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Estado de Minas M�SICA

Saiba como Milton Nascimento ir� comemorar hoje seus 80 anos

Cantor e compositor, que est� em turn� com "A �ltima sess�o de m�sica", reunir� amigos em sua casa no Rio de Janeiro


26/10/2022 04:00 - atualizado 25/10/2022 23:18

Milton Nascimento está em pé,com figurino colorido, e segurando a sanfona na abertura de sua última turnê, no Rio de Janeiro
Milton Nascimento na estreia de sua �ltima turn�, em junho deste ano, em show realizado no Rio de Janeiro (foto: Carl de Souza/AFP)

"N�o sei de onde ele tira tanta energia. Viaja sorrindo, chega nos lugares um dia antes. E os shows est�o cada vez mais emocionantes. D� um n� na garganta que esteja chegando ao fim. Mas o Bituca vai ter as f�rias da vida dele. Estamos inclusive planejando passear juntos, igual faz�amos quando �ramos moleques"

M�rcio Borges, compositor


Os amigos sabem muito bem: todo 26 de outubro � dia de festa. Em casa, entre os que lhe s�o caros e com muita m�sica. A deste ano vai ser especial. Milton Nascimento chega nesta quarta-feira (26/10) aos 80 anos, em plena atividade, na reta final de uma bem-sucedida turn� de despedida (dos palcos, n�o da m�sica), que vem crescendo a cada nova apresenta��o.

A banda que o acompanha n’ “A �ltima turn� de m�sica”, que termina em 13 de novembro pr�ximo, no Mineir�o, estar� presente no Anfiteatro Wayne Shorter. O espa�o, criado na casa de Milton, no Itanhang�, Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi batizado com o nome do saxofonista americano que se tornou parceiro dele em 1974 com o �lbum “Native dancer”. A inaugura��o, uma por��o de anos atr�s, foi tamb�m em um 26 de outubro, e contou com a presen�a do pr�prio Shorter.

Na noite de canjas, o microfone estar� aberto. Uma das presen�as ser� de Esperanza Spalding, que, como as redes sociais de Milton destacaram, est� nesta semana no Rio para as comemora��es. A contrabaixista e cantora americana participou de um dos nove shows nos EUA, na primeira quinzena deste m�s. 

"Falei que era contra, estava preocupado com a sa�de dele. Mas, a cada show, o Bituca passou a cantar mais, a voz veio mais, ele improvisando... Foi impressionante. Hoje ele est� cantando mais do que na turn� passada"

Wilson Lopes, instrumentista e arranjador


Surpresa para Bituca

Outros amigos, ali�s, prestaram o devido tributo no bra�o americano da turn�, subindo ao palco: Herbie Hancock em Los Angeles; Fito Paez, em Nova York. Sergio Mendes, Stanley Clarke, Paul Simon estiveram na plateia. Este �ltimo, ali�s, surpreendeu. No quarto do hotel em Nova York, Milton esperava a chegada do cantor e compositor argentino. Foi Simon quem apareceu – logo pegou o viol�o e come�ou a tocar.    

Parceiro de primeira hora, o letrista M�rcio Borges tem acompanhado de perto a turn�. J� assistiu a seis shows, dois deles nos EUA. Chegou ontem de Nova York para a comemora��o – Milton havia ligado um dia antes, perguntando se ele voltaria a tempo da festa.

“N�o sei de onde ele tira tanta energia. Viaja sorrindo, chega nos lugares um dia antes. E os shows est�o cada vez mais emocionantes. D� um n� na garganta que esteja chegando ao fim. Mas o Bituca vai ter as f�rias da vida dele. Estamos inclusive planejando passear juntos, igual faz�amos quando �ramos moleques. Estou muito alegre e comovido por saber que estive presente na primeira sess�o de m�sica e agora estou acompanhando a �ltima”, diz Borges.

Violonista, guitarrista, arranjador e professor, Wilson Lopes completa, em 2023, trinta anos tocando ao lado de Milton – h� 20 � arranjador e diretor musical de todas as turn�s. A opini�o sobre a turn� � semelhante � de Borges. “A ascend�ncia do Bituca (nos shows, que tiveram in�cio em junho) foi uma coisa absurda. Logicamente, quando o capit�o cresce, a banda toda cresce.”

Quando a temporada de shows foi iniciada, Lopes admite que foi voto vencido. “Falei que era contra, estava preocupado com a sa�de dele. Mas, a cada show, o Bituca passou a cantar mais, a voz veio mais, ele improvisando. Foi impressionante. Hoje ele est� cantando mais do que na turn� passada.”

Lopes conheceu Milton quando era adolescente. N�o passava dos 16 quando o encontrou no casamento de Toninho Horta, em Tr�s Pontas. “Ele passou do meu lado e dei tr�s tapinhas no ombro e disse: ‘� Milt�o doid�o’. Ele parou, deu um passo para tr�s, e uma encarada brava. Depois passou um tempo, ele veio para perto de mim, e eu tremia igual vara verde. Me disse: ‘Quem � doid�o?’. Demos risada e ficamos amigos de inf�ncia naquele momento”, relembra Lopes.
 
Somente uma d�cada mais tarde eles se tornaram parceiros – a primeira can��o juntos foi “De um modo geral”, do �lbum “Angelus” (1993).
 

