momento. Enfim, � uma parte que n�o � somente para m�sicos, pois qualquer pessoa pode ler, sentir e ter a compreens�o.”

O AMOR IMAGINÁRIO, de Denise Emmer
(foto: Editora 7Letras/DIVULGA��O)

“O AMOR IMAGIN�RIO”

De Denise Emmer. Editora 7Letras. 112 p�ginas. R$ 45













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