Ministra Margareth Menezes defendeu a import�ncia da cultura para a economia brasileira ao discursar durante sua posse, em Bras�lia

O diretor Helv�cio Ratton afirma que a Cota de Tela � fundamental para a ind�stria cinematogr�fica brasileira
Bianca Aun/divulga��oHELV�CIO RATTON:
“A gente vem sofrendo uma pol�tica de terra arrasada, de n�o lan�amento de editais, de demora nos pagamentos. A Cota de Tela existe desde o governo Get�lio Vargas, sempre reeditada a cada ano, e isso parou sob a gest�o de Bolsonaro. Filmes como ‘Avatar’ chegam a ocupar 80% das salas de cinema do pa�s. A chegada de tr�s blockbusters simultaneamente representa uma ocupa��o quase plena”, diz.
Ele observa que a volta da Cota de Tela deve vir junto da regulamenta��o das plataformas de v�deo on demand e de streaming. “A Cota de Tela tem de valer para todas as modalidades de exibi��o. N�o se trata de restringir a entrada de filmes estrangeiros, � bom ter diversidade, mas voc� tem que assegurar no seu pa�s a presen�a do cinema que nele se produz”, ressalta.
Para Ratton, a escolha de Margareth Menezes para a pasta foi acertada, mas ele aponta a falta de um representante de Minas Gerais na equipe que est� sendo montada.
“Sinto falta de um mineiro, principalmente na presid�ncia do Iphan (Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional), porque o maior patrim�nio hist�rico do pa�s est� concentrado em Minas. Leonardo Castriota seria um bom nome”, sugere.
Para Ratton, o desafio que se imp�e � remontar a pasta abandonada ao ponto de se chegar � degrada��o de v�rios �rg�os a ela ligados, como a Biblioteca Nacional e a Cinemateca Brasileira.
“O que a gente espera, na verdade, � um Minist�rio da Cultura forte, atuante, porque a cultura brasileira tem um potencial enorme. Estamos falando n�o s� de produ��o art�stica, mas da quest�o financeira, de emprego e de renda”, salienta.

Chico Pel�cio diz que todo o Brasil deve ter 'lugar de fala' no MinC, comandado essencialmente por baianos
Reprodu��o/YoutubeCHICO PEL�CIO:
Ator, produtor, gestor e integrante do Grupo Galp�o, Chico Pel�cio diz que suas expectativas s�o as melhores poss�veis e que a escolha de Margareth Menezes tem simbolismo muito grande por se tratar de uma mulher, negra e artista. O mineiro espera que ela tenha um olhar para a diversidade do Brasil, como teve Gilberto Gil, que considera o melhor ministro da Cultura do pa�s at� agora.
“O desejo � de que ela mostre a que veio, mostre sua compet�ncia e capacidade de articula��o, porque a reestrutura��o do Minist�rio da Cultura vai depender muito disso. Confesso que tenho certo receio, em fun��o das �ltimas nomea��es, de que a equipe fique muito baiana, de que o Brasil, como um todo, n�o tenha lugar de fala – para usar uma express�o corrente – no Minist�rio da Cultura”, aponta.
Falando especificamente de sua �rea, Pel�cio considera a revoga��o ou a revis�o de todas as Instru��es Normativas da Lei Rouanet uma demanda urgente. “� algo necess�rio para que a gente possa lidar com a Rouanet de forma mais tranquila, porque est� invi�vel”, diz.
Outras quest�es importantes s�o a conclus�o da cria��o do Sistema Nacional de Cultura e a reorganiza��o dos Pontos de Cultura. “Quando falo do Sistema Nacional de Cultura, estou chamando a aten��o justamente para a necessidade de se consolidar esse olhar e essa participa��o plural de todo o Brasil”, diz.

O artista multim�dia e poeta Ricardo Aleixo defende 'radicaliza��o' em rela��o �s pol�ticas culturais adotadas nos governos Lula e Dilma Rousseff
Ramon Lisboa/EM/D.A PressRICARDO ALEIXO:
“Espero, de in�cio, que n�o se pense que se trata apenas da reativa��o de velhos modos de pensar e fazer. Eu espero ousadia. � preciso radicalizar em rela��o a programas e pol�ticas j� realizados nos governos Lula e Dilma, a partir do entendimento das lacunas daquelas propostas. O desafio n�o � ser feliz de novo, � fazer o que nunca foi feito”, destaca.
Na seara da literatura, por exemplo, Aleixo espera uma discuss�o que pense a inter-rela��o de c�digos e de linguagens art�sticas.
“� preciso pensar n�o s� no livro como suporte por excel�ncia da literatura, mas tamb�m na performance, nas instala��es interm�dia, no podcast liter�rio, em todas as possibilidades de dissemina��o. � preciso abandonar a ideia de literatura apenas como c�digo verbal escrito”, aponta.
Aleixo considera que a pasta ter� como principal obst�culo reverter a “heran�a maldita” do bolsonarismo, respons�vel por instaurar a demoniza��o da cultura e do pensamento.
Aleixo sa�da a indica��o de Margareth Menezes como ministra, na medida em que a escolha se coloca como um marco de mudan�a.