"O Bituca � um farol que ilumina a minha vida. Olho para ele, fazendo tudo o que est� fazendo hoje: tomara que eu chegue nessa idade com a energia dele"

L� Borges, cantor e compositor

 
N�o d� para falar em parceiro de Milton sem falar em L� Borges, que dividiu com ele o �lbum duplo “Clube da esquina”, cinquenten�rio neste 2022. “O Bituca � um farol que ilumina a minha vida. Olho para ele fazendo tudo o que est� fazendo hoje: tomara que eu chegue nessa idade com a energia dele”, diz L�, que completou 70 neste ano.
 
Das in�meras parcerias juntos, L� n�o tem como n�o eleger a primeira, “Clube da esquina”, como a fundamental. “A 1, n�o a 2, que ficou muito mais famosa. Sem essa can��o n�o existiria o �lbum ‘Clube da esquina’”, afirma. Gravada no disco “Milton” (1970), quando L� tinha 18 anos, ela nasceu do encontro dos dois na esquina de Santa Tereza, numa noite qualquer.

“� uma hist�ria quase rom�ntica. A can��o estava quase pronta, o Bituca inventou uma melodia linda, e o Marcinho (Borges) chegou no fim da tarde. Quando ele viu o parceiro dele tocando com o irm�o mais novo, disse que iria escrever a letra. S� que acabou a energia el�trica e minha m�e iluminou o caderno com uma vela. Dona Maricota (matriarca dos Borges) inaugurou uma profiss�o: iluminador de letra”, conclui L�.

André Mehmari e Mônica Salmaso sorriem e olham para a câmera
Andr� Mehmari e M�nica Salmaso lan�am disco com 11 can��es do repert�rio de Milton Nascimento (foto: Myriam Villas-Boas/Divulga��o)

Parab�ns a muitas vozes

A celebra��o em torno da vida de Milton Nascimento traz alguns lan�amentos. Djonga gravou “Travessia” (1967), primeira parceria de Milton e Fernando Brant, para o projeto “Atemporais”. Criado pelo Spotify para homenagear os quatro grandes da m�sica brasileira que chegaram aos 80 em 2022 – Caetano Veloso, Gilberto Gil e Paulinho da Viola, al�m de Bituca –, traz singles de can��es antol�gicas regravadas por novos artistas.

“Travessia” ser� lan�ada nesta quarta (26/10) na plataforma de streaming, assim como “Maria Maria”, registrada por Ludmilla. No single, o rapper mineiro realmente solta a voz na estrada, como preveem os versos de Brant, sob discreta base eletr�nica. 

A escolha de Djonga para a homenagem � coerente. Ele sempre destacou a import�ncia de Milton e, em seu �lbum de estreia, “Heresia” (2017), refez a capa do �lbum “Clube da esquina”, aparecendo duplicado em uma foto tal qual os dois garotos, Cacau e Tonho, registrados em 1972 por Cafi para o disco de Milton e L�.
 
Djonga canta com o microfone colado à boca
O rapper Djonga lan�a releitura do cl�ssico "Travessia" (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 

Outro lan�amento, tamb�m dispon�vel a partir de hoje nas plataformas digitais � o �lbum “Milton” (Biscoito Fino), de Andr� Mehmari e M�nica Salmaso. Pianista e cantora gravaram 11 can��es de autoria ou do repert�rio de Milton. A grava��o, realizada em dezembro de 2020 para um projeto de lives do YouTube, se tornou show – a dupla se apresentou em maio passado, no Pal�cio das Artes.

“Seria um pecado deixar o material escondido (j� que a live n�o foi reprisada), e da� propus um disco para a Biscoito Fino”, diz M�nica. A grava��o foi realizada em um �nico dia. Sem ensaiar, pois era �poca de quarentena, o pianista e a cantora fizeram tudo “de primeira”.
 
“A maior parte dos arranjos foi feita no dia da grava��o. ‘Credo’ (Milton e Brant) e ‘Paula e Bebeto’ (Milton e Caetano), por exemplo, eu nunca tinha tocado antes. Foi tudo na emo��o”, comenta Mehmari, que � parceiro de M�nica h� duas d�cadas e tem bastante intimidade com o repert�rio do Clube da Esquina – em 2019, lan�ou o �lbum “Na esquina do Clube com o sol na cabe�a”.

A "alma do Milton"

Quando o repert�rio come�ou a ser definido, Mehmari comentou com M�nica que a �nica can��o que ele fazia quest�o era “Paix�o e f�” – de autoria de Tavinho Moura e Fernando Brant. “Mas, para mim, ela simboliza a alma do Milton e do Clube”, diz Mehmari. 

Al�m de piano, ele tamb�m toca marimba de vidro em “A terceira margem do rio” (de Milton e Caetano). “Foi de forma impensada. Comecei a fazer a m�sica no piano, o Teco (Cardoso) come�ou a tocar flauta. Eu tenho uma c�pia da marimba de vidro do Uakti e resolvi tocar ali. Esse arranjo reflete o momento de cria��o que tivemos no est�dio”, comenta Mehmari.

M�nica, que est� em meio � turn� “Que tal um samba?”, com Chico Buarque, comenta que cantar Milton vai al�m do desafio para qualquer int�rprete.
 
“Tudo � definitivo na voz dele. Milton � de uma gera��o de her�is, e, no caso dele, n�o � s� a voz, o timbre. Ele � tamb�m a nossa voz, da terra, do que nos liga com a nossa hist�ria. A m�sica do Milton abrange tudo: o que � tradicional, o que � moderno. Ele canta o Brasil profundo com toda a sua mistura. Ningu�m ouve a voz do Milton impunemente. A partir de Minas, ele fala do Brasil”, diz a cantora.


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