Diretor argentino Martín Rejtman olha para a câmera

Obra Mart�n Rejtman, um dos respons�veis pela renova��o do cinema argentino, ser� exibida at� a pr�xima quarta-feira (26/4) em BH

Gerardo Naumann/divulga��o

O ano era 2014. Samuel Marotta se desdobrava para n�o perder nenhum filme da programa��o do Indie Festival. Ia quase ininterruptamente de uma sess�o a outra, quando foi surpreendido por “Dois disparos”, dirigido por Mart�n Rejtman. Fascinado, naquela mesma noite baixou a filmografia daquele argentino.

“Sa� atordoado. Vi no Rejtman uma forma de filmar, de lidar com o elenco e com o roteiro diferente de tudo o que havia visto antes. Aquilo me impactou de forma t�o grande que guardei comigo durante todos estes anos”, revela.
 
Coordenador de cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas, Samuel Marotta � respons�vel pela retrospectiva de trabalhos de Mart�n Rejtman, cuja programa��o se estende at� a pr�xima quarta-feira (26/4). O diretor argentino vai participar de sess�o comentada de “Rapado” (1992), nesta quinta-feira (20/4), a partir das 18h, com media��o de Affonso Uch�a, autor do longa mineiro “Ar�bia” (2017).
 

Di�logo Brasil-Argentina

Um dos principais nomes do cinema contempor�neo, Rejtman participa pela primeira vez de evento aberto ao p�blico em Belo Horizonte. “As obras do Mart�n e do Affonso s�o bem diferentes, mas se complementam, sobretudo pelo fato de serem dois cineastas muito criativos e inventivos. O link entre a produ��o dos dois pa�ses certamente vai gerar debates interessantes”, afirma Marotta.
 

Mart�n Rejtman � um dos criadores do movimento conhecido como Novo Cinema Argentino. Nos anos 1990, jovens diretores do pa�s vizinho passaram a estabelecer suas pr�prias regras, rejeitando os moldes da ind�stria tradicional, explorando diversas possibilidades de cria��o e experimenta��o.

Com poucas falas, toques de humor e imprevisibilidade, filmes de Rejtman abordam conflitos pessoais na vida de personagens ordin�rios.

Affonso Uch�a destaca a import�ncia da mostra em cartaz na cidade. “No contexto do circuito brasileiro de exibi��o, � um evento raro, ainda mais em Belo Horizonte. Aqui no Brasil, temos uma dificuldade muito grande de contato com a obra de cineastas latino-americanos. O cinema argentino � dos mais ricos”, diz.
 
Ator Ezequiel Cavia no filme 'Rapado'

O ator Ezequiel Cavia em "Rapado", filme que abre a mostra

Reprodu��o
 

Mart�n Rejtman e Affonso Uch�a se conheceram em 2017, no Festival Internacional de Cinema de Buenos Aires. Na primeira conversa deles, o argentino elogiou o trabalho do brasileiro. Depois, participou da montagem de “Sete anos em maio”, filme de Uch�a.

“Adoro o cinema do Mart�n Rejtman, ele tem uma vis�o muito bonita sobre a vida, seus filmes t�m muito sentimento. Em algum momento, sempre mostra que o que faz as hist�rias acontecerem, terminarem ou se conectarem � t�o imprevis�vel quanto o viver”, diz Uch�a. “N�o existe uma raz�o t�o clara para as coisas como a gente imagina.”

O diretor de “Ar�bia” afirma que Brasil e Argentina s�o dominados pelo cinema de mercado, o que faz com que a produ��o independente enfrente dificuldades. “Precisamos lutar para produzir de forma independente e n�o hegem�nica. Tanto l� quanto aqui, um grupo decide o que vai ser visto e produzido”, comenta.
 
Homens estão no pátio de empresa em cena do filme Arábia

'Ar�bia', filme do mineiro Affonso Uch�a, ser� exibido na mostra para indicar o di�logo entre os cinemas brasileiro e argentino

Vasto Mundo/divulga��o
 

Audiovisual sucateado

Uch�a destaca o “sucateamento de programas de produ��o audiovisual” nos dois pa�ses, defendendo mais apoio ao setor. “� uma pena, porque temos uma gera��o fort�ssima de bons produtores”, lamenta.

Em termos est�ticos, ressalta h� muitas diferen�as entre Brasil e Argentina. 

Enquanto o cinema argentino � marcado pela narrativa, com forte presen�a em festivais internacionais, o cinema brasileiro se caracteriza pela produ��o documental que dialoga com as popula��es exclu�das do pa�s”, finaliza o mineiro Affonso Uch�a.

RETROSPECTIVA MART�N REJTMAN

HOJE (20/4)
• 18h15: “Rapado” (1992), de Mart�n Rejtman
• 20h: Masterclass com Mart�n Rejtman e Affonso Uch�a. Tradu��o em libras

SEXTA (21/4)
• 18h15: “Entrenamiento elemental para actores” (2009), de Mart�n Rejtman e Federico Le�n
• 19h30: “The magic gloves” (2003), de Mart�n Rejtman

S�BADO (22/4)
• 18h15: “Ar�bia” (2017), de Affonso Uch�a e Jo�o Dumans
• 20h: “Dois disparos” (2014), de Mart�n Rejtman

DOMINGO (23/4)
• 18h15: “La vida �til” (2010), de Federico Veiroj
• 20h: “Verano” (2011), de Jos� Luis Torres Leiva

. At� 26 de abril, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos a R$ 2 (no site e na bilheteria). Programa��o completa no site do Centro Cultural Unimed, no Facebook (/mtccultura) e Instagram (@mtccultura)

* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria