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Estado de Minas LITERATURA

Livro mostra como a dupla Kleiton & Kledir imprimiu sotaque ga�cho � MPB

Biografia escrita por Em�lio Pacheco destaca como os irm�os de Pelotas e a pioneira banda Alm�ndegas quebraram barreiras impostas � m�sica do Sul


05/12/2022 04:00 - atualizado 04/12/2022 17:06

Músicos Kleiton e Kledir, vestindo roupas de frio, sorriem e apontam para a câmera, tendo ao fundo prédio antigo de Porto Alegre
Os ga�chos Kleiton e Kledir conquistaram o Brasil com "T� que t�", "Deu pra ti", "Paix�o" e "Fonte da saudade", entre outras can��es (foto: Isabel Ramil/divulga��o)

Aos comemorar seus 40 anos de carreira, a dupla Kleiton & Kledir ganha biografia escrita pelo jornalista Em�lio Pacheco. Por�m, o livro n�o se resume � trajet�ria dos irm�os Ramil. Mostra, principalmente, como a m�sica do Sul conquistou seu espa�o na MPB e no pop nacional – sem perder o sotaque e mantendo caracter�sticas peculiares dos ga�chos.

Al�m de relembrar a carreira de Kleiton, de 71 anos, e Kledir, de 69, a biografia traz informa��es sobre a pioneira banda Alm�ndegas, da qual os dois fizeram parte. Surgido em Pelotas, terra da dupla, o grupo setentista, com seu pop marcado pelo regionalismo sulista, influenciou o rock ga�cho que surgiria posteriormente.

"No Rio Grande do Sul, o grupo � lend�rio. Ele (Alm�ndegas) conseguiu uma fa�anha para a �poca: lan�ar quatro LPs em quatro anos. Fizeram dois discos em 1975, outro em 1977 e o quarto em 1978"

Em�lio Pacheco, jornalista


Pandemia

Planejada para sair em 2020, quando se completaram os 40 anos da dupla Kleiton & Kledir, s� agora a biografia chega a p�blico pela Editora Besti�rio. O atraso se deve � pandemia, entre outros contratempos, explica Em�lio Pacheco.

A sugest�o da biografia partiu do produtor carioca Marcelo Froes, escritor, advogado e pesquisador de m�sica popular brasileira, criador do selo Discobertas e da Sonora Editora.

“Eu escrevia para o International Magazine, jornal que ele editava. Em 1999, Marcelo faria uma longa entrevista com a dupla e me pediu algumas perguntas para repassar aos irm�os”, conta Pacheco.

Inicialmente, a ideia era apenas colaborar com algumas quest�es. Marcelo Froes, por�m, percebeu que o colega ga�cho conhecia profundamente a trajet�ria de seus conterr�neos Kleiton e Kledir Ramil. “Me manda a entrevista toda”, pediu Froes. “Mandei o roteiro, ele fez as perguntas e me creditou com ele na entrevista”, relembra o jornalista.

Marcelo Froes o convidou para escrever a biografia da dupla, mas logo depois deixou a editora da qual era s�cio. O projeto s� foi para a frente um bom tempo depois, por meio da Editora Besti�rio, de Porto Alegre.

“Escrever a biografia dos irm�os ga�chos era sonho antigo que acabou se realizando agora”, afirma Em�lio Pacheco. A reda��o do livro ocorreu a partir de novembro de 2019, mas a pesquisa come�ou bem antes disso.

“Entrevistei pessoalmente os dois apenas uma vez. Isso porque veio a pandemia. Gra�as � internet, entrava em contato com eles nos momentos em que precisava. Mandava-lhes question�rios e eles me respondiam”, conta o autor. A reda��o levou dois anos. “Os dois leram o texto e fizeram algumas corre��es.”

