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Estado de Minas PENSAR

Em novo livro, Crist�v�o Tezza desmascara o Brasil da pandemia

Escritor aproxima dois personagens fascinantes em meio ao 'teatro di�rio de horror, estupidez, viol�ncia e morte' do Brasil no primeiro ano da pandemia


23/09/2022 04:00 - atualizado 22/09/2022 23:02

arte sobre ilustração de Nathalia Navarro.
Rea��es intensas a um pa�s desmascarado (foto: arte sobre ilustra��o de Nathalia Navarro )

 
“Estamos todos parados no tempo im�vel”, constata um dos personagens de “Beatriz e o poeta”, o mais recente livro de Cristov�o Tezza. O ano � 2020, o pa�s � o Brasil e a cidade, Curitiba, onde “at� a esquerda � de direita, mas tudo funciona muito melhor”. H� “um fantasma mortal do v�rus” pairando no ar que respiram a tradutora Beatriz, presente em romances anteriores de Tezza, e Gabriel, jovem que a conheceu ainda adolescente. Entre os dois, um flerte, duas m�scaras, algumas recorda��es e muitas reflex�es sobre o estado das coisas no momento em que sair de casa ainda era “o movimento t�tico de uma batalha.”

�s voltas com um “surto agudo de irrealidade” enquanto traduz as ideias de um fil�sofo catal�o, Beatriz tem medo e raiva. E suas rea��es ao momento de um pa�s “intensamente ignorante, que montou sua m�quina econ�mica sobre a escravid�o e a pr�tica da estupidez”, rendem passagens especialmente marcantes de um dos momentos mais fortes da obra de Tezza. Ao completar 70 anos, o autor de mais de 20 livros, entre eles os premiados “Breve espa�o entre cor e sombra”, “O fot�grafo” e “O filho eterno” (ainda seu  maior best-seller), n�o alivia. Sem citar nomes, mostra que a literatura tamb�m tem armas poderosas para enfrentar “o p�tio de pesadelos di�rios” de um governo que age “num crescendo de estupidez iletrada” e � (de)formado por “figuras borradas e escarmentas com a linguagem inteira estropiada cuspida aos peda�os, o escroto escatol�gico como express�o de Estado”.

Mas “Beatriz e o poeta” vai muito al�m do diagn�stico da patologia reinante. Por meio da altern�ncia de vozes narrativas, Tezza contrasta a acomoda��o de Beatriz, “em estado de lockdown pessoal” e que s� quer “uma vida neutra e est�vel”, com o �mpeto de Gabriel, visto inicialmente pela tradutora como “uma figura matutina, invasiva, estranha, engra�ada, intrigante”. Enquanto tenta encontrar seu lugar no mundo e superar o relacionamento conflituoso com o pai, o jovem comete elegias amorosas assumidamente inspiradas em “A arte de amar”, de Ov�dio, e entregues � tradutora por baixo da porta “como uma oferenda”. “Sou um poeta covarde, ent�o transferi para o meu personagem a responsabilidade dos versos”, conta Tezza em entrevista ao Estado de Minas.

Para a primeira sa�da de casa depois de dois meses de reclus�o, Beatriz escolhe a m�scara como se fosse pe�a de roupa (“a preta � mais classuda”); afinal, “as orelhas viraram cabides”. Ela vai a um caf� e, munida de laptop, avan�a na tradu��o de “A fantasia identit�ria”, do fil�sofo Filip Xaveste. � com o catal�o que a tradutora tem discuss�es sobre o empobrecimento da linguagem, o reducionismo na fic��o liter�ria, a rela��o entre poder pol�tico e perversidade, o predom�nio da relativiza��o dos fatos (“agora as coisas s�o o que dizemos o que elas s�o”). 

