Vista da casa do baile com destaque para as curvas da construção

A Casa do Baile - Centro de Refer�ncia de Arquitetura, Urbanismo e Design recebe hoje e amanh� programa��o de palestras promovidas pelo Eco, em parceria com o Ver�o Arte Contempor�nea

Gladyston Rodrigues /EM/D.A Press


Quando os modernistas se reuniram no Theatro Municipal de S�o Paulo, em fevereiro de 1922, a capital paulista passou para a hist�ria como sede de um movimento art�stico de vanguarda estritamente nacional. 
O �mpeto de produzir obras que expressassem a ess�ncia da brasilidade, no entanto, � anterior ao evento de 1922 e ultrapassou os limites da capital paulista. 

“A Semana de Arte Moderna foi constru�da e consolidada mais pelo que foi dito a respeito dela do que pelo que ela foi de fato”, afirma Lucas Amorim, historiador da arte e gestor da Biblioteca P�blica Estadual de Minas Gerais.

Para reexaminar a Semana, procurando jogar luz em outras regi�es que tamb�m contribu�ram para o movimento modernista no Brasil, Amorim idealizou o projeto Ecos - Modernismo plural. 

A iniciativa, que integra a programa��o do Ver�o Arte Contempor�nea (VAC) 2023, ocorre neste fim de semana e conta com programa��o variada, que inclui palestras, bate-papos, oficinas, interven��es urbanas e visitas mediadas ao complexo arquitet�nico da Pampulha. 

Casa do Baile

Os debates, palestras e mesas-redondas ser�o realizados na Casa do Baile. A escolha do local n�o foi aleat�ria. Neste ano, comemoram-se 80 anos do conjunto arquitet�nico e paisag�stico da Pampulha e 20 anos que a Casa do Baile passou a ser considerada Centro de Refer�ncia da Arquitetura, Urbanismo e Design.

Al�m disso, o local – assim como todo o conjunto da Pampulha – fez com que Belo Horizonte tivesse import�ncia particular para o movimento art�stico, sobretudo em sua segunda fase, quando houve, de fato, a consolida��o do pensamento modernista.

“A partir da d�cada de 1940, Juscelino Kubitschek assumiu como prefeito, promovendo uma s�rie de transforma��es na cultura da cidade, tanto pelas obras urbanas quanto pela arte. Em 1944, ele convidou v�rios artistas para vir a BH conhecerem a Pampulha e participar de uma exposi��o de arte moderna”, aponta Amorim. 

A mostra, que acabou sendo apelidada pejorativamente como “Semaninha de Arte Moderna”, reuniu  quase 170 obras de importantes nomes, como Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), Burle Marx (1909-1994), C�ndido Portinari (1903-1962), Di Cavalcanti (1897-1976), Lasar Segall (1889-1957), Tarsila do Amaral (1886-1973), Alfredo Volpi (1896-1988), entre outros.

“Foi uma das primeiras vezes, p�s-Semana de 1922, que os modernistas se reuniram, por conta pr�pria, para refletir sobre o movimento”, ressalta Amorim. “O pr�prio Oswald de Andrade diz que o que S�o Paulo inaugurou, em 1922, foi conclu�do por Belo Horizonte em 1944”.

Justamente para reconhecer essa import�ncia que a capital mineira teve na hist�ria do movimento que Amorim idealizou o evento. Neste s�bado (21/1), haver� minicursos sobre o papel da cr�tica para a consolida��o das artes pl�sticas, aspectos da escrita da hist�ria da arte em Belo Horizonte e educa��o patrimonial. Tamb�m ser�o realizadas mesas-redondas sobre museus, literatura e modernismo.
 
Vista da Igrejinha da Pampulha cercada pela lagoa

A lagoa e demais atra��es do complexo arquitet�nico da Pampulha ser�o objeto de visita guiada e passeio de bicicleta

Jair Amaral/EM/D.A Press
 

‘Mesa de Thereza’ 

O evento n�o se limita �s discuss�es te�ricas. Uma das atividades deste s�bado � a “Mesa de Thereza”, da artista e pesquisadora Thereza Portes, realizada na Casa do Baile. 

S�ntese da modernidade, conforme diz Amorim, a interven��o � uma mesa � disposi��o do p�blico com materiais de bordado para que, junto com a pr�pria artista, as pessoas bordem o tecido do m�vel, ao mesmo tempo em que tecem prosa e celebram o espa�o democr�tico e a uni�o de todos.

“Quer�amos ter op��es de mesas-redondas para quem quer ver uma conversa e, ao mesmo tempo, ter atividades voltadas para pessoas que n�o est�o a fim de assistir a confabula��es te�ricas, e sim experimentar o patrim�nio hist�rico de uma outra forma”, diz Amorim.

Outras atividades que seguem essa linha alternativa dentro da programa��o s�o o city tour guiado por escritos de Cec�lia Meireles sobre o complexo urbano da Pampulha, o tweed ride (passeio cicl�stico no qual as pessoas v�o caracterizadas com roupas e adere�os dos anos 1960, no intuito de propor um passeio pela “hist�ria viva” do local”), piquenique e baile de encerramento, na Casa do Baile.

O conte�do das palestras, minicursos e mesas-redondas ser� disponibilizados na �ntegra, em formato de podcast, pelo projeto em suas redes sociais (@ecosmodernistas).

