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Estado de Minas ISSO � QUE � �DOLO

Quem s�o as f�s de Harry Styles que est�o acampadas h� um ano em fila para show

At� outubro, 120 f�s revezavam turnos em tr�s barracas na espera pela abertura dos port�es. Nesse fim de semana, o n�mero de acampamentos cresceu


06/12/2022 09:01 - atualizado 06/12/2022 09:27

Harry Styles
Harry Styles (foto: Reuters/Folhapress)
O show do cantor brit�nico Harry Styles em S�o Paulo � nesta ter�a-feira, mas f�s acampam na porta do Allianz Parque, na zona oeste da cidade, desde o ano passado. O objetivo � garantir um lugar pr�ximo da grade que separa a plateia do palco onde estar� o �dolo.

At� outubro, 120 f�s revezavam turnos em tr�s barracas na espera pela abertura dos port�es. No fim de semana da v�spera do show, o n�mero de acampamentos cresceu.

F� do ex-integrante do One Direction h� uma d�cada, Rafaella Arruda Costa, de 24 anos, comprou o ingresso para a pista premium do evento ainda em 2019. A apresenta��o foi adiada por causa da pandemia e o ingresso, cuja modalidade premium chegava a R$ 668, acabou realocado para esta ter�a.

O acampamento est� de p� desde 27 de junho. Na barraca de Arruda Costa, s�o 60 pessoas que revezam turnos das 7h �s 13h, das 13h �s 19h e das 19h �s 7h. Existe at� um sistema de ranking entre as frequentadoras --quem assume mais turnos � premiada com uma posi��o melhor na fila.

A ideia surgiu a partir do caos enfrentado na fila do show de outro ex-One Direction, Louis Tomlinson, que se apresentou no Brasil em maio. Mesmo chegando para a fila com um dia de anteced�ncia, Arruda Costa n�o conseguiu a grade. O contato com outras f�s frustradas resultou num recrutamento para o acampamento do show de Styles. Ela planejava dormir na porta do Allianz a partir de outubro, mas a not�cia de que outros acampamentos se instalavam adiantou os planos.

A f� que se apresentou como Amy, de 23 anos, tamb�m da barraca de Arruda Costa, "jurava que nunca faria esse tipo de loucura". Mas fez. "Muita gente n�o entende que voc� pode continuar tendo uma vida normal", diz a jovem, que concilia o acampamento com faculdade, est�gio e uma loja de produtos dedicados a Styles.

A proximidade do show, por�m, aumentou a tens�o na fila. Arruda Costa diz que sofreu amea�as de f�s que n�o conseguiram acampar na porta e agora questionam se essa fila antecipada � justa. Na tarde de s�bado, o n�mero de barracas crescia.

O sacrif�cio de dormir em filas � comum entre f�s. Foi o que fez outra f� que se identificou como Gabrielle aos 12 anos, em 2014, para garantir um bom lugar no show do One Direction. Hoje, aos 24, ela � uma das respons�veis pelo portal Harry Styles Brasil.

O site, organizado por seis f�s, re�ne informa��es sobre o cantor em redes sociais. Elas traduzem entrevistas, fazem reportagens dos shows e interagem com outros f�s. O Twitter do portal soma 45 mil seguidores.

Cada uma conheceu Harry Styles � sua maneira. Maria Eduarda, de 20 anos, soube do One Direction em aula de ingl�s na escola, dez anos atr�s. Gabrielle, Tamiris, de 24 anos, e Vanessa, de 22 anos, acompanham o m�sico desde o reality show The X Factor, em 2010, quando a boy band que al�ou Styles � fama foi formada. Bruna, de 26 anos, a mais velha das administradoras do portal, � a �nica que conheceu Styles j� em carreira solo.

