
As tens�es que um pa�s enfrenta podem ser descritas atrav�s de suas fam�lias? O escritor americano Jonathan Franzen prefere ir passo a passo e prepara uma trilogia depois de ter publicado, no ano passado, "Encruzilhadas".
O pai, Russ, � um pastor em crise e tentado pela infidelidade. Sua esposa, Marion, arrasta um passado sombrio do qual n�o consegue se livrar. Entre os seus quatro filhos, tr�s enfrentam como podem os dem�nios da adolesc�ncia.
"Em 1971, nos pergunt�vamos: quando vamos sair do Vietn�? E no mundo de 'Encruzilhadas', a principal quest�o � se Becky (filha do casal Hildebrandt) ir� ao show de Natal de bra�o dado com Tanner Evans (seu noivo)", disse Franzen em Paris, depois de participar de um festival liter�rio.
O romance conquistou a cr�tica e o p�blico, como � comum ocorrer com as obras de Franzen. O autor teve a imprud�ncia de anunciar que o volume de 700 p�ginas fazia parte de algo maior, e agora lida com as cobran�as dos leitores pela publica��o dos pr�ximos volumes.
"Sim, isso � o que eu disse", reconhece. "Mas a quest�o � que eu n�o gosto de ser lembrado com tanta frequ�ncia. 'Mal posso esperar pelo volume dois'. E eles dizem isso de forma educada, eu sei. Mas a pr�xima parte n�o vai chegar rapidamente. Ent�o, pr�xima pergunta, por favor", responde com um sorriso.
Resultado
Seria Jonathan Franzen o Balzac dos Estados Unidos, o escritor que, sem ter essa inten��o, est� retratando partes inteiras de sua sociedade e de seu passado?
"Bom, invejo a rapidez com que Balzac escreveu seus livros, e quantos escreveu. E se ao final isso � parte do resultado, melhor ainda."
"Mas o que eu queria, acima de tudo, era criar cinco personagens, o que significava criar cinco hist�rias, e mescla-l�s entre si", acrescenta.
Franzen venceu o National Book Award em 2001 por "As corre��es", e se consolidou como um dos maiores cronistas do pa�s com "Liberdade", uma d�cada depois.
Ele nasceu em 1959, em uma fam�lia de classe m�dia em West Springs, Illinois, filho de pai sueco e m�e americana. Afirma que n�o teme a express�o "privil�gio branco".
"Fui para uma boa universidade, onde aprendi a escrever. E outra coisa que aprendi, porque era um estudante pregui�oso, foi como fingir que sabia muito sobre algo que sabia muito pouco", afirma.
"E acho que para a gera��o mais jovem, especialmente nestes tempos altamente politizados, sou culpado at� que se prove o contr�rio."
"Tive o privil�gio de ter uma boa sa�de. E de ter pais que realmente cuidavam dos filhos. E a lista nunca acaba. Mas n�o me arrependo disso", afirma.