
Em 2002, quando a pauta ambiental n�o estava t�o em moda como hoje em dia, o grupo mineiro de bonecos Giramundo j� havia se adiantado, criando o Miniteatro Ecol�gico. O programa de educa��o ambiental conta com cinco espet�culos infantis, que abordam ludicamente os diferentes biomas do pa�s e a a��o predat�ria do homem.
“O aprendiz natural”, “Mata Atl�ntica”, “Cerrado”, “Amaz�nia” e “Caatinga” foram encenadas em diversas cidades do Brasil ao longo deste ano. As pe�as chegam a Belo Horizonte neste final de semana para fechar a turn� que comemora os 50 anos do grupo, completados em maio.
As apresenta��es ser�o realizadas gratuitamente no Parque Municipal neste s�bado (10/12) e domingo (11/12). Apenas “O aprendiz natural” n�o estar� em cartaz, porque foi levada a escolas da cidade ao longo da semana.
“O Miniteatro Ecol�gico foi criado com a pe�a ‘O aprendiz natural’, que levava temas gen�ricos a respeito da educa��o ambiental e dos problemas com o meio ambiente para o p�blico infantil”, explica o dramaturgo Ulisses Tavares, diretor art�stico do Giramundo.
Depois das apresenta��es de “O aprendiz natural”, a trupe chegou � conclus�o de que seria necess�rio refor�ar o projeto. “A gente viu a necessidade de aprofundar mais os temas de acordo com os desafios ambientais que temos no pa�s. Assim, decidimos fazer espet�culos dedicados aos biomas do Brasil e tamb�m a seus problemas mais fortes”, diz Tavares.

Apesar do sucesso do Miniteatro Ecol�gico (as pe�as viraram livros e produ��es audiovisuais), em 2008 o Giramundo decidiu encerrar o programa, por causa de interrup��es ocorridas nas leis de incentivo cultural.
Voltou agora por acreditar que o projeto se encaixa nos requisitos do edital Petrobras Cultural, que seleciona propostas com temas associados � valoriza��o da cultura brasileira.
“Com isso, remontamos os espet�culos criados no in�cio dos anos 2000. Reconfiguramos a cenografia e o figurino, restauramos os bonecos e recompusemos o elenco”, conta Ulisses.
Outro fator que estimulou o grupo a retomar as montagens foi o avan�o das discuss�es ecol�gicas no debate p�blico, al�m das atuais condi��es ambientais no Brasil, que, segundo o diretor e dramaturgo, “em vez de melhorar, pioraram”.
Biomas brasileiros em destaque
Cada pe�a do Miniteatro Ecol�gico tem como foco um bioma. Nas tramas, h� sempre um personagem que n�o tem informa��o suficiente para lidar com o ambiente onde est� inserido e outro que tem plena consci�ncia do que � certo e errado, mas opta pela segunda op��o.
O olhar e o pensamento mais claro v�m de seres mitol�gicos presentes em cada espet�culo. “Eles s�o os defensores do meio ambiente, representam o pr�prio ambiente e falam por ele na pe�a”, observa Tavares.
Em “O aprendiz natural”, por exemplo, quem est� na trama � o Saci. “Mata Atl�ntica” conta com o Curupira. Mula-sem-cabe�a � personagem de “Cerrado”, M�e d'�gua est� em “Amaz�nia” e o Lobisomem em “Caatinga”.
Tavares revela que a fauna t�pica de cada bioma tamb�m se imp�e como personagem. “Ela discorre em pequenos esquetes sobre seus problemas. � meio uma testemunha”, destaca.
Com tantas perspectivas e pontos de vista diferentes, cabe � crian�a chegar � pr�pria conclus�o. Na maior parte das vezes, os pequenos entendem a necessidade de um novo tipo de relacionamento entre a sociedade e o meio ambiente no Brasil, afirma o diretor e dramaturgo.
“O Giramundo tem o vi�s educativo no sangue, talvez pelo fato de ter sido formado por professores da universidade. A gente avalia que em vez de o pa�s caminhar para melhorar a conscientiza��o ambiental, o uso de recursos ambientais e a conviv�ncia de maneira geral, nos �ltimos anos entramos no turbilh�o de mau uso e m� interpreta��o das pr�prias leis ambientais. Isso est� se tornando uma coisa muito perigosa”, adverte.
Incentivo cultural sob ataque
Ulisses Tavares se queixa dos ataques e “sabotagens” que leis e mecanismos de incentivo � cultura t�m sofrido nos �ltimos anos, principalmente depois do in�cio da pandemia.
“Esses mecanismos s�o extremamente importantes. N�o podem deixar de acontecer ou sofrer impactos sucessivos, porque se trata da forma��o de p�blico. � o meio que a gente tem de poder formar p�blico cr�tico e questionador. Os mecanismos de incentivo cultural podem e devem ser sempre aprimorados, mas nunca rejeitados”, destaca.
Tavares ressalta que, ultimamente, artistas tiveram de lidar com a situa��o de maneira muito “engenhosa” e, em certo ponto, com bastante “improviso”.
“Por outro lado, a �rea cultural ganhou um olhar importante, um olhar mais otimista por parte das pessoas”, pondera. “Como muitos ficaram o tempo todo dentro de casa sem a possibilidade de sair, acabaram recorrendo aos livros, filmes, m�sicas e lives. Tudo isso aproximou novamente as pessoas do meio cultural, ficou evidente que ele � essencial. Apesar da falta de apoio, de um olhar mais generoso para a cultura, ela se refez pelo que �, pela import�ncia que tem. Mesmo com toda a dureza que passamos, a gente recebe isso como um certo afago”, conclui.
MINITEATRO ECOL�GICO
S�BADO (10/12)
10h – “Caatinga”
DOMINGO (11/12)
9h – “Mata Atl�ntica”
11h – “Cerrado”
14h – “Amaz�nia”