Os integrantes do grupo gaúcho Almôndegas Kleiton, Kledir, Gilnei Silveira, Pery Souza e Quico Castro Neves
Kleiton, Kledir, Gilnei Silveira, Pery Souza e Quico Castro Neves formaram a banda Alm�ndegas, que levou o regionalismo ga�cho para o universo pop (foto: Acervo Kleiton e Kledir)

Orkut

Ali�s, a internet foi a “madrinha” da amizade entre biografados e bi�grafo. “Certa vez, estava no Orkut, em uma comunidade da Alm�ndegas, fundada por eles e mais tr�s amigos. Comentei que havia assistido ao show comemorativo dos 15 anos do grupo, em 1990. De brincadeira, Kledir havia dito l�: ‘N�o percam daqui a 15 anos o show de 30 anos dos Alm�ndegas’. Kleiton leu e postou no mural: ‘Em�lio, li o que voc� escreveu, � muito interessante, porque talvez isso aconte�a’. Infelizmente, o show n�o aconteceu em 2005.”

Mas o contato estava feito. Pacheco se tornou “amigo de Orkut” de Kleiton. “Disse para o Kleiton: 'Voc� n�o me conhece, mas sou amigo do Marcelo Froes. Quando ele os entrevistou, em 1999, as perguntas foram feitas por mim'. Foi ali que come�amos a trocar figurinhas.”

S� em 2005, Em�lio, Kleiton e Kledir se conheceram pessoalmente, quando a dupla o convidou para o show de lan�amento do DVD de seus 25 anos de carreira.

“Conheci tamb�m o Z� Fl�vio e o Pery Souza, que eram do Alm�ndegas, e a gente come�ou a fazer contato. Vitor Ramil, irm�o da dupla, me mandou relato bastante rico sobre os pais deles, que usei no livro.”

O jornalista fez muitas entrevistas: Ivan Lins, MPB4, os ex-Alm�ndegas Gilnei Silveira e Quico Castro Neves. “Quico era t�o importante quanto Kleiton e Kledir naquela banda. Ele � o autor de ‘Haragana’, gravada pela Faf� de Bel�m. Entrevistei o Z� Fl�vio, que entrou no Alm�ndegas no lugar do Quico.”

Pacheco tamb�m ouviu o cantor e compositor Vitor Ramil, Wellington Lima, ex-empres�rio da dupla e do MPB4, o pol�tico Jos� Foga�a, parceiro dos dois, e as mulheres de Kleiton e de Kledir.

"O Alm�ndegas se apresentou na capital mineira em 1975, ainda antes da grava��o de seu primeiro LP. Quis o destino que o �ltimo show de Kleiton e Kledir antes da separa��o ocorresse no Minascentro, em janeiro de 1987"

Em�lio Pacheco, jornalista


Lenda ga�cha

O livro resgata a trajet�ria da banda Alm�ndegas, t�o marcante para os irm�os Ramil. “No Rio Grande do Sul, o grupo � lend�rio. Ele conseguiu uma fa�anha para a �poca: lan�ar quatro LPs em quatro anos. Fizeram dois discos em 1975, outro em 1977 e o quarto em 1978. Na ocasi�o, estava come�ando a produ��o fonogr�fica independente”, relembra Em�lio Pacheco. Os ga�chos lan�aram dois LPs pela Continental e dois pela Phillips (na �poca Phonogram, hoje Universal).

“Os f�s do Alm�ndegas, dos quais fa�o parte, ficaram muito tristes quando a banda acabou. Foi uma coisa t�o bacana, t�o bonita que surgiu em Porto Alegre”, lamenta.

“Ningu�m poderia imaginar que daquele grupo surgiria a dupla que faria ainda mais sucesso, at� ofuscando o Alm�ndegas. A hist�ria de Kleiton e Kledir � muito rica. Tem toda a saga do Alm�ndegas, em um primeiro momento, que por si s� j� renderia outro livro”, garante.

Os irm�os Ramil concretizaram um sonho dos ga�chos: ver artistas fazendo sucesso com o sotaque de sua terra. “� como os mineiros do Clube da Esquina. Sonh�vamos em ter um Clube da Esquina nosso, vamos assim dizer. Kleiton e Kledir estouraram como a gente sonhava. Eles deram sotaque ga�cho � MPB, coisa que at� ent�o n�o havia”, destaca o jornalista.

