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Estado de Minas ARTES C�NICAS

Aos 80 anos, Susana Vieira diz estar em "pleno exerc�cio do viver"

Atriz traz a BH neste fim de semana o mon�logo "Uma Shirley qualquer", no qual interpreta uma mulher que se descobre sozinha dentro de um casamento de d�cadas


22/10/2022 04:00 - atualizado 21/10/2022 21:52

A atriz Susana Vieira faz expressão de espanto em cena de Uma Shirley qualquer
Susana Vieira sobe ao palco do Sesc Palladium neste s�bado (22/10) e domingo com o espet�culo (foto: Edgard Jord�o/Divulga��o)

Certa vez, a atriz Susana Vieira, um dos rostos mais conhecidos da TV brasileira,  pediu ao amigo Miguel Falabella um texto para encenar nos palcos. Embora j� chegassem at� ela diversas pe�as e propostas de montagens, Susana estava obstinada: queria algo que fosse do Falabella. 

A teimosia, no entanto, tinha justificativa. Amiga de longa data do ator, diretor e escritor, ela trabalhou com ele em "A partilha", texto teatral dele que teve enorme sucesso desde a montagem original, de 1991, em que Susana Vieira dividia o palco com Arlete Salles, Patr�cya Travassos e Thereza Piffer. 

A hist�ria das quatro irm�s que discutem suas pend�ncias emocionais quando a m�e morre e � preciso fazer a divis�o de bens ganhou tamb�m uma vers�o cinematogr�fica, na qual Daniel Filho dirigiu Gloria Pires, Andr�a Beltr�o, L�lia Cabral e Paloma Duarte.  

No teatro, a pe�a foi remontada em 2010 e ficou mais dois anos em cartaz. Para Susana, voltar ao palco com um texto de Falabella seria garantia de sucesso, al�m de proporcionar a satisfa��o pessoal de trabalhar com um amigo.

Miguel Falabella, contudo, estava ocupado com outros projetos. Mas, para n�o deixar a atriz na m�o, decidiu enviar a ela uma pe�a escrita por um dramaturgo brit�nico que ele admira chamado Willy Russel. O texto era a adapta��o - feita pelo pr�prio Falabella - de "Shirley Valentine", que foi rebatizada com "Uma Shirley qualquer" e chega a Belo Horizonte neste fim de semana, com sess�es neste s�bado (22/10) e domingo, no Sesc Palladium.

Machismo

No Brasil, "Uma Shirley qualquer" j� havia sido encenada tendo no papel-t�tulo Renata Sorrah (1991) e Beth Faria (2009). A primeira vers�o com Susana Vieira estreou em 2015, com dire��o de Falabella. A que chega neste fim de semana a Belo Horizonte � dirigida por Tadeu Aguiar. 

Sobre sua decis�o de seguir encenando esse texto em vez de partir para uma nova montagem, a atriz afirma: "Eu recebo muitas propostas e muitos textos para encenar, mas insisto com essa pe�a porque ela � muito atual. Ela trata do machismo, que continua muito presente em nosso pa�s".

Escrita originalmente na d�cada de 1980 e sob a perspectiva de um ingl�s que n�o ignorava os preconceitos de g�nero que prevaleciam na sociedade brit�nica � �poca, "Uma Shirley qualquer" acompanha a vida mon�tona da personagem que d� nome � obra. 

Casada h� um bom tempo com o mesmo marido e com os filhos j� criados, Shirley come�a a se questionar a respeito de como leva a vida. Esse questionamento se d� por meio de lembran�as de situa��es inusitadas, corriqueiras e angustiantes que experimentou ao longo da vida.

Compartilhando essas mem�rias com os espectadores em forma de mon�logo, Shirley acaba concluindo que, embora tenha constitu�do uma fam�lia e ainda mantenha um relacionamento duradouro, ela � uma pessoa solit�ria.

