Lô Borges  sorri no palco

L� Borges comemora seus 50 anos de carreira na Sala Minas Gerais, com ingressos esgotados

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

A grava��o do �lbum “Clube da esquina” (1972) representou uma s�rie de “primeiras vezes” para L� Borges, ent�o garoto de 18 anos. N�o foi s� sua estreia como autor e int�rprete ao lado de Milton Nascimento, j� nome de respeito na m�sica brasileira. “Quando gravei ‘Um girassol da cor do seu cabelo’, toquei piano com orquestra de cordas (regida por Paulo Moura)”, relembra hoje L�, 70 anos de vida e 50 de carreira.

� justamente a faixa oito do �lbum duplo, m�sica de L� e letra rom�ntico/psicod�lica do irm�o M�rcio Borges, que abre o repert�rio dos dois concertos comemorativos – de idade e carreira – nesta semana. Nessa altura da vida, � hora de mais uma “primeira vez”.

L� vai de 'cuca fresca' para o palco

Na quarta (21/12) e quinta-feira (22/12), L� se apresenta na Sala Minas Gerais ao lado da Filarm�nica e do grupo DoContra. Ser� tamb�m uma estreia para a orquestra, que, prestes a completar 15 anos (em fevereiro de 2023), pela primeira vez vai fazer concerto com repert�rio exclusivamente popular, formado por 16 can��es compostas por L� e seus parceiros.

“Estou com o esp�rito bem relaxado. Mesmo sendo uma coisa que nunca fiz, sou cuca fresca como m�sico. Vou com a maior tranquilidade e seguran�a. Estudei o concerto ao longo do ano inteiro”, comenta L�, que somente no in�cio desta semana ensaiar� com as tr�s forma��es que se reunir�o na Sala Minas Gerais. As apresenta��es encerram o ano da orquestra, que retorna em fevereiro.

Com reg�ncia de Jos� Soares, maestro associado da Filarm�nica, o concerto contar� com a orquestra, L� e sua banda – Henrique Matheus (guitarra), Robinson Matos (bateria), Renato Valente (contrabaixo) e Renato Saldanha (viol�o) – e o grupo DoContra, com cinco contrabaixistas: Neto Bellotto, Walace Mariano, Pablo Guinez (os tr�s s�o integrantes da orquestra), Ta�s Gomes e Valdir Claudino.
 
Neto Bellotto sorri para a câmera

F� de L� desde adolescente, Neto Bellotto fez novos arranjos para as can��es do �dolo

Mariana Garcia/divulga��o
 

Chefe de naipe da Filarm�nica, Bellotto, de 32 anos, � o idealizador do projeto e assina dire��o musical, arranjos e orquestra��o. Desde 2015 ele est� � frente do DoContra, grupo de cordas especializado em reler, no formato de c�mara, o repert�rio popular. � apaixonado pela obra de L� desde a adolesc�ncia.

“� o cara que mais ou�o, sempre foi meu �dolo na m�sica. � um dos compositores mais completos, pois a m�sica dele � muito original. Mesmo mudando de est�tica, de grupos e de forma��o, sua assinatura se manteve”, afirma Bellotto. Esse paulista, quando se mudou para Belo Horizonte, h� 12 anos, come�ou a se aprofundar na m�sica de Minas Gerais.
 

'O L� vinha na minha casa, pegava o viol�o e me ensinava a tocar todas as m�sicas. Tenho um arquivo enorme dele, da m�o esquerda mostrando os acordes que toca, os segredos da m�sica dele'"

Neto Bellotto, idealizador do show

 

Neto Bellotto virou amigo de inf�ncia do �dolo

A aproxima��o dos dois � recente. Durante a pandemia, DoContra gravou “Como o machado” (1972, do “Disco do t�nis”, que marcou a estreia solo do m�sico), com letra e m�sica de L�. Bellotto mandou para ele de anivers�rio. Houve mais de um ano de conversas at� que no in�cio de 2022, no apartamento de L�, os dois se conheceram pessoalmente.

“Tudo que n�o conhecia do Neto fiquei conhecendo este ano, pois encontramos umas 50 vezes. Somos agora amigos de inf�ncia”, conta. J� naquele momento Bellotto fez o convite a L� para o concerto com orquestra.

A Filarm�nica n�o demorou a dar o OK. “Quando fui conversar com o maestro (Fabio) Mechetti (regente titular e diretor art�stico da orquestra), ele comprou a ideia na hora. Mas quis entender o formato, ver quem escreveria os arranjos. Fez quest�o de pontuar que n�o queria a Filarm�nica tocando como outras orquestras fazem, s� acompanhando artista. Queria que ela brilhasse”, continua Bellotto.
 
Grupo instrumental DoContra no palco

Grupo DoContra vai tocar can��es de L� Borges com a Filarm�nica de Minas

Guilherme Leite/divulga��o
 

Ao longo dos �ltimos meses, ele fez os arranjos e a orquestra��o de 15 can��es – a 16ª, “Para Lennon e McCartney” (L�, M�rcio Borges e Fernando Brant), foi arranjada por Marlon Humphreys-Lima, primeiro trompetista da Filarm�nica. O repert�rio foi definido a partir de aprova��o de L�, que escolheu “as m�sicas em que me sentia mais � vontade para cantar”.

“O L� vinha na minha casa, pegava o viol�o e me ensinava a tocar todas as m�sicas. Tenho um arquivo enorme dele, da m�o esquerda mostrando os acordes que toca, os segredos da m�sica dele”, detalha Bellotto. Depois disso, ele ia para o computador, escrevia os arranjos, fazia os desenvolvimentos orquestrais e os enviava. L� comenta que aprovou, sem reparos, 90% do que Bellotto enviou.

Com a aprova��o do autor, o material era enviado para Mechetti. “Ele sempre pontuava alguma coisa de orquestra��o, sugeria uma troca de solo de instrumentos. Foi muito puxado, mas muito especial, pois al�m de ganhar aulas de viol�o com o meu maior �dolo, tamb�m ganhei um ano de orquestra��o e arranjos com o Mechetti”, diz Bellotto.
 
Maestro José Soares rege a Filarmônica

Maestro Jos� Soares diz que concerto � "caleidosc�pio de linguagens art�sticas"

Luciano Viana/divulga��o
 

Maestro diz que 'avista girass�is'

Regente das duas noites, Jos� Soares, de 24 anos, paulista que chegou a BH no in�cio de 2020 para atuar na Filarm�nica, assume que “pegou o trem azul andando, mas j� avistava os girass�is”, brinca ele em refer�ncia �s duas can��es antol�gicas de L�.

“O projeto me permitiu ter contato aproximado com o trabalho dele como compositor. H� uma vertente muito particular da obra, que � algo dif�cil de categorizar. As pr�prias can��es t�m muitas diferen�as e o programa do concerto, com as orquestra��es e arranjos que o Neto fez, apresenta um caleidosc�pio de linguagens art�sticas”, diz Soares.

Um m�s antes dos concertos, os ingressos se esgotaram. A ideia � n�o parar por a�. As duas noites ser�o gravadas e, para 2023, planejam-se novos encontros, informa Bellotto.

“Comemorar 50 anos de carreira e com uma orquestra do tamanho da Filarm�nica � algo que o L� merece demais”, diz o m�sico. O homenageado agradece. “Foi um presente, uma honraria, como artista, inaugurar essa hist�ria da Filarm�nica tocando m�sica popular. O convite me comoveu muito.”

REPERT�RIO

“Um girassol da cor de seu cabelo”
(L� e M�rcio Borges)
“O ca�ador” 
(L� e M�rcio Borges)
“O trem azul” 
(L� e Ronaldo Bastos)
“Fa�a seu jogo” 
(L� e M�rcio Borges)
“Veleiro” 
(L� e Patr�cia Ma�s)
“Clube da esquina” 
(L�, Milton Nascimento e M�rcio Borges)
“Estrelas” 
(L�, Milton Nascimento e M�rcio Borges)
“Clube da esquina nº 2” 
(L�, Milton Nascimento e M�rcio Borges)
“Sonho real” 
(L� e Ronaldo Bastos)
“Para Lennon e McCartney” 
(L�, M�rcio Borges e Fernando Brant)
“D�namo” 
(L� e Makely Ka)
“Feira moderna” 
(L�, Beto Guedes e Fernando Brant)
“Paisagem da janela” 
(L� e Fernando Brant)
“Can��o postal” 
(L� e Ronaldo Bastos)
“Onde a gente est�” 
(L� e M�rcio Borges)
“Quem sabe isso quer dizer amor” 
(L� e M�rcio Borges)

L� BORGES, DOCONTRA E FILARM�NICA DE MG

• Quarta (21/12) e quinta-feira (22/12), �s 20h30, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto).
• Ingressos esgotados.