
Celina Szrvinsk costuma brincar que um casamento que resiste a um duo de piano n�o acaba nunca. “Dividir o mesmo instrumento exige que voc� ceda muito, repense sua t�cnica. � muito diferente de quando voc� toca com outro instrumento”, comenta ela, que divide, h� quase 40 anos, o piano e a vida com Miguel Rosselini.
O casal, que fez seu primeiro recital juntos em 1984, � o convidado dos dois concertos que a Orquestra Filarm�nica de Minas Gerais faz nesta semana, quinta (6/10) e sexta (7/10), na Sala Minas Gerais. Sob a reg�ncia de Fabio Mechetti, Celina e Rosselini executam o “Concerto para dois pianos em mi maior”, de Mendelssohn.
O programa, que celebra os 175 anos de morte do compositor, pianista e maestro alem�o, ainda conta com uma obra de Brahms – “Quarteto em sol menor, op.25”, orquestrado por Schoenberg – e outra de Smetana – o poema sinf�nico “O campo de Wallenstein, op.14”.
“Depois de duas semanas em que apresentamos somente repert�rio brasileiro, voltamos a nomes mais conhecidos”, comenta Mechetti, que considera o concerto de Mendelssohn “din�mico e desafiador” e a pe�a de c�mara de Brahms, traduzida para orquestra por Schoenberg, “inusitada”.
Juventude e virtuosismo
Mendelssohn tinha 14 anos quando comp�s o “Concerto para dois pianos”. “Acho que exatamente por causa da idade, a pe�a tem o frescor da juventude e muito virtuosismo. Ele n�o era s� um grande compositor, mas um ex�mio pianista. O piano era uma atividade familiar, e ele tocava junto com a irm� (Fanny, tamb�m compositora)”, conta Celina, que com Rosselini se apresenta pela quarta vez com a Filarm�nica.
“Em um pa�s com tantos pianistas excelentes, recebermos quatro convites � motivo de grande alegria”, acrescenta ela, lembrando que a apresenta��o com dois pianos n�o � algo corrente no pa�s. “Infelizmente, no Brasil, n�o dispomos de muitas salas com dois pianos como aqui (a Sala Minas Gerais). Habitualmente, os duos trabalham mais repert�rio a quatro m�os.”
O repert�rio, tanto para quatro m�os quanto para dois pianos, � vasto, diz Celina. “Antigamente, muitas obras orquestrais eram feitas com vers�es a quatro m�os ou dois pianos para que fossem experimentadas. Era a forma que voc� tinha para mostrar a obra at� que ela pudesse ser tocada por orquestra. Voc� encontra, por exemplo, sinfonia de Beethoven com vers�o a quatro m�os”, explica.
Outro fator, conta Celina, � que s�culos atr�s a atividade musical era realizada muito dentro de casa. “Mozart comp�s um concerto para dois pianos, que inclusive j� tocamos com a Filarm�nica, que tocava com a irm� (Maria Anna, cujo talento, dizem, se equiparava ao do irm�o ca�ula).”
Al�m de instrumentistas, Celina e Rosselini foram professores da Escola de M�sica da UFMG durante 35 anos (aposentaram-se h� dois) e atuam como produtores culturais, � frente de s�ries de concertos importantes da cidade, como o Festival de Maio.
“As atividades se completam. Um professor tem que ser um modelo para seus alunos. Sen�o, ele fala, mas n�o faz. E o aluno sempre gosta de ver o professor atuando, se reciclando. A vida de produ��o � consequ�ncia disso, pois sempre entendemos que t�nhamos que abrir espa�o para nossos alunos”, comenta Celina.
ORQUESTRA FILARM�NICA DE MINAS GERAIS
Reg�ncia de Fabio Mechetti. Pianistas convidados: Celina Szrvinsk e Miguel Rosselini. Nestas quinta (6/10) e sexta (7/10), �s 20h30, na Sala Minas Gerais – Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. Ingressos a partir de R$ 50 (inteira). � venda na bilheteria e no site filarmonica.art.br

Temporada 2023 tem ingressos � venda
Ser� uma nova temporada e tanto. A Filarm�nica lan�ou nesta semana a temporada de concertos para 2023, per�odo que vai marcar e, principalmente, celebrar os 15 anos da orquestra mineira. “Na hist�ria, h� poucas orquestras que conseguiram tanto em t�o pouco tempo”, afirma o regente e diretor art�stico Fabio Mechetti.
Os 15 anos propriamente ditos ser�o comemorados em fevereiro. Foi em 21 de fevereiro de 2008, no Pal�cio das Artes, que a Filarm�nica fez seu concerto inaugural. Em 24 e 25 de fevereiro de 2023, na Sala Minas Gerais, a “casa” da orquestra desde 2015, haver� dois concertos.
O programa vai trazer duas obras nacionais, “Bachianas brasileiras nº 9”, de Villa-Lobos, e “Mitos brasileiros”, de Ney Rosauro, bem como Strauss (“Serenata”, op.7”), Ravel (“La valse”) e R�zsa (“Concerto para violino”). Tais apresenta��es, classificadas como concertos especiais, est�o fora do programa de assinaturas, que come�a efetivamente em mar�o.
Ao vivo
A programa��o do pr�ximo ano est� dispon�vel no site da orquestra (filarmonica.art.br), assim como o programa de venda de assinaturas. As vendas, para novos e antigos assinantes, v�o at� fevereiro. “O assinantes come�aram a voltar, mas n�o ao n�vel antes da pandemia. Esperamos que as pessoas aproveitem o retorno (� sala de concertos), pois o mais importante � compartilhar a experi�ncia musical ao vivo”, diz Mechetti.
Como de praxe, a programa��o privilegia compositores que t�m efem�rides importantes. Dos homenageados em 2023, destacam-se o russo Rachmaninov, por seus 150 anos de nascimento, e o americano Gershwin, com 125 anos tamb�m de nascimento. “Do ponto de vista da programa��o, Rachmaninov � o autor de mais �nfase. Vamos tocar todos os cinco concertos para piano e algumas obras sinf�nicas”, diz Mechetti.
A estreia da temporada de assinaturas, 2 e 3 de mar�o, ter� o “Concerto para piano nº 3” de Rachmaninov, al�m de “Abertura festiva”, de Shostakovich, e uma obra in�dita, encomendada ao compositor paulista Leonardo Martinelli. As duas noites ter�o a presen�a da primeira solista internacional de 2023, a pianista coreana Joyce Yang.
“Estamos valorizando alguns nomes que est�o despontando no cen�rio internacional, como o saxofonista americano Steven Banks e a celista coreana Hayoung Choi, que venceu em outubro o Concurso Rainha Elizabeth da B�lgica (os dois estreiam no Brasil). Al�m disso, estamos aproveitando solistas e regentes para ficarem duas semanas aqui, em vez de uma, e fazer tamb�m outros programas, como masterclasses”, acrescenta Mechetti.
Com cinco s�ries de assinaturas – quatro delas �s quintas e sextas – a Filarm�nica conta com a Fora de s�rie, tem�tica, promovida aos s�bados. O tema de 2023 ser� “Segundas opini�es”. “S�o pe�as de compositores que se basearam nas obras de outros autores, seja para uma varia��o, uma fantasia. � uma maneira diferente de tratar um mesmo tema”, diz o regente.
O primeiro programa da “Fora de s�rie”, em 18 de mar�o, vai mostrar como o brasileiro Ronaldo Miranda visitou Beethoven em suas “Varia��es temporais” e tamb�m como Liszt se inspirou no g�nio alem�o para criar uma fantasia.
Com o fim da pandemia, Mechetti espera ter casa cheia na plateia. Porque o palco estar� completo, diz o regente. “Agora, como podemos colocar um n�mero significativo de m�sicos tocando, vamos retomar o projeto de gravar todas as sinfonias de Mahler.” Cinco j� foram registradas – a s�tima foi a escolhida para 2023. Tamb�m no pr�ximo ano a Filarm�nica vai gravar obras de dois brasileiros, Henrique Oswald e Ronaldo Miranda.
ASSINATURAS ORQUESTRA FILARM�NICA 2023
Pacotes de nove, 12, 21, 24 ou 33 concertos. Os pre�os variam de R$ 405 (inteira) e R$ 202,50 (meia-entrada) para nove concertos no mezanino, at� R$ 4.095 (inteira) e R$ 2.047,50 (meia-entrada) para 33 concertos no balc�o principal. Per�odo de vendas: at� 24/10 para renova��o; de 27/10 a 15/11 para assinantes que queiram trocar os assentos; de 18/11 a 12/2 para novos assinantes. � venda pelo site www.filarmonica.art.br/assinaturas e na bilheteria da Sala Minas Gerais. Mais informa��es: (31) 3219-9000