ATIVIDADES PREVISTAS

HOJE (21/1)

>> 10h �s 12h – Minicurso Laborat�rio de cr�tica, com Rodrigo Vivas, professor de hist�ria da arte (UFMG)

>> 10h �s 12h – Mini curso Educa��o patrimonial, com a historiadora Tha�s Alvim e a muse�loga Rayane Ros�rio

>> 14h �s 15h – Mesa de abertura, com Rodrigo Vivas e Lucas Amorim, idealizador do Ecos

>> 15h �s 16h – Mesa-redonda com Alisson Valentim, mestre em design, arquiteto, urbanista e pesquisador de museus; Breno Fonseca, pesquisador da literatura brasileira e do patrim�nio hist�rico e cultural; e Rayane Ros�rio, muse�loga e especialista em gest�o do patrim�nio hist�rico e cultural

>> 16h �s 17h – “Mesa Thereza”, com Thereza Portes, artista e pesquisadora

>> 17h �s 18h – MiniTalk Hist�ria cultural de BH, com Jo�o Perdig�o, pesquisador, escritor e produtor; e Rafael Perp�tuo, gestor do Museu de Arte da Pampulha

DOMINGO (22/1)

>> 10h �s 12h – CityTour Cec�lia Meireles e a Pampulha, conduzido por Breno Fonseca. Sa�da do mirante da Rua Sapuca�, no Bairro Floresta

>> 10h �s 12h – Tweed Ride (passeio de bicicleta)

>> 14h �s 15h – MiniTalk Design, arquitetura e Modernismo, com Jo�o Caixeta, designer, curador, pesquisador, diretor do Museu da Cadeira Brasileira, e Ma�ra Onofri, arquiteta e mestre em preserva��o do patrim�nio cultural

>> 15h �s 16h – Palestra Arte, mercado e Modernismo, com Flaviana Lasan, educadora e artista visual

>> 16h �s 17h – Piquenique e baile de encerramento

ECOS – MODERNISMO PLURAL

• Neste s�bado (21/1) e domingo (22/1), a partir das 10h, na Casa do Baile (Av. Otac�lio Negr�o de Lima, 751, Pampulha). Entrada franca, sem necessidade de inscri��o pr�via. Mais informa��es: (31) 3277-7443. Programa��o completa no Instagram (@ecosmodernistas)
 
Cecilia Meireles sorri enquanto sobe escada de avião

Cecilia Meireles se impressionou com a BH que visitou em 1944

Editora Global/reprodu��o

A POETA E A PAMPULHA

Embora tenham sido produzidas enquanto se desenrolava o movimento modernista, as obras de Cec�lia Meireles (1901-1964) n�o se relacionam diretamente com o movimento. A autora, sempre lembrada pela colet�nea de poemas “Romanceiro da Inconfid�ncia”, costumava se preocupar mais em expressar ang�stias relacionadas � solid�o, morte e misticismo do que em romper com estruturas formais do passado.

A presen�a de textos dela no city tour do projeto Ecos - Modernismo Plural, portanto, pode soar contradit�ria. “Cec�lia � uma das artistas que vieram a Belo Horizonte em 1944. Ao ter contato com a arquitetura moderna do Niemeyer e com obras de artistas como Portinari, ela ficou estarrecida com o que viu. A partir dessa experi�ncia, ela escreveu a cr�nica ‘Instant�neo de Pampulha’”, afirma o historiador Lucas Amorim.

� a partir dessa cr�nica que o roteiro do city tour foi planejado. O trajeto foi desenhado pelo pesquisador Breno Fonseca, dedicado � mem�ria e � obra da escritora. � ele, inclusive, quem vai conduzir a narrativa durante a viagem.

“A gente vai ter uma van gratuita saindo do mirante da Rua Sapuca� direto para a Casa do Baile, no domingo pela manh�. L�, promoveremos uma recep��o para os convidados, que se encontrar�o com o pessoal do tweed ride. Depois de um breve momento de confraterniza��o, o city tour segue em sentido ao Museu de Arte da Pampulha, Iate Clube, igrejinha e, por fim, volta para a Casa do Baile, encerrando esse ‘instant�neo de Pampulha’ pela perspectiva da autora. Enquanto isso, o tweed ride segue para o passeio na ciclovia”, adianta Amorim.

Roupas vintage

O tweed ride citado por ele � o passeio cicl�stico no qual as pessoas v�o caracterizadas com roupas e adere�os dos anos 1960. “Quem n�o tiver essa onda do vintage, pode ir com roupa normal e bicicleta contempor�nea que est� tudo certo”, brinca Amorim.

O encerramento do Ecos - Modernismo Plural ser� com o piquenique e baile de m�sicas da d�cada de 1960 com o grupo BeHoppers, tamb�m na Casa do Baile. A atividade come�a logo que o city tour e o tweed ride voltarem ao local.

“Antes de ser um Centro de Refer�ncia de Arquitetura, Urbanismo e Design, a Casa do Baile era um espa�o de dan�a e restaurante. Ent�o, a gente encerra a programa��o com um baile celebrando a concep��o original da Casa do Baile. Tenho certeza de que o p�blico vai se deliciar”, diz Amorim.