Entre lembran�as e especula��es, “fios soltos” de sexo, amor, paix�o invadem a mente de Beatriz e se amalgamam enquanto ela se aproxima, ainda que de forma lenta e hesitante, de Gabriel. Ao final, mesmo sob o signo do desamparo e da “vertigem do horror”, o autor deixa a porta aberta para que, enfim, prevale�a a sinceridade emocional. 
 
A seguir, uma entrevista com Cristov�o Tezza, incluindo perguntas formuladas a partir de passagens de “Beatriz e o poeta”.     
 
 
Qual o ponto de partida de “Beatriz e o poeta”? Por que retomar uma personagem que est� em romances anteriores?
A personagem Beatriz se tornou minha coringa liter�ria, algu�m que me ajuda a pensar temas contempor�neos. Ela nasceu da minha inveja dos autores policiais cl�ssicos, que em todos os livros contam com um detetive fixo e seu ambiente, deixando-os livres para a cria��o da trama, porque o personagem central j� est� pronto. Tamb�m me atrai a ideia de figuras que atravessam v�rios livros, como em Balzac ou Faulkner. Eu acho fascinante a imagem de que a literatura faz concorr�ncia ao registro civil, criando novas pessoas a partir de um simples nome. Beatriz vem sendo uma presen�a forte na minha vida.

O que mais o interessava ao estabelecer a rela��o entre a tradutora e o jovem poeta?
Nunca h� uma �nica raz�o para se escrever um livro. A pandemia � um tema forte, mas n�o em abstrato. Colocar pessoas “reais” vivendo o trauma do isolamento � um modo de investigar suas consequ�ncias, ainda mais no igualmente traum�tico momento pol�tico brasileiro, talvez o mais est�pido, perigoso e violento de que tenho lembran�a. Mas h�, prosaicamente, tamb�m um motivo liter�rio: os poemas de Gabriel. Num dos meus surtos de poeta, escrevi uma s�rie de elegias amorosas inspiradas em “A arte de amar”, de Ov�dio. Como sou um poeta covarde, transferi para o meu personagem a responsabilidade dos versos. A paix�o de Gabriel por Beatriz foi um casamento perfeito para mim, porque me permitiu tamb�m pensar sobre a cultura dos afetos contempor�neos. Penso no livro “Trapo”, que escrevi h� 40 anos, tamb�m sobre um jovem poeta apaixonado: � um mundo completamente diferente.

“Beatriz e o poeta” � um dos primeiros romances nacionais ambientados na pandemia.  O que foi mais dif�cil na reconstitui��o da realidade pelo filtro da imagina��o?   
Em certa medida, lidar com a aus�ncia de a��o. Do ponto de vista liter�rio e considerando a situa��o social dos meus personagens, a classe m�dia urbana letrada, � como tirar leite de pedra – na pandemia, nada acontece. Pessoas isoladas falando em telas e vendo o tempo escorrer. O livro come�a com uma decis�o de Beatriz: “Vou sair”. O que permite encontros pontuais e ass�pticos com o jovem poeta, que se apresenta em mon�logos. O resto a intui��o romanesca foi costurando. Eu realmente n�o tinha ideia nenhuma de como a hist�ria iria acabar.

Poderia explicar o que representa o “estropiamento da linguagem” apontado no livro?
A percep��o da linguagem estropiada como express�o contempor�nea n�o est� na viol�ncia verbal acompanhada de desmantelamento formal, na excruciante dificuldade de falar, de expressar sentido, e menos ainda em alguma suposta variedade popular brasileira. O horror est� no desejo oficial de fazer da pr�pria falta de sentido a fun��o da linguagem. Tacape na m�o, a mensagem �: n�o signifique! Todo sentido poss�vel � estropiado pela viol�ncia. A linguagem de Estado, hoje, n�o vale nada. A estupidez � a sua norma. E � exatamente isto que ela quer: retirar do horizonte qualquer ponto real e concreto de refer�ncia civilizada. As chamadas fake news (vacinas matam, armas libertam…) n�o s�o mentiras avulsas, conting�ncias pol�ticas acidentais, mas express�o integrada de uma cultura, um sistema cont�nuo de desagregar refer�ncias.

