Atriz agoniza em cadeira de rodas, cercada por vários atores, em cena da peça Ópera massacre

Pandemia inspirou a personagem entre a vida e a morte criada pelo dramaturgo Gustavo Des

Bernardo Adel�rio/divulga��o

“�pera Massacre”, que estreou em junho do ano passado em BH, chega � Campanha de Populariza��o do Teatro e Dan�a neste fim de semana.

Concebida durante o confinamento social pelo diretor Gustavo Des, a pe�a � um reflexo da ang�stia paralisante imposta pela pandemia. Na trama, a protagonista recebe atestado de �bito sem estar morta, v�tima de erro m�dico. Em estado semivegetativo, a cantora de �pera Dolores Villard assiste � fam�lia organizar seu funeral, sem poder se defender das barbaridades ditas sobre ela.

“De certa forma, Dolores tem um pouco de cada um de n�s”, afirma Gustavo Des. “O estado dela � muito parecido com o que a gente viveu. Ficamos ali, impossibilitados de agir”, comenta, referindo-se ao avan�o da COVID-19.

A fragilidade da personagem remete � vulnerabilidade dos brasileiros, � merc� de um governo despreparado para lidar com tamanha calamidade sanit�ria. Des dedica sua pe�a a todos que perderam entes queridos nestes anos de pandemia, “enquanto autoridades debochavam da situa��o”.

Hitchcock e Teatro do Absurdo

A pe�a flerta com o teatro do absurdo e o cinema de horror de Alfred Hitchcock. N�o se trata de espet�culo l�rico, mas o formato se aproxima do g�nero buf�o das �peras sat�ricas.

O diretor diz que buscou misturar a pompa e a eleg�ncia da �pera ao caos de um massacre. Dois universos distintos e contrastantes, segundo Gustavo.

“Apesar de ter a morte como pano de fundo, '�pera' � engra�ado e divertido. Testa os limites do aceit�vel, entre o riso frouxo e o riso amarelo de desconforto”, destaca. “A gente brinca com o universo oper�stico. H� trilhas como 'A flauta m�gica', de Mozart, mas � teatro mesmo, teatro falado.”.

De acordo com Gustavo Des, assim como o teatro do absurdo surgiu na esteira da Segunda Guerra Mundial, resultado de profunda descren�a na humanidade, “�pera massacre” chega diante n�o s� do surgimento do coronav�rus, mas tamb�m durante a Guerra da Ucr�nia.

“Eu tinha outros textos para estrear, mas esta pe�a � urgente, porque ela se comunica com o que a gente est� vivendo agora”, finaliza o diretor e dramaturgo.

“�PERA MASSACRE”

Dire��o e cria��o: Gustavo Des. Com Axwell Godoi, Clarice Carvalho, Gabriel Oliveira, Laura Damada, Lucas Michielini, Thiago Latalisa e Tom Garcia. Teatro Santo Agostinho (Rua dos Aimor�s, 2.679, Lourdes). Neste s�bado (14/1), �s 20h, e domingo (15/1), �s 19h. Em 28 e 29/1, sess�es no Teatro Sesiminas. Ingressos: R$ 20 (postos do Sinparc e no site da Campanha de Populariza��o). Pre�os s�o diferentes nas bilheterias dos teatros.
 
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria