O nordestino Timb� enfrenta a seca na novela "Mar do sert�o" (foto: Ronald Santos Cruz/Globo)
Enrique D�az sempre foi muito ativo. Cinema, televis�o, teatro – o ator sempre esteve em todos esses lugares. Ali�s, em mais de um ao mesmo tempo, cumpre dizer. Agora, conta que entrou na fase “deixa a vida me levar”.
Ele interpreta o Timb� de “Mar do sert�o”, novela das 18h da Globo. O sertanejo humilde, que h� d�cadas enfrenta a seca, caiu nas gra�as do p�blico. Afinal, Timb� � o retrato de milhares de brasileiros que vivem no Nordeste.
“Este personagem sempre foi anunciado para mim como um personagem muito bom. Ele est� l� na dramaturgia representando uma personalidade muito forte da cultura brasileira”, observa D�az, em entrevista por videochamada ao Estado de Minas.
Jo�o Grilo
“Timb� � muito potente na linhagem hist�rica de personagens p�caros, malandros, brasileiros, que, ao mesmo tempo, s�o inocentes e de bom esp�rito. Ele tem a for�a da tradi��o dos repentistas, cordelistas, comediantes populares e tamb�m a influ�ncia das narrativas medievais da Espanha. Ao mesmo tempo, tem semelhan�a com o Jo�o Grilo, do (Ariano) Suassuna”, explica, referindo-se ao protagonista do cl�ssico “O auto da Compadecida”.
Timb� � apenas um dos v�rios personagens do ator que carregam a marca da cultura brasileira. D�az j� viveu cangaceiro (no filme “O auto da Compadecida”, de Guel Arraes), pantaneiro (na segunda vers�o da novela “Pantanal”, na Globo), presidi�rio (no filme “Carandiru”, de Hector Babenco), faz-tudo (em “Amor de m�e”, folhetim da Globo) e aristocrata esnobe (na s�rie “O mecanismo”, da Netflix).
“Gosto dessa gama aberta de possibilidades”, ressalta. “E gosto tamb�m de alternar, sempre que poss�vel.”
Enrique D�az, como o presidi�rio Gilson, e Luiz Carlos Vasconcelos, como o m�dico que atende detentos em Carandiru (foto: Universal Pictures)
Os trabalhos dele evidenciam o desejo de estar sempre em movimento. No final da d�cada de 1980, Enrique criou seu pr�prio grupo de teatro. A Companhia dos Atores tinha Drica Moraes entre os integrantes.
Na mesma �poca, D�az criou e integrou o Coletivo Improviso. Paralelamente ao trabalho no palco, come�ou a se aproximar mais do cinema e da televis�o.
Inicialmente, houve certa resist�ncia em fazer TV. Puro preconceito, reconhece. Em suas reflex�es sobre a carreira, recorreu � t�tica que aprendeu em sess�es de an�lise comportamental.
“Pensei: bom, se estou querendo rejeitar aquilo, o que tem de desejo ali? Seja daquele mundo, em termos do interesse que aquilo produz, seja do espa�o que aquilo ocupa, seja pelo poder que aquilo tem. Tudo isso acaba movendo a gente de alguma maneira, entende?”.
De fato, moveu. D�az baixou a guarda. Nos anos 1990, l� estava ele na primeira vers�o de “Pantanal” (Manchete), interpretando Chico Marru�. Em seguida, participou de epis�dio da miniss�rie “Desejo” (Globo, 1990) e n�o parou mais. Vieram “Anos rebeldes” (1992), “Voc� decide” (1992), “Irm�os Coragem” (1995) e, mais recentemente, “Onde nascem os fortes” (2018), “Amor de m�e” (2019), o remake de “Pantanal” (2022) e “Mar do sert�o” (2022).
Tamb�m fez os filmes “Como nascem os anjos” (1996), de Murilo Salles; “As tr�s Marias” (2002), de Aluisio Abranches; “Redentor” (2004), de Cl�udio Torres; “Mato sem cachorro” (2013), de Pedro Amorim; al�m dos j� citados “O auto da Compadecida” (2000) e “Carandiru” (2003).
D�az ficou � frente da Companhia dos Atores at� 2012. Saiu por se sentir mais confort�vel atuando. “Eu j� vinha de um movimento de querer dirigir menos. Quando sa� da companhia, era um sinal, uma intui��o, mostrando que eu n�o estava t�o confort�vel em um lugar institucionalizado, no qual era o diretor e fazia projetos”, afirma.
Enrique D�az na pe�a "Cine Monstro" (foto: Guto Muniz/divulga��o)
Teatro Poeira
Por�m, este ano, ele cedeu ao pedido das amigas Marieta Severo e Andr�a Beltr�o. Marcando a reabertura do Teatro Poeira, no Rio de Janeiro, depois de dois anos fechado em decorr�ncia da pandemia, as duas s�cias do espa�o convidaram D�az para dirigir a pe�a “O espectador”, que estreou em setembro.
“Quando me chamaram, fiquei hiperfeliz, mas j� estava no movimento de dirigir menos. A�, a solu��o foi falar com o Marcinho Abreu e a gente acabou dirigindo juntos”, conta.
Tendo agora apenas as grava��es de “Mar do sert�o” – que consomem muito tempo e energia, destaca –, ele j� pensa em novos projetos. “Talvez um mestrado ou um doutorado, ainda n�o sei”, afirma.
E, assim, a vida leva Enrique D�az.
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