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Estado de Minas NORDESTE

'� um lugar avan�ado e de luta', diz Chico C�sar sobre ataques ao Nordeste

'O Nordeste � um lugar culto e de muita luta pol�tica e consci�ncia de classe', rebateu o cantor, que gravou o reggae 'Bolsominions' em seu novo �lbum


06/10/2022 20:05 - atualizado 06/10/2022 20:16

Jair Bolsonaro
Bolsonaro liga a vit�ria de Lula a analfabetismo no Nordeste (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press)

Martha Alves/FOLHAPRESS

 

Uma conex�o do Nordeste com a �frica. � isso que Chico C�sar, 58, tenta mostrar nas 11 faixas que comp�em seu novo �lbum, "Vestido de Amor", j� dispon�vel nas plataformas digitais. Dez das 11 m�sicas foram compostas pelo cantor e falam de amor e pol�tica -apesar de alguns f�s desavisados reclamarem vez ou outra de ele misturar os dois temas.

 

Chico diz que colocar esses dois lados em uma m�sica � uma escolha pol�tica e que faz isso para tirar as pessoas do seu lugar de espectador. "As minhas can��es de amor t�m cunho pol�tico e as politizadas s�o muito amorosas", afirma o artista, umas das vozes mais cr�ticas ao bolsonarismo no Brasil.

 

Gravado e mixado na Fran�a, o novo disco tem a participa��o de dois importantes artistas africanos, o cantor malin�s Salif Keita e o pianista congol�s Ray Lema, que Chico C�sar chama de "mestre" e com quem j� excursionou pelo mundo fazendo shows. "Ter esses dois [artistas] nesse disco define muito o momento da minha m�sica hoje", afirma o brasileiro.

 

Segundo Chico, muitas das can��es deste �lbum foram compostas antes e durante a pandemia de Covid-19. Ele explica que as m�sicas n�o falam necessariamente da pandemia, mas algumas das faixas levam as pessoas a esse lugar, como a can��o "Sobre-humano", que ele canta com Keita -o mesmo artista citado em 1995 no trecho de um dos seus maiores hits, "� Primeira Vista": "Quando vi Salif Keita dancei".

 

O cantor conta que comp�s "Sobre-humano" ap�s assistir a um discurso da ex-chanceler alem� Angela Merkel para a popula��o durante a pandemia. Ele revela que se pegou chorando sem entender o porqu�. "Depois entendi que [chorava] porque quem deveria estar fazendo isso para n�s estava dizendo que era uma gripezinha e para deixarem de mimi", falou sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

A faixa "Xang� e Forr� e a�", composi��o em parceria com Ray Lema, � a can��o que deixa mais em evid�ncia a conex�o do Nordeste com a �frica. N�o por acaso, foi o congol�s que disse a Chico C�sar que Luiz Gonzaga -um dos seus �dolos- � o mais africano dos artistas brasileiros. "Ele falou que depois de Luiz Gonzaga o mais africano de todos sou eu", disse Chico, orgulhoso.

 

J� com o reggae "Bolsominions", o cantor manda um recado direto a Bolsonaro e seus apoiadores sobre o mau uso da f� crist�. Mostrada pela primeira vez em agosto de 2020, a m�sica foi alvo de cr�tica de evang�licos alinhados com o presidente, como a vereadora Eliza Virg�nia (Progressistas), que prop�s censura na C�mara Municipal de Jo�o Pessoa devido ao trecho que chama os "bolsominions" de "dem�nios".

 

"Ela faz parte desse grupo que quer usar os evang�licos como escudo humano. Essa cafajestagem que � a pol�tica da extrema-direita no Brasil. E para mim � uma can��o como pedrada, � um reggae de protesto, de den�ncia social", diz Chico. "E eu acho que � importante �s vezes os artistas, as pessoas, darem nome aos bois, usarem as palavras fortes."

 

Apoiador de Luiz In�cio Lula da Silva (PT), o cantor diz acreditar na vit�ria do candidato no segundo turno das elei��es para presidente. Mas alerta os eleitores do petista que eles v�o precisar ter paci�ncia porque o Lula que vem agora � o pacificador que o pa�s precisa -n�o o transformador de 2003. "Ele vem para restaurar o estado democr�tico de direito e quest�es preciosas da Rep�blica que foram jogadas na lama."

 

Chico, que j� foi Secret�rio da Cultura da Para�ba, afirma que a cultura � importante, mas neste momento ele est� muito preocupado com justi�a social ap�s o Brasil entrar no mapa da fome das Na��es Unidas. "N�s temos que trabalhar muito para tirar 33 milh�es de pessoas que est�o nessa linha da pobreza e abaixo [dela]."

 

Sobre os ataques xenof�bicos contra nordestinos ap�s eles colocarem de Lula na lideran�a no 1º turno das elei��es, Chico afirma que tem um parcela da sociedade que � muito equivocada e que mede o mundo com uma r�gua muito curta. "O Nordeste � um lugar muito avan�ado, culto e de muita luta pol�tica e consci�ncia de classe. A independ�ncia do Brasil e a aboli��o da escravatura come�aram na Bahia."

 

O artista diz que vivemos em um pa�s continental e que ama esse Brasil complexo, que muita gente n�o entende. "Quem quiser dividir o Brasil n�o est� entendendo o que � o Brasil, seja de que lado esteja. Eu amo o Nordeste, mas eu tenho muito orgulho de ser brasileiro e levar meu canto para onde quer que eu v�. Essa contradi��o � que nos torna t�o interessante."


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