
Afinal de contas, filosofamos porque nos sabemos mortais. A compreens�o de que a vida corre contra o tempo coloca significado em cada decis�o que tomamos, nas escolhas �ticas diante de uma exist�ncia que se apresenta como projeto, sempre aberta �s vicissitudes do destino ou � excel�ncia de sermos vers�es melhoradas de n�s mesmos a cada dia.
Em suma, levar Olavo n�o era mais que obriga��o de of�cio, tendo em vista os preju�zos acad�micos que ele tanto causou para a galera que, de uma hora pra outra, se viu autorizada a verborragiar improp�rios no espa�o sem lei da internet, ofendendo a Sabedoria com relinchos ressentidos de quem nunca conseguiu aprovar um artigo acad�mico ou necessitou plagiar disserta��es para compor um m�ni curr�culo para entrar em algum minist�rio.
No entanto, observando as a��es a partir da�, a senhora tem que se explicar. Com todo respeito, creio que a n�o entendeu bem quando ped�amos uma “renova��o” na humanidade. No auge de minha arrog�ncia humana, desaprovo totalmente suas decis�es e ainda sacramento: levar, em um mesmo ano, Gal Costa, Rolando Boldrin, Jean Luc Godard, J� Soares, Elza Soares, Arnaldo Jabor, Taylor Hawkins, Jerry Lee Lewis, Dan McCafferty, Sargento Pincel, Pablo Milan�s e, agora, Erasmo, o Tremend�o?! A� vossa senhoria pegou pesado demais!
Fico a acreditar que n�o foi apenas uma falha de comunica��o entre n�s. Isso foi escolha consciente, arbitr�ria e desejosa para levar o que temos de melhor do lado c�. Pode falar, sem medo, voc� est� a mando de quem? Ou ser� que est� a fim de juntar esse pessoal todo a� para perto de sua pessoa, porque a pr�pria Terra n�o � mais habit�vel para gente l�cida, s�bia, sens�vel e competente? � inveja ou � imoralidade mesmo?
Tudo bem que nossa confian�a na humanidade beirou a nulidade nos �ltimos tempos, n�o � � toa que o realismo pessimista da leitura de Emil Cioran nunca fez tanto sentido na nervura do real. Afinal de contas, acostumamo-nos a denominar de “progresso a injusti�a que cada gera��o cometeu relativamente �queles que a antecederam”.
Mesmo n�o sendo muito adepto da esperan�a, talvez por acreditar que ela � por demais nociva, produtora de homens medianos que acreditam na resili�ncia e no Life coaching como modo de suportar as adversidades da exist�ncia, vou continuar na teimosia de que, do outro lado do destino sobrenatural, exista uma entidade mais competente, respons�vel por nascimentos e origens, que consiga repor � altura esse estoque de boa gente que vossa senhoria levou.
E tenho dito.
*Professor e fil�sofo, buscando as problem�ticas da vida diante das solucion�ticas do mundo