
Acredita-se que o bordado tenha surgido na era pr�-hist�rica, quando o homem aprendeu a usar o ponto em cruz utilizando ossos como agulhas e fibras de vegetais ou de animais como linha. Datam dessa mesma �poca as primeiras produ��es em cer�mica e o of�cio da cestaria (fabrica��o de cestos a partir de palha, cana de bambu ou salgueiro).
Embora arcaicos, esses produtos sobreviveram milhares de anos e t�m hoje grande express�o, como demonstra a tradicional Feira Nacional de Artesanato (FNA), que tem sua 33ª edi��o realizada a partir desta ter�a-feira (6/12) at� domingo (11/12), no Expominas. A estimativa � que cerca de 130 mil pessoas compare�am ao evento.
Ser�o quase 900 estandes e mais de 3 mil expositores de diferentes regi�es do pa�s, que levar�o pe�as de cer�mica, madeira, ferro, palha, caba�a, al�m de outros materiais. Entre os expositores, tamb�m est�o confirmados representantes de 30 etnias ind�genas.
Ainda que seja uma feira nacional de artesanato, o evento contar� com participantes estrangeiros, vindos da Indon�sia, Turquia, Senegal e Tun�sia.
“� um percentual bem pequeno (de estrangeiros)”, afirma T�nia Machado, organizadora da FNA, destacando o car�ter nacional da feira. “A gente n�o deixa o estrangeiro comprar um espa�o muito grande para montar estandes, para que n�o venham empresas da �sia e da �frica, s� mesmo os artes�os desses pa�ses.”
Para al�m da exposi��o e da venda dos produtos, a programa��o contar� com oficinas e apresenta��es culturais tendo o folclore e o cancioneiro nacional como temas, cortejos e shows.

Macram� e pontilhismo
Uma das respons�veis por ministrar as oficinas de macram� (t�cnica de tecelagem com n�s e entrela�os) e de pintura de pontilhismo � a artes� belo-horizontina Leila Leite. Para essas atividades, gratuitas e com vagas limitadas, ela pretende incentivar pr�ticas sustent�veis.“Gosto muito dessa pegada de reaproveitar materiais, mas fazendo algo bacana. Ent�o, estou propondo fazer um macram� com malha reutiliz�vel, misturando com fuxico e r�stia de alho. Para as outras oficinas, pretendo fazer bonecas de macram� e gnomos de Natal com embalagens recicl�veis”, afirma a artes�.
Acostumada a trabalhar com malhas, tinta e materiais reutiliz�veis, Leila confessa que sua prefer�ncia � outra: a caba�a. Mais especificamente a produ��o de pinguins de geladeira com esse material. “Eu amo pinguim. S� fa�o pinguim, sou, inclusive, colecionadora, tenho 1.200 deles”, conta, rindo.
Para a FNA, ali�s, ela vai levar esse seu trabalho no intuito de apresentar aos visitantes e lojistas que estiverem no evento. “L� � o �nico lugar onde, de fato, eu comercializo o que fa�o”, comenta. Ela j� participou de ao menos oito edi��es. “A feira para mim � uma Disneyl�ndia. Eu adoro”, diz, antes de cair na gargalhada.
Revolu��o industrial
Leila � um bom exemplo do motivo de o artesanato n�o ter sucumbido aos avan�os tecnol�gicos e � produ��o em massa, que come�aram com a Revolu��o Industrial, a partir de 1840.“A caba�a � um fruto da natureza. Uma � diferente da outra. Portanto, eu n�o tenho modelo de pinguim. Fa�o de acordo com o material que tenho”, aponta. O artes�o de Tiradentes Cleber Wierman enfatiza o mesmo aspecto. Ele ainda acrescenta: “O artes�o tem uma coisa muito legal, que � o clima dele. Se estiver alegre, a pe�a fica alegrinha. Voc� vai olhar para ela e sentir alegria.”
Trabalhando com chapa de ferro como mat�ria-prima, Cleber produz o que lhe vem � mente. J� fez anjos, galos, galinhas, borboletas e at� uma formiga tendo como guitarra um ramo de folha. Foi, inclusive, essa formiga que manteve as vendas de Cleber durante a pandemia.
“Estou levando para a feira uma formiga com a qual eu tinha sonhado. Acordei pela manh� e a desenhei no papel, mas disse para mim mesmo que n�o iria faz�-la. Afinal, no sonho, ela estava me batendo”, lembra, bem-humorado, o artes�o. “Mas minha esposa ficou no meu p� para eu fazer essa formiga. Fiz. E, por causa dela, vendi em um ano o que eu n�o tinha vendido em dois.”
Al�m da formiga do sonho, Cleber est� levando para a FNA 500 pe�as das mais variadas formas, tamanhos e modelos. Essa variedade, de acordo com ele, � fundamental para o of�cio de artes�o. “Quem n�o se preocupa em criar vai ficando para tr�s”, ressalta.
Diretos autorais
Mesmo existindo um cuidado art�stico por parte dos artes�os ao fazer suas pe�as – a preocupa��o de Cleber com a cria��o � um exemplo disso –, h� certas neglig�ncias com o trabalho dos artistas, como pl�gio e apropria��o da obra.Cleber conta que, na primeira vez em que participou da feira, h� cerca de 20 anos, como visitante e n�o como expositor, viu em um dos estandes pe�as que ele havia produzido sendo comercializadas por outras pessoas. Foi isso que despertou nele o interesse de participar da FNA como expositor.
“No artesanato, voc� n�o assina a pe�a. Voc� fabrica e repassa para quem comprou. A gente n�o tem esse controle sobre o que vai acontecer com o produto l� no final”, ressalta.
No entanto, como se trata de mercado, ele admite que as vendas acabam ganhando mais import�ncia. “O mais importante � o giro. Enquanto o produto est� girando, o artes�o est� vivo, mas, na hora em que parar de vender a mercadoria dele, a� ele est� ferrado”, sentencia.
33ª FEIRA NACIONAL DE ARTESANATO
Desta ter�a-feira (6/12) a domingo (11/12), no Expominas (Avenida Amazonas, 6.200, Gameleira). De ter�a a sexta-feira, das 14h �s 21h; s�bado, das 10h �s 21h; e domingo, das 10h �s 20h. Oficinas: de ter�a a sexta-feira, �s 17h; s�bado e domingo, �s 15h e �s 17h. Ingressos no site do Sympla, por R$ 17,50 (inteira) e R$ 12,50 (meia). Na portaria, ingressos � venda por R$ 20 (pre�o �nico). Mais informa��es no site da feira.