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Estado de Minas DESAVEN�A

"Acho que C�ssia Kis precisa ser punida", afirma Paulo Betti

De volta a BH para sess�o de "Autobiografia autorizada" no domingo (20/11), ator falou ao "Estado de Minas" sobre carreira, pol�tica e a pol�mica com a colega


18/11/2022 04:00 - atualizado 18/11/2022 00:01

Vestido de branco, Paulo Betti gesticula no palco, em cena de 'Autobiografia autorizada'
D�cimo quinto filho de uma camponesa analfabeta e um esquizofr�nico, Paulo Betti repassa sua vida desde a inf�ncia em Sorocaba no espet�culo, que tem o tom de com�dia (foto: MAURO KHOURI/DIVULGA��O)

Paulo Betti tinha entrado na casa dos 60 quando come�ou a olhar para tr�s. Os di�rios e textos que escreveu na juventude se tornaram a base do espet�culo “Autobiografia autorizada”. A montagem, escrita, dirigida (com Rafael Ponzi) e interpretada por ele, recupera a trajet�ria do filho ca�ula (o 15º) de uma camponesa analfabeta e de um esquizofr�nico de Sorocaba, interior de S�o Paulo.

Lan�ado em 2015, o espet�culo nunca deixou de ser apresentado. Nem mesmo na pandemia, quando Betti fez uma temporada on-line – houve sess�es remotas com 4 mil pessoas, outras com um s� espectador. De volta a Belo Horizonte, onde apresentou o mon�logo em 2016, Betti faz �nica sess�o neste domingo (20/11), �s 19h, no Sesc Palladium.

"O que acho que tem que haver (nas pol�ticas p�blicas para cultura) � retomar tudo de bom que estava acontecendo (antes da gest�o Bolsonaro), como os Pontos de Cultura, a Ancine funcionando bem, com uma capilaridade incr�vel. Acho que a gente tinha um projeto bem bacana que foi interrompido. Com a sua retomada, haver� uma valoriza��o da cultura, e n�o sua demoniza��o"

Paulo Betti, ator



Na entrevista a seguir, Betti, que chegou aos 70 em 8 de setembro passado, comenta que s� agora, na maturidade, entendeu que � realmente um ator. Apoiador de Lula e do PT desde a primeira hora, ele falou tamb�m sobre o que espera do novo governo, das mudan�as que gostaria de ver na Lei Rouanet e do imbr�glio com C�ssia Kis. 

O que significa para voc� este reencontro com o p�blico nos palcos?

Sinto que o p�blico tem estado muito desejoso do contato direto com o ator. Quando a pe�a acaba, as pessoas esperam, querem conversar, tirar fotografia, enfim, trocar ideias, participar. Todo mundo est� muito motivado por causa do processo que temos passado nos �ltimos anos. Foram muitas mortes, perdas, e o teatro significa o reencontro. As pessoas est�o gratas por estar vivas.

Voc� chegou aos 70 recentemente. Chegar a essa idade em plena atividade muda muita coisa?

Evidentemente que tem seus problemas, mas sou muito disciplinado, regrado e conservado (risos). Depois dos 60, come�aram a me chamar de mestre. Agora, j� come�am a me levar pela m�o, me conduzindo ao lugar onde devo ficar, embora eu n�o precise disso. Vou parodiar um amigo meu, Anton Chaves, um ator maravilhoso.

Ele dizia: “Ser� que sou ator mesmo?”. Hoje acho que n�o tenho mais d�vida: sou ator, e cheguei a essa conclus�o aos 70 anos. Descobri bem tarde que sou ator e hoje domino minimamente meu of�cio. O Domingos Oliveira dizia que eu era um falso modesto. Acho que ele tinha raz�o.

Neste ano, voc� est� viajando com o mon�logo, esteve em dois filmes que chegaram aos cinemas (“O debate”, de Caio Blat, filmado em 2022, e “O pai da Rita”, de Joel Zito Ara�jo) e fez a novela “Al�m da ilus�o”. Os pap�is n�o param, n�o �?

N�s, homens, somos privilegiados nesta quest�o em rela��o �s mulheres. Estou sempre fazendo pap�is que me colocam na �rea, e fico feliz com isso. “Al�m da ilus�o” foi uma novela excelente, de �poca, no governo do Get�lio, falava de quest�es da guerra, da mulher naquele per�odo.

E j� estou com proposta para fazer outra novela. Fiz “O debate”, um filme de guerrilha, filmado rapidamente, pronto em quest�o de um m�s. Tinha plano sequ�ncia de seis minutos do meu personagem fumando um cigarro cenogr�fico filha da p... Eu tinha que acender o cigarro, falar, andar, descer escada. Foi esse filme que me deu no��o de que sou ator mesmo.

Voc� ainda � contratado da Globo, certo?

Ainda sim, mas isso vai mudar. Isso porque meu contrato n�o chegou ao fim. A Globo n�o vai ser mais da maneira que era, com aquele elenco... Mas vou fazer outra novela, tenho convites para fazer filmes no streaming. E voltei a assistir a novelas na pandemia. Adorei ver “Pantanal” e aquela que passava antes (“Um lugar ao sol”). Gosto de ver meus colegas.

O que eu n�o vejo � s�rie: a �ltima que vi foi “Bonanza” (risos). N�o, quando todo mundo comenta, vejo alguma para n�o ficar por fora, tipo “Breaking bad”. Mas acabo achando que n�o � tudo o que est�o falando.