M�sico Makely Ka quer a retomada do Programa Nacional de Fomento e Incentivo � Cultura
Marco Ant�nio Gon�alves/divulga��oMAKELY KA:
Para o cantor e compositor Makely Ka, a simples recria��o do Minist�rio da Cultura j� atende � grande expectativa da classe art�stica. “Os quatro anos do governo Bolsonaro foram os piores das �ltimas d�cadas para o setor cultural. Houve persegui��o mesmo, os artistas foram considerados inimigos p�blicos, uma esp�cie de macarthismo que n�o teve nada de velado, foi expl�cito”, acusa.
Ele diz que suas expectativas em rela��o ao Minist�rio da Cultura giram em torno de v�rios pontos, sendo a quest�o or�ament�ria fundamental. O Plano Nacional de Cultura, que virou lei em 2010, resultado das Confer�ncias Nacionais de Cultura, de constru��o coletiva de pol�ticas p�blicas, j� trazia a proposta de se destinar 2% do or�amento para o setor cultural, segundo Makely. Ele considera que chegar a 1% j� ser� uma conquista.
O m�sico tamb�m entende a reformula��o da Lei Rouanet como a��o premente e fundamental. Ele cita como alternativa o Programa Nacional de Fomento e Incentivo � Cultura (Procultura), "fruto de discuss�es muito bem fundamentadas", que remonta a 2010.
“Ele foi engavetado porque n�o atendia aos interesses das grandes empresas. � preciso que seja retomado em substitui��o � Lei Rouanet, que nunca atendeu plenamente aos artistas por falta de crit�rios democr�ticos na distribui��o dos recursos”, destaca.
O m�sico diz esperar da nova gest�o do Minist�rio da Cultura a retomada da Secretaria de Direito Autoral, a reorganiza��o dos Pontos de Cultura e a implementa��o do ensino de m�sica nas escolas.
“Dentro dessas reivindica��es todas, uma coisa fundamental � a cria��o da Ag�ncia Nacional de M�sica, que seria respons�vel pela regula��o, nos moldes da Ancine, porque m�sica tamb�m � ind�stria cultural”, aponta.
Ele gostou da escolha de Margareth Menezes como ministra, mas acredita que ela enfrentar� grandes desafios. “� guerreira, batalhadora, mas a gente sabe que a gest�o p�blica � m�quina de moer gente. A luta pelo or�amento, por exemplo, vai ser muito grande. O rombo que o governo Bolsonaro deixou tem de ser coberto, e isso n�o vai ser tarefa f�cil”, diz.
“Por outro lado, acho que Margareth chega com moral. Tem que aproveitar”, completa.

Multiartista Sara N�o Tem Nome defende investimentos que estreitem o v�nculo entre a educa��o e as artes visuais
Julia Baumfeld/divulga��oSARA N�O TEM NOME:
Artista que transita por v�rias formas de express�o, Sara N�o Tem Nome afirma que suas expectativas s�o altas, o que, de acordo com ela, � natural ap�s os �ltimos anos de desmonte do setor cultural. “A volta do minist�rio � uma luz no fim do t�nel para quem produz e para quem consome arte”, aponta.
Sara diz estar se inteirando das propostas que, j� neste primeiro momento de gest�o, v�m sendo levantadas. “Percebo um olhar para o patrim�nio cultural do pa�s em geral que busca trabalhar a diversidade, contemplando v�rias �reas, a economia criativa inclusive. � preciso bater na tecla de que cultura � uma ind�stria, gera renda, movimenta o pa�s”, observa.
Para o campo das artes visuais – �rea em que milita –, ela aponta demandas espec�ficas. Uma das principais � o investimento na educa��o e na forma��o tanto do artista quanto do p�blico consumidor.
“A arte ainda � posta num nicho fechado, como uma coisa de elite. � necess�rio haver democratiza��o, o que passa por se criar uma rela��o a partir do ensino fundamental para que as pessoas possam se ver dentro desse universo”, diz.
Ao mesmo tempo em que afirma que suas expectativas s�o altas em rela��o ao Minist�rio da Cultura, ela considera que lidar com esse sentimento vindo da classe art�stica ser� um ponto sens�vel para Margareth Menezes e sua equipe.
“Expectativas altas tendem a gerar frustra��es. H� uma tentativa de reestrutura��o e o desafio � conseguir fazer al�m do m�nimo, o que j� � complicado diante da situa��o atual”, pondera.
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