Se o Brasil � “um p�tio de pesadelos di�rios”, o que resta � literatura?
Criar hip�teses de exist�ncia, algum respiro de intelig�ncia, num p�tio sem milagres. 

“A literatura acabou, hoje s� existe realismo socialista identit�rio, produzido por pessoas de boa �ndole para disseminar a palavra do Bem”, reflete um dos personagens. Como voc� analisa a literatura produzida com um objetivo predefinido, como uma miss�o social?
Nesse trecho, o personagem faz uma caricatura redutora e irritadi�a num tempo em que os estudos liter�rios desapareceram do horizonte, substitu�dos pelo papel pol�tico da conquista de visibilidade positiva, que passa a ser um valor em si, num pa�s e num mundo historicamente marcados por filtros de exclus�o (social, racial, sexual, religiosa, cultural). � uma mudan�a poderosa do olhar ocidental banhado de culpa, talvez irresist�vel a m�dio prazo. A literatura � apenas um n�ufrago neste oceano. Desde a “B�blia”, a literatura sempre teve um p� na sua fun��o mission�ria. Como diria Xaveste, o fil�sofo catal�o que Beatriz est� traduzindo, veja-se o fim do Imp�rio Romano e a ascens�o da cultura crist�, que praticamente apagou por mil anos a sofisticada literatura greco-romana. � sempre temer�rio comparar �pocas distintas; talvez o ponto central seja a no��o do indiv�duo eticamente aut�nomo, o processo liter�rio como investiga��o pessoal intransfer�vel, que parece estar presente em todos os momentos fortes da hist�ria da literatura. � uma condi��o com que a literatura instrumental ou mission�ria tem dificuldade para lidar. Sempre que a miss�o toma conta da palavra, a literatura se recolhe.

“Beatriz e o poeta” � a sua rea��o ao Brasil de hoje? � um livro escrito “em um estado de completa sinceridade emocional”?
Bem, eu considero a “sinceridade emocional” – uma express�o engra�ada, porque parece redundante – uma condi��o sine qua non para fazer boa literatura. Como talvez dissesse o pai do Gabriel, personagem do romance, j� basta ser canalha na vida real. Sobre literatura como rea��o: cada escritor tem um modo de mergulhar nos livros. No meu caso, nunca escrevi em rea��o objetiva a uma coisa s�; escrever para mim � um processo existencial cont�nuo que mexe com muitas pontas ao mesmo tempo, desde a estupidez pol�tica brasileira (n�o me lembro de viver em nenhum outro momento da vida a ang�stia pol�tica do instante presente como sob o horror do governo atual, contando os dias para o seu fim), at� a investiga��o de formas liter�rias para dar corpo ao “realismo reflexivo” que tem marcado o que escrevo.

Mesmo em um cen�rio t�o sombrio, acredita que ainda seja poss�vel alcan�ar a “sintonia do encantamento” entre autor e leitor?
Claro que sim – a literatura � um encantamento fant�stico, pelo que nos exige de solid�o (um valor importante que a onipresen�a da internet vem implodindo), aten��o aos outros, hip�teses alternativas de exist�ncia, e arte da linguagem, esse mist�rio que nos forma, como escritores e leitores.

