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Estado de Minas CINEMA

'Halloween ends' encerra mal a trilogia de terror iniciada h� quatro anos

Filme deixa em segundo plano o confronto final entre Laurie e Michael Myers para apostar em temas que pouco t�m a ver com a franquia


17/10/2022 04:00 - atualizado 17/10/2022 08:13

Atriz Jamie Lee Curtis está na frente e ator Rohan Campbel atrás dela em cena do filme Halloween ends
Jamie Lee Curtis e Rohan Campbell protagonizam longa que encerra a trilogia lan�ada pela produtora Blumhouse (foto: Blumhouse/reprodu��o)

Ieda Marcondes - Folhapress

“Morte Morte Morte”, terror da produtora A24, e “Halloween ends”, cap�tulo final da trilogia iniciada pela produtora Blumhouse h� quatro anos, t�m ao menos duas caracter�sticas em comum. Ambos mencionam p�o de abobrinha e abordam os perigos da cultura do cancelamento.

Como o significado por tr�s do p�o de abobrinha pode ser impenetr�vel, vamos nos ater ao cancelamento. Em “Morte Morte Morte”, uma sucess�o de prejulgamentos c�micos, t�picos da gera��o Z, tem consequ�ncias fatais. “Halloween ends” parte da mesma premissa, mas sem o tom sat�rico e bem-humorado.
 
 
O diretor David Gordon Green j� havia ensaiado um coment�rio do tipo em “Halloween kills”, quando turba enfurecida persegue e mata um homem inocente, achando que se tratava do bicho-pap�o Michael Myers. Os roteiristas devem ter se inspirado na Derry de Stephen King e quiseram mostrar como a maldade de Myers contamina a pequena Haddonfield.

King, no entanto, n�o foi influenciado pelas redes sociais quando criou a cidadezinha de “It – A coisa” nem insinuou que o palha�o Pennywise s� se transformou em entidade maligna porque as crian�as do Clube dos Perdedores foram malvadas com ele. Em “Halloween ends”, o mal � consequ�ncia direta de uma s�rie de injusti�as.

Laurie e Corey

Tudo come�a quando o jovem Corey, vivido por Rohan Campbell, � contratado como bab� na noite de Halloween. O garoto de quem ele cuida � um pestinha desagrad�vel que tenta pregar uma pe�a e, por acidente, acaba morto. Apesar de ter sido inocentado, todos tratam Corey como se tivesse matado o menino, mesmo anos depois da trag�dia.
 
 

Por falar em trag�dia, ap�s o chocante assassinato da filha em “Halloween kills”, Laurie deixou de ser sobrevivente reclusa com estresse p�s-traum�tico e d�zias de trancas na porta para se tornar uma vov� que tricota, prepara tortas, escreve sua autobiografia e tenta arranjar namoradinho para a neta. A terapia parece ter sido sucesso absoluto.

Machucado por uma turma de adolescentes valent�es, Corey acaba conhecendo Laurie e sua neta Allyson, interpretadas novamente por Jamie Lee Curtis e Andi Matichak. Corey e Allyson sentem conex�o instant�nea e, em quest�o de horas, j� est�o tendo uma discuss�o de relacionamento no meio da rua, como se namorassem h� anos.

Corey � confrontado pelos valent�es de novo e arremessado de um viaduto. Inconsciente, seu corpo � arrastado por um cano de esgoto, onde Myers tem se escondido, em mais uma das v�rias semelhan�as com “It – A coisa”. Na escurid�o, a perversidade do mascarado � transmitida ao rapaz, que d� in�cio � matan�a em resposta ao tratamento que tem recebido dos outros.

O filme todo � imbu�do do argumento de que algu�m s� age com viol�ncia porque foi levado a isso. H� uma cena esdr�xula da mulher que confronta Laurie no estacionamento do mercado porque ela teria “provocado um homem com problemas mentais”, como se a sanguinol�ncia de Myers fosse responsabilidade de seu maior alvo.

Mais tarde, o filme apela at� para cita��o de Nietzsche (“aquele que combate monstros deve tomar cuidado para que ele mesmo n�o se torne um”), mas n�o h� espa�o para ambiguidade moral em “Halloween”. N�o estamos falando de “Game of thrones” ou de “Watchmen”, em que her�is e vil�es trocam de pap�is a cada instante.

Tema fora da curva

� rid�culo culpar a v�tima por um assassino implac�vel que, desde o filme original, � descrito como o mal encarnado. N�o � o cancelamento ou o ostracismo que torna as pessoas m�s, assim como n�o s�o os xingamentos da esquerda que obrigam centristas a votarem num genocida odioso. O mal s� germina onde o solo � prop�cio.

O embate final entre Laurie e Michael � ignorado at� o �ltimo momento para desenvolver esse tema estapaf�rdio, que nada tem a ver com a franquia.

A verdade � que o “Halloween” de 2018 n�o precisava de sequ�ncias, mas os olhos dos produtores se transformaram em cifr�es e os roteiristas tiveram de encher lingui�a. V� ver “Morte Morte Morte”. � mais divertido. 

“HALLOWEEN ENDS”

EUA, 2022, 111min. De David Gordon Green, com Jamie Lee Curtis, Kyle Richards e Andi Matichak. Anos depois dos fatos ocorridos em “Halloween kills: O terror continua”, Laurie vive com a neta tranquilamente, e Michael Myers, que tanto a fez sofrer, desapareceu. Quando o jovem Corey � acusado de um assassinato que n�o cometeu, onda de viol�ncia obriga Laurie a enfrentar Myers e o mal que ele representa. Em cartaz nas salas das redes Cinemark e Cineart e no Centro Cultural Unimed BH-Minas.



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