Olivia Colman vista pelo espelho, com reflexos de pequenas luzes, em cena do filme Império da luz

Olivia Colman interpreta Hilary, gerente de cinema que luta contra a depress�o

Searchlight Pictures/divulga��o

"Ela era uma boa m�e, cheia de energia, cheia de vida. Mas ela tinha aquela doen�a... ela ficava louca, loucamente feliz"

Sam Mendes, cineasta


Criado por uma m�e com problemas mentais, o cineasta brit�nico Sam Mendes afirma que o teatro e o cinema foram sua verdadeira fam�lia na juventude. Uma realidade complexa que ele mostra em seu novo filme, "Imp�rio da luz", que estreia nesta quarta-feira (26/4), no Star+. O elenco re�ne Olivia Colman, Micheal Ward, Toby Jones e Colin Firth.

"N�o cresci em uma fam�lia funcional. Ent�o, as fam�lias que conheci na juventude foram o teatro, o cinema e o esporte, os times pelos quais joguei", lembra o diretor, de 57 anos.

"Imp�rio da luz", que concorreu ao Oscar de melhor fotografia este ano, conta a hist�ria de uma mulher bipolar de meia-idade (Hilary) que administra, da melhor maneira poss�vel, um cinema em uma pequena cidade litor�nea brit�nica no final dos anos 1970.

O chefe tem um caso extraconjugal com ela. Apenas a equipe do cinema a apoia, at� que a chegada de um novo funcion�rio, um jovem negro, vira sua vida de cabe�a para baixo.

"Neste filme, o cinema � uma esp�cie de encruzilhada para pessoas, gera��es, que de outra forma nunca se veriam. E eu adoro isso. Essa � definitivamente a minha experi�ncia", explica.
 
 

Oscar na estante

Formado no teatro, ao qual sempre volta depois de rodar um filme, Mendes ganhou popularidade com "Beleza americana", em 1999 (Oscar de melhor diretor).  Em "Foi apenas um sonho" (2008), apresentou outra descri��o dura da classe m�dia americana.

Depois vieram dois filmes do agente 007 ("Opera��o Skyfall" e "007 contra Spectre") e, em 2019, um longa-metragem que lhe rendeu �timas cr�ticas e uma cole��o de pr�mios importantes: "1917", o  imponente afresco sobre a Primeira Guerra Mundial.
 
O diretor Sam Mendes posa para os fotógrafos no lançamento do filme 'Império da luz', em Los Angeles

O diretor Sam Mendes no lan�amento de 'Imp�rio da luz' no Samuel Goldwin Theater, em Los Angeles

Michael Tran/AFP

'N�o cresci em uma fam�lia funcional. Ent�o, as fam�lias que conheci na juventude foram o teatro, o cinema e o esporte, os times pelos quais joguei'

Sam Mendes, cineasta



Em "Imp�rio da luz" ele adota ritmo bem mais lento e tom intimista. "Fazer um filme nem sempre � uma decis�o estrat�gica. �s vezes, voc� se sente compelