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Estado de Minas CINEMA

Document�rio brasileiro sobre a pandemia faz campanha para disputar o Oscar

'Quando falta o ar', sobre a a��o de profissionais de sa�de do pa�s na guerra � COVID-19, � dirigido por Ana e Helena Petta. Lista de pr�-indicados sai na 4�


20/12/2022 04:00 - atualizado 20/12/2022 00:10

Profissional de saúde de máscara no combate à covid
Mulheres formam a maior parte dos profissionais de sa�de focalizados no filme (foto: Youtube/reprodu��o)

"Estudantes de medicina querem ser 'House', n�o querem estar na ponta atendendo doen�as prevalentes (...) Essas doen�as parecem mais f�ceis, mas s�o muito complexas de resolver"

Helena Petta, diretora e m�dica


Los Angeles
– A tr�s horas de barco, numa comunidade ribeirinha do Par�, pessoas de macac�o comprido branco, capuz, luvas, m�scaras e viseiras caminham lentamente em busca dos moradores nas habita��es de palafita. Elas levam na m�o o term�metro infravermelho que mais parece arminha de brinquedo.

� a equipe do SUS, o Sistema �nico de Sa�de, que chega em plena pandemia de COVID-19, no final de 2020, numa das cenas mais surreais do document�rio “Quando falta o ar”, dirigido pelas irm�s paulistas Ana e Helena Petta.
 
 “A realidade era mais forte do que qualquer fic��o que a gente pudesse inventar”, diz Helena, m�dica infectologista que em 2016 ajudou a criar com a irm� “Unidade B�sica”, primeiro seriado m�dico de fic��o brasileiro, exibido pelo canal pago Universal.
 
“A fic��o tem um tempo diferente, tanto que estamos filmando a terceira temporada s� agora e para exibir no segundo semestre de 2023”, continua Helena, num hotel em Los Angeles, onde veio fazer campanha por uma vaga no Oscar para seu filme.

“Havia uma urg�ncia em 2020, eu tinha muitos colegas pr�ximos na linha de frente, e resolvemos filmar. Mas quer�amos algo diferente do jornalismo porque as pessoas j� tinham visto de tudo”, diz.
 
 

Cenas n�o repetem a TV

Vencedor do festival � Tudo Verdade, o document�rio tem ritmo muito diferente das reportagens impactantes de TV.

N�o h� desespero nas filas dos hospitais por uma cama ou cilindro de oxig�nio, nem pol�ticos discursando contra a ci�ncia. As diretoras se concentram nos her�is que seguraram a onda da COVID, grupo formado majoritariamente por mulheres.

“Como disse Albert Camus, em tempos de grandes trag�dias, h� mais coisas a se admirar nos seres humanos do que desprezar. E acho que encontramos isso”, diz Ana. “Encontramos mulheres de grande inspira��o que conseguiam, no meio de situa��es-limite, encontrar um lugar de humanidade e delicadeza”, observa.

“N�o ficamos fugindo dos homens, filmamos quem encontramos e, em todos os n�veis, as mulheres lideravam, desde chefia, limpeza, enfermagem”, informa. “� uma quest�o bem profunda, n�o � bom, todo mundo deveria cuidar de todos.”

No lugar do corre-corre de um pronto-socorro, comum nos dramas hospitalares da TV, a dupla filma o cotidiano da pandemia em busca de certa poesia, como quando enfermeiras d�o banho de leito no paciente intubado ou a m�dica coloca m�sica de Amado Batista para um idoso doente rec�m-acordado.

A equipe do document�rio, formada por apenas cinco pessoas, percorreu cinco estados brasileiros entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, tomando todos os cuidados necess�rios de “maneira neur�tica”, segundo ela. Todos se testavam frequentemente, desinfetavam os equipamentos diariamente e se mantinham juntos e isolados fora das filmagens.
 
Equipes levando atendimento de barco, com roupas de proteção, a comunidades ribeirinhas
"Quando falta o ar" mostra equipes levando atendimento, com roupas de prote��o, a comunidades ribeirinhas (foto: Youtube/reprodu��o)
 

De m�dicos e agentes a coveiros

Os registros mostram agentes comunit�rios e m�dicos do SUS em diferentes ambientes, como o Hospital das Cl�nicas de S�o Paulo, um pres�dio em Salvador, comunidades ribeirinhas na Amaz�nia e na periferia do Recife. H� tamb�m o trabalho das equipes de lavanderia dos hospitais, dos coveiros e dos funcion�rios que removem corpos nas resid�ncias.

No momento, as duas inverteram os pap�is. A m�dica Helena est� em Hollywood na campanha do Oscar – a lista de quinze pr�-indicados sai nesta quarta-feira (21/12) –, enquanto a irm�, a cineasta e atriz Ana, est� “batendo cart�o” numa UBS (Unidade B�sica de Sa�de) de S�o Paulo para protagonizar a terceira temporada de “Unidade B�sica”. A s�rie agora ser� inspirada em casos da pandemia e na rela��o entre profissionais da sa�de com pacientes da comunidade.

“Existe um imagin�rio constru�do pelas s�ries norte-americanas de grandes hospitais chiques e privados, do glamour do m�dico especialista, do cirurgi�o”, diz Helena, que trabalhou cinco anos numa UBS antes de se especializar no estudo de novas narrativas no audiovisual sobre o universo da sa�de e da medicina, tema de seu doutorado na USP.

“J� em 'Unidade B�sica', a gente discutia como retratar de maneira diferente e criar um tempo maior de observa��o na narrativa para trazer outra dimens�o do que � o cuidado em sa�de.”

Na contram�o de 'House'

Desde setembro, Helena est� na Universidade Harvard, em Massachusetts, como pesquisadora convidada do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos. Ela conta que desde 2019 a Escola de Sa�de P�blica da universidade utiliza epis�dios da s�rie na sala de aula.
 
“Estudantes de medicina querem ser 'House', n�o querem estar na ponta atendendo doen�as prevalentes”, afirma Helena.

“Essas doen�as parecem mais f�ceis, mas s�o muito complexas de resolver, porque � preciso entrar no universo do paciente, entender onde ele mora, onde trabalha. E a s�rie acabou virando um �timo recurso educacional”, finaliza.  


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