Voc� se engajou muito na campanha de Lula, fez v�rios v�deos para redes sociais para tentar mudar voto. Houve contato para que fizesse parte da equipe de transi��o?

N�o, acho que perceberam que estou trabalhando muito. E n�o tenho nenhum problema de n�o estar na transi��o, estou adorando n�o estar em lugar nenhum. Na real, sou um ator. Estou numa vida muito corrida.

Esta semana, fiz o espet�culo em Macei�, ontem no Rio, hoje em S�o Gon�alo, domingo em BH. Mas estou vendo com muito bons olhos a transi��o, as pessoas convidadas para participar da equipe. E o desejo de todos n�s � que a coisa d� certo. E vamos ter novamente um Minist�rio da Cultura!

O retorno do MinC � a demanda mais imediata do setor cultural. Mas o que voc� espera, efetivamente, que o PT de volta � Presid�ncia do Brasil traga para o setor, t�o demonizado nos �ltimos quatro anos?

Seria legal haver um aprimoramento da Lei Rouanet, que, ali�s, sempre foi din�mica. Mas tem que haver uma campanha de esclarecimento, j� que as pessoas n�o sabem o que � a lei, quando ela � necess�ria.

As fake news atrapalharam muito. Outra quest�o que acho que tem que haver � retomar tudo de bom que estava acontecendo (antes da gest�o Bolsonaro), como os Pontos de Cultura, a Ancine funcionando bem, com uma capilaridade in- cr�vel. Acho que a gente tinha um projeto bem bacana que foi interrompido. Com a sua retomada, haver� uma valoriza��o da cultura, e n�o sua demoniza��o.

“Autobiografia autorizada” n�o faz uso de lei, correto? Como voc� est� bancando a temporada?

Nesta pe�a especificamente n�o usei lei, mas tive um patroc�nio inicial (quando da primeira  temporada, em 2015). Atualmente, eu viajo com a pe�a com cach�s baixos quando fa�o espet�culos de gra�a (com entrada franca). Meu cach� � R$ 20 mil brutos. Com isso, tenho que pagar equipe. Compara com dupla sertaneja que cobrava R$ 700 mil, R$ 800 mil para fazer show em cidades pequenas. � um valor razo�vel.

Agora, a Lei Rouanet � excelente. Mas parte dela tem que sair do eixo Rio/S�o Paulo. A lei depende dos departamentos de marketing das empresas, que v�o querer os artistas mais conhecidos para ter retorno de publicidade. Seria ideal que tivesse um ramo dela saindo do eixo, facilitando mais para os artistas que sejam desconhecidos. Isso favoreceria muito a cultura, pois hoje ela (a lei) favorece muito as grandes produ��es.

Recentemente, C�ssia Kis exp�s conversa privada que voc� teve com ela durante uma live com Leda Nagle. Essa situa��o lhe causou muito inc�modo?

N�o foi t�o inc�modo, n�o. Acho que as coisas acontecem. Mas acho que a C�ssia n�o tem o direito de fazer a prega��o homof�bica que est� fazendo. Acho que ela precisa ser punida. E tamb�m pela atua��o contra a democracia. Ela est� bastante equivocada. N�o tem cabimento, neste momento, ir pra frente de quartel pedindo que haja interven��o.

Lamento, pois a considero �tima atriz, uma amiga. Para voc� ter uma ideia, o tio da C�ssia � o jogador de futebol da minha inf�ncia, do (Esporte Clube) S�o Bento, de Sorocaba. Ela � sobrinha do Gon�alves, e eu ia para o est�dio para v�-lo jogar. Nas minhas conversas com a C�ssia, o papo sempre girou em torno do Gon�alves, um cara elegante, ma- ravilhoso. Agora, no momento em que ela est� falando coisas absurdas, acho que tem que ser punida.

Voc� pretende usar verde e amarelo nos jogos da Copa?

De jeito nenhum. Ali�s, se usar, vai ser com o 13 do Lula nas costas. Mas acho que vou usar camisa vermelha mesmo. Naturalmente, vou torcer pelo Brasil. Gosto de futebol e gosto do Brasil. Espero ter que comemorar gols do Neymar, estou torcendo para que ele jogue muito bem. Mas confesso que estou torcendo mais para o Vin�cius Jr. e pelo Richarlison.

ESPET�CULO EM FESTIVAL

“Autobiografia autorizada” ser� o espet�culo de abertura do 1º Festival Santo Ant�nio das Artes, em Santo Ant�nio do Monte, no Centro-Oeste mineiro. O mon�logo ser� apresentado na pr�xima sexta-feira (25/11), �s 20h, no Poliesportivo Dr. Renato Azeredo. O evento, que vai at� o dia 30, conta com espet�culos e oficinas. Entrada franca (os ingressos ser�o disponibilizados uma hora antes da apresenta��o).

“AUTOBIOGRAFIA AUTORIZADA”

• O mon�logo com Paulo Betti ser� apresentado neste domingo (20/11), �s 19h, no Sesc Palladium,
• Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro.
• Ingressos: Plateia 1 – R$ 50 e R$ 25 (meia); Plateias 2 e 3 – R$ 40 e R$ 20 (meia).
• � venda na bilheteria e no Sympla.
• Informa��es: (31) 3270-8100


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