“Fuja das redes sociais”, aconselha o pai do jovem poeta. “Hoje, a verdadeira revolu��o se faz pelo sil�ncio e pela aus�ncia, ningu�m aguenta mais tanta presen�a e tanto barulho.” Esse � um conselho que voc� endossaria a um jovem escritor? Por que voc� n�o mant�m uma frequ�ncia constante nas redes?
O engra�ado � que quando os computadores pessoais e a internet come�aram a surgir, na d�cada de 1990, eu fui o maior entusiasta, imaginando que eles representariam o advento da biblioteca universal a um estalo de dedos e a onipresen�a da palavra escrita, virando a p�gina da era da televis�o, feita de pura oralidade. Claro que eu pensava com a cabe�a numa velha m�quina de escrever e sua estabilidade tranquila, uma utopia caseira, quase rural. Nos anos seguintes, resisti bravamente ao celular, como um selvagem rousseauniano saudoso da caverna, pressentindo na telinha inocente uma bomba de fragmenta��o pessoal e social, de efeito retardado. Com as tais redes sociais que se multiplicaram, a bomba explodiu. Sei que � um processo irrevers�vel e o mundo civilizado se pergunta de que modo pode controlar  ou domesticar o monstro que escapou da caixa. Eu perdi esse bonde, e n�o me faz falta, mas � �bvio que as redes s�o uma realidade inescap�vel para as novas gera��es. Com a fragmenta��o do jornalismo tradicional, quase n�o resta mais espa�o de divulga��o al�m do ca�tico mundo digital. De qualquer forma, um pouco de sil�ncio e de autopreserva��o sempre fizeram bem a quem escreve. O conselho que eu daria a quem escreve apenas reflete minha trajet�ria: n�o tenha pressa.

Ao completar 70 anos, o que mudou na sua percep��o da literatura e do Brasil, e de fazer literatura no Brasil?
Olhando daqui, percebo que segui a cartilha cl�ssica de um candidato a escritor dos anos 1960 e 1970: comecei no mime�grafo, passei para as edi��es de autor e finalmente cheguei �s grandes editoras. Acompanhei a literatura como rebeldia juvenil, mais tarde como exerc�cio de forma��o, depois como mergulho acad�mico e enfim como express�o pessoal, que inconscientemente vai juntando os cacos da pr�pria hist�ria. Do ponto de vista pr�tico, houve uma mudan�a crucial na virada do s�culo, que bem ou mal permitiu a profissionaliza��o do escritor, o que era antes imposs�vel. Sempre que posso acompanho a produ��o brasileira, que se diversificou imensamente, na linguagem e nos temas, acompanhando ali�s um movimento global. Como sempre, o mais dif�cil, sen�o imposs�vel sem a ajuda do tempo, � separar o que � pura moda do momento daquilo que tem algum lastro e perman�ncia.
 
 

Capa do livro Beatriz e o poeta, de Cristovão Tezza
(foto: Divulga��o/Todavia)
“Beatriz e o poeta”

  • De Cristov�o Tezza
  • Todavia Livros
  • 192 p�ginas
  • R$ 69,90; e-book: R$ 44,90 

Trecho


“Voltando ao apartamento: comecei a procurar um im�vel, � claro, porque o projeto que meu pai me reservava me pareceu fant�stico (a imagem redentora de uma independ�ncia completa geogr�fica, econ�mica, cultural, afetiva – o que mais se pode desejar?); s� me bate o p�nico, uma vertigem de horror – n�o sei se voc� j� sentiu o mesmo, a percep��o s�bita, terr�vel, de que voc� perdeu todos os contatos f�sicos e emocionais com a realidade simples, e se v� devorado por uma solid�o quase c�smica, um estado de ang�stia que, quando bate no peito e se estende el�trico pelo corpo, deixa voc� esgotado pela press�o do vazio, uma pequena morte – mas sem a reden��o do sexo – que parece inacess�vel a qualquer compreens�o, um fluxo de consuma��o mental e f�sica; isso dura alguns segundos, um minuto no m�ximo, muito pouco, mas � horrendo, um pesadelo sem imagens, puro afogamento – pois bem, eu s� sinto isso, �s vezes, quando penso que tenho de ser poeta, que sou quase moralmente obrigado a ser poeta, algu�m lan�ado de cabe�a para baixo ao inferno, como os rom�nticos de outro tempo.”

Um poema
“Desejo”


Amant�ssimo ser, ele sente falta
Da ave tr�mula que imaginou cingir nos bra�os
Como um triunfo.