Segundo Maria Sherman, autora do livro "Larger than Life", sobre a hist�ria das boy bands, esse tipo de grupo � caracterizado pelo p�blico que atinge --mulheres jovens. "Boy bands podem ser o BTS fazendo um som mais trap e hip-hop ou os Beatles cantando 'I Wanna Hold Your Hand'. O que os une � que s�o homens jovens performando para p�blicos predominantemente femininos."

A autora afirma que o apelo de um fandom, nome dado ao conjunto de f�s, � o senso de pertencimento. Estar em uma comunidade de f�s permite compartilhamento de shows, lan�amentos e not�cias.

A f� Maria Eduarda define a paix�o pelo pop star como um estilo de vida. "Assim como amigos meus gastam comprando carro ou come�ando uma fam�lia, eu prefiro ir em show", diz. "Comecei t�o nova que mal lembro da minha vida antes disso."

F�s t�m papel essencial no crescimento da carreira desses astros. O cantor canadense Justin Bieber come�ou postando v�deos no YouTube e foi al�ado � fama pelo esfor�o das f�s. Na mesma toada, foi pelas m�os das "directioners'' que a m�sica "No Control", rejeitada por produtores do grupo, se tornou single informal do One Direction. As jovens fizeram uma campanha online, puseram a can��o entre as mais tocadas e at� produziram clipes amadores.

O comportamento de f�s online dita o funcionamento das pr�prias redes sociais, segundo a pesquisadora Kaitlyn Tiffany, autora do livro "Everything I Need I Get From You: How Fangirls Invented the Internet" sobre as f�s de One Direction. Memes como "come to Brazil", frase repetida � exaust�o por f�s brasileiras, hashtags e GIFs, tudo isso come�ou com comunidades de f�s.

"Grupos dedicados a bandas como Grateful Dead e a s�rie 'Arquivo X' tinham uma esp�cie de motiva��o pr�via para usar a internet e as redes. F�s s�o sempre os primeiros a aparecer em novas plataformas que s�o introduzidas na internet porque eles j� t�m um instinto de procurar as ferramentas e utilidades para o fandom", diz Tiffany.

A mesma capacidade de organiza��o d� as caras fora da m�sica e os fandoms se mostram grupos politizados. Nas elei��es americanas de 2020, as "armies", f�s do BTS, orquestraram sabotagens online em eventos do Partido Republicano.

Durante protestos do movimento Black Lives Matter no mesmo ano, elas inundaram com v�deos de k-pop postagens da pol�cia que pedia informa��es sobre manifestantes. Nas elei��es presidenciais brasileiras deste ano, as f�s de Harry Styles fizeram campanha para Luiz In�cio Lula da Silva, do PT, nos portais dedicados ao cantor.

O estigma persegue esse tipo de comunidade. F�s, em especial mulheres, s�o ridicularizadas por externar suas paix�es. "N�o escondo, eu posto mesmo. Sei o que as pessoas pensam, mas n�o t� nem a�", diz Gabrielle.

Segundo duas das administradoras do portal, Bruna e Luiza, a origem da implic�ncia est� mais no machismo do que em atitudes exageradas das f�s de Harry Styles. "Um homem ser obcecado por futebol, ir a todos os jogos e ver jogo em casa � okay. Uma mulher ser f�, ir a todos os shows, a� j� � demais", diz Luiza.

"� mais f�cil tachar essas meninas de assanhadas. Elas s�o vistas como selvagens irracionais, nunca como pessoas que querem fazer parte de uma comunidade", diz a pesquisadora Maria Sherman.

Por mais que o acampamento envolva perrengues como passar a noite sob a chuva em uma barraca, usar o banheiro no shopping mais pr�ximo e correr riscos de seguran�a na avenida Francisco Matarazzo, as jovens mal podem esperar para o show de Styles.

Mesmo ap�s o longo esfor�o, dizem que a adrenalina de ver um �dolo t�o de perto � tanta, que nem sequer sentem o cansa�o. Depois do show desta ter�a, elas retomam o acampamento para garantir a mesma grade para os pr�ximos shows, nos dias 13 e 14.


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