''Quando me colocarem a sete palmos da terra, poder�o dizer: 'Loretta parou de cantar'''
Loretta Lynn, cantora e compositora
A cantora Loretta Lynn, lenda da m�sica country dos Estados Unidos, morreu aos 90 anos, na manh� de ter�a-feira (4/10). De acordo com a fam�lia, ela faleceu enquanto dormia em seu rancho no Tennessee.
Artista ousada, Loretta Lynn viu v�rias de suas can��es banidas de esta��es de r�dio, nos anos 1960, porque falavam de sexo, amor, trai��o de maridos, div�rcio e controle de natalidade. Ao longo de seis d�cadas de carreira, ela se tornou a voz feminina mais proeminente da m�sica country.
“Era o que eu queria ouvir e o que sabia que outras mulheres tamb�m queriam ouvir”, afirmou a artista em entrevista � Associated Press, em 2016. “N�o escrevi para os homens; escrevi para n�s, mulheres. E os homens tamb�m adoraram.”
Pobreza retratada em can��o
Loretta Webb nasceu em 14 de abril de 1932, numa pequena cidade de Kentucky. Era a mais velha de oito irm�os – a inf�ncia em meio � pobreza inspirou “Coal miner's daughter” (“Filha de um mineiro de carv�o”, em tradu��o livre), sucesso de 1970 e sempre presente nas listas das melhores can��es de todos os tempos.Com apenas 15 anos, Loretta se casou com Oliver Vanetta Lynn, com quem viveu por quase meio s�culo at� a morte dele, em 1996.
O casal se mudou para uma pequena cidade madeireira no estado de Washington, onde quatro dos filhos nasceram antes de Loretta completar 20 anos. Pouco depois, viria a gravidez de g�meos.
Oliver, admirador da voz da mulher, deu a ela um viol�o no in�cio dos anos 1950. Com ele, a jovem artista autodidata criou can��es cujas letras se inspiravam na pr�pria experi�ncia de vida.
Lynn formou a banda Loretta and the Trailblazers e come�ou a cantar em bares. O primeiro hit, “I'm a honky tonk girl”, foi lan�ado em 1960.
“A maioria dos compositores escrevia sobre se apaixonar, terminar e ficar sozinho, coisas assim”, disse Lynn ao The Wall Street Journal em 2016. “O ponto de vista feminino que eu estava descrevendo era novo.”
A cantora passou a viajar para divulgar suas m�sicas no r�dio. Em 1960, ela pisou pela primeira vez no lend�rio palco do Grand Ole Opry, em Nashville, onde se tornaria a artista mais aclamada da m�sica country.
Lynn e o parceiro Conway Twitty (1933-1993), cantor e letrista, formaram por muitos anos a dupla que se tornou refer�ncia no universo da m�sica country.
Em 1966, os sucessos “Dear Uncle Sam”, sobre a Guerra do Vietn�, e “You ain't woman enough (To take my man)” fizeram de Lynn a primeira cantora country no top 1 nos Estados Unidos.
Virgindade e p�lula na hit parade
Em 1969, ela lan�ou a pol�mica “Wings upon your horns”, can��o que, por meio de met�fora religiosa, descreve a perda da virgindade de uma adolescente. Em 1975, foi a vez de “The pill”, elogio � liberdade que a p�lula anticoncepcional representa para a mulher.
Em 1988, Loretta Lynn entrou para o Country Music Hall of Fame. Ao longo de sua vida, a artista ganhou importantes pr�mios na �rea da m�sica. Em 2013, recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria concedida a um civil nos Estados Unidos, entregue pelo ent�o presidente Barack Obama.
Apesar dos temas que suas letras abordavam, Lynn insistia que sua m�sica “n�o tinha inten��es pol�ticas”. Demonstrou inclina��o para o Partido Republicano – apresentou-se em eventos de candidatos de direita, como Donald Trump, em 2016 –, mas apoiou tamb�m democratas, como o ex-presidente Jimmy Carter.
Loretta Lynn colaborou com v�rios artistas de renome, como Dolly Parton, Willie Nelson e Elvis Costello. Em 2004, lan�ou o �lbum “Van Lear Rose”, produzido pelo jovem Jack White.
Em 2021, j� com quase 89 anos, lan�ou “Still woman enough”, que trazia vers�es renovadas de antigas can��es e material in�dito.
Em entrevista � Billboard, Lynn declarou que jamais se aposentaria. “Quando me colocarem a sete palmos da terra, poder�o dizer: 'Loretta parou de cantar'.”