Agora ele tateia o nada
� sombra da pandemia

O caf�, o livro, a mem�ria: pequenas ru�nas.

Sem honra e sem amor
Hoje vaga cego entre ruas que no sonho
Foram suas.

Escuta o sil�ncio, sinfonia
De acordes secretos
De uma partitura de p�ginas em branco
Que, im�vel, sequer respira.

(E Deus lhe sopra no ouvido
O que ele teima em n�o ouvir.)
 
 
O escritor Cristovão Tezza
Tezza, 70 anos, aconselha a quem escreve: "N�o tenha pressa" (foto: Andre Tezza Consentino/divulgacao)

Alguns aforismos
Trechos de “Beatriz e o poeta”

 
Desamparo
“Tudo est� em desamparo como nunca esteve antes. Desamparo � a palavra do ano.”

Inf�ncia
“Toda inf�ncia � mesmo id�lica, um sonho esgar�ado, faltando peda�os de toda parte, mem�rias em fragmentos, emo��es intensas e desesperadas e satisfeitas e impetuosas de alminhas em forma��o desesperadamente em busca de prazer e de sentido (...).”

Tempo
“O tempo n�o tem vers�o; uma segunda-feira � sempre uma segunda-feira.”

Jornalismo
“Nesse pa�s grotesco, o jornalismo � uma das poucas profiss�es realmente essenciais � sobreviv�ncia mental: � um trabalho que abre o mundo para voc�.”

Imbecilidade
“A mamata da intelig�ncia acabou. Entramos na Era do Imbecil. E ele est� armado.”

Logaritmos humanos
“Pessoas s�o logaritmos p�blicos; n�o h� mais limite entre elas.”

Vulgaridade
“A vulgaridade � um �thos j� dominante, universal e avassalador (...). A vulgaridade tornou-se um valor positivo, uma argamassa coletiva, a consolida��o de um rompimento da pel�cula pela solid�o dos afetos.”

Ressentimento
“O ressentimento � outra vertente do azedume, uma corros�o diferente, pior, porque se ampara em raz�es – n�o tem a pureza espont�nea e cristalina da inveja, que brota do nada; o ressentimento reclama das pessoas; a inveja, de Deus.”

Sil�ncio
“Fuja das redes sociais. A verdadeira revolu��o se faz pelo sil�ncio e pela aus�ncia. Ningu�m aguenta mais tanta presen�a e tanto barulho.”

Desejo
“O desejo � a defesa protetora do corpo.”

Nitidez
“A literatura deixa tudo n�tido. E isso que � maravilhoso nela. Mesmo o maior caos fica vis�vel e controlado quando escrito.”
 
 

Depoimento/Rog�rio Pereira*

“Tezza se reinventa com scrita �spera e inc�moda”


“Art�fice da narrativa, Cristov�o Tezza � um autor comprometido com a excel�ncia do fazer liter�rio, dono de um discurso elegante e certeiro. Nos livros mais recentes, nota-se explicitamente que ele tamb�m � um autor inquieto. Abandonou uma forma, digamos, mais tradicional para reinventar a sua escrita: com frases mais longas, di�logos intercalados (sempre em it�lico), Tezza n�o s� renovou sua literatura como tamb�m ampliou o seu olhar de Curitiba (um de seus principais personagens) para o Brasil. Um exemplo disso � ‘Beatriz e o poeta’, no qual quest�es que muito angustiam o pa�s est�o no centro da narrativa: a pandemia e a pol�tica nacional. Levando em considera��o a animosidade latente no Brasil, a escrita de Tezza tamb�m se torna �spera, inc�moda, como a sustentar que a literatura � sua arma (e n�o um rev�lver) para discutir/combater a desumanidade ao redor.”

* Rog�rio Pereira � jornalista, escritor e editor do jornal liter�rio Rascunho 
 


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