Em 1979, os dois irm�os participaram do festival da can��o promovido pela TV Tupi com “Maria fuma�a”, n�o ainda como dupla.

Kleiton mandou a melodia para Kledir. “Kledir havia acabado de assistir a um document�rio que falava de m�sicas brasileiras sobre trem de ferro. Ouviu a grava��o e pensou: ‘Isso parece um trem andando’. Foi assim que surgiu a letra superdivertida de ‘Maria fuma�a’, que deu a eles o trof�u de men��o honrosa no festival da Tupi”, conta Pacheco.

O clipe saiu em janeiro de 1981. Foi gravado na cidade hist�rica mineira de Tiradentes, na maria-fuma�a que vai at� S�o Jo�o del-Rei. A letra usa a sigla RFFSA, da antiga Rede Ferrovi�ria Federal, para imitar o som de locomotiva. Conta a hist�ria de um noivo apressado para chegar ao pr�prio casamento, que desabafa: “Esse trem n�o sai do ch�o/ Urinaram no carv�o/ Entupiram a lota��o/ E eu nem sou desse vag�o”.

�quela altura, o primeiro disco da dupla Kleiton & Kledir j� havia sido lan�ado pela Universal Music, com “Maria fuma�a” e os sucessos “Vira virou”, “Fonte da saudade” e “Vira��o”.

O segundo disco, lan�ado em 1981 pela Ariola, trazia “Paix�o”, “Deu pra ti”, “Semeadura” e “Trova”. J� o terceiro �lbum, de 1983, tamb�m pela Ariola, foi o que mais vendeu, ganhando o disco de ouro. Traz os hits “Nem pensar”, “O analista de Bag�” e “T� que t�”.

Detalhe: os primeiros cinco LPs dos irm�os ga�chos se chamavam simplesmente “Kleiton & Kledir”.

Conex�o Minas

Belo Horizonte faz parte da hist�ria da dupla. “O Alm�ndegas se apresentou na capital mineira em 1975, ainda antes da grava��o de seu primeiro LP. Quis o destino que o �ltimo show de Kleiton e Kledir antes da separa��o ocorresse no Minascentro, em janeiro de 1987. J� o show da dupla com a banda ga�cha Nenhum de N�s estreou em 2019, em BH, e n�o em Porto Alegre, como era de se esperar”, informa Pacheco.

“Isso atesta a rela��o especial entre os artistas ga�chos e o p�blico mineiro. Considerando que Minas � verdadeiro celeiro de expoentes musicais, � uma honra que plateia t�o bem servida de talentos locais tenha esse carinho pelos artistas rio-grandenses”, afirma o jornalista.

Por enquanto, “Kleiton & Kledir – A biografia” est� dispon�vel apenas no site da Editora Besti�rio, mas em breve deve chegar � Amazon, Estante Virtual e ao Kindle, informa o autor.

Kleiton e Kledir seguram violão e violino na capa do livro Kleiton e Kledir - Biografia
(foto: Besti�rio/reprodu��o)

“KLEITON & KLEDIR – A BIOGRAFIA”
• Em�lio Pacheco
• Editora Besti�rio (394 p�gs.)
• R$ 80

SAIBA MAIS

Carreira

Cantores, compositores e instrumentistas, Kleiton (violino, voz e viol�o) e Kledir Ramil (guitarra, voz e viol�o) nasceram em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Em 1972, os irm�os criaram a banda Alm�ndegas com os amigos Gilnei Silveira (bateria e percuss�o) e Pery Souza (percuss�o e voz). Em 1977, j� com nova forma��o, o grupo se estabeleceu no Rio de Janeiro. Reunia Kleiton, Kledir, Gilnei, Jo�o Baptista e Z� Fl�vio. Em 1979, a banda se desfez e os irm�os Ramil seguiram em dupla, que foi desativada em 1987 e retornou em 1994.


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