Essa conclus�o n�o � um impeditivo para ela mudar sua vida de rumo, contudo. Pelo contr�rio. � justamente por causa dessa percep��o que ela aceita o convite de uma amiga para viajar � Gr�cia sem a companhia dos respectivos maridos.

"� incr�vel que, com essa dist�ncia do tempo, desde que foi escrita at� os dias de hoje, e da dist�ncia de pa�ses e culturas, essa pe�a permane�a atual, n�o �?", comenta a atriz. 

"A Shirley � uma mulher que tem medo do marido. E a pe�a mostra essa primazia que h� do pensamento de que o homem pode fazer qualquer coisa e a mulher tem que ficar em casa. � justamente isso que acontece com a Shirley. Ela fica dentro de casa, preparando a comidinha para o esposo, que � um homem controlador", diz.

"Comecei minha carreira na d�cada de 1960, na TV Tupi. Nos anos 1970, fui para a TV Globo, onde estou at� hoje. Fiz muita novela e teatro. Estou em cartaz e ainda tenho muitos projetos para o futuro, entre eles minha biografia e um document�rio contando minha hist�ria. Portanto, minha vida sempre foi dedicada ao trabalho"

Susana Vieira, atriz

Am�rica Latina

Ainda que sua trajet�ria pessoal em nada coincida com a da personagem que interpreta, a atriz afirma que existe um pouquinho de Shirley em cada mulher, sobretudo as latinoamericanas. 

"Essa vis�o machista ainda � bem comum nos pa�ses da Am�rica Latina. Outros pa�ses de outras regi�es j� come�aram a mudar essa vis�o", afirma, citando Nova Zel�ndia, Alemanha e Inglaterra, que contaram ou ainda contam com mulheres no cargo de primeira-ministra.

Ela acrescenta que viveu no M�xico enquanto gravava uma novela e l� conheceu homens que reproduziam intensamente essa cultura machista. "Tinha um homem que andava armado e, quando ia dormir, colocava a arma debaixo do travesseiro", conta.

A liberta��o que a personagem de Susana Vieira experimenta em "Uma Shirley qualquer", no entanto, talvez possa se comparar com a que a pr�pria atriz vive h� algum tempo. Aos 80 anos, completados em 23 de agosto �ltimo, ela garante que est� em "pleno exerc�cio do viver", com muito g�s para trabalhar e para namorar.

"Me casei muito jovem. Tive filho com 18 anos. Mas, quando ele estava com 5 anos, eu me separei. Levei a vida sozinha", diz. "Comecei minha carreira na d�cada de 1960, na TV Tupi. Nos anos 1970, fui para a TV Globo, onde estou at� hoje. Fiz muita novela e teatro. Estou em cartaz e ainda tenho muitos projetos para o futuro, entre eles minha biografia e um document�rio contando minha hist�ria. Portanto, minha vida sempre foi dedicada ao trabalho", conta.

Temporada portuguesa

Antes da turn� de "Uma Shirley qualquer" pelo Brasil, Susana Vieira passou uma temporada em cartaz com a pe�a em Portugal. Durante 10 dias, ela se apresentou em Lisboa, Braga, Sintra, Porto e Leiria.

"Foram os 10 dias mais felizes da minha vida", afirma. "Nesse per�odo, eu fiz coisas que h� muito tempo n�o fazia, como pegar a estrada de carro para fazer as apresenta��es, dormir no banco de tr�s durante a viagem, sair com a equipe � noite para jantar e ter que comer pizza fria", brinca.

"UMA SHIRLEY QUALQUER"

Texto: Willy Russel. Adapta��o: Miguel Falabella. Dire��o: Tadeu Aguiar. Com Susana Vieira. Neste s�bado (22/10), �s 20h30; e domingo (23/10), �s 19h. Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos: R$ 75 (inteira) e R$ 37,50 (meia), � venda na bilheteria do teatro e pelo Sympla. Mais informa��es: (31) 3270-8100. Classifica��o: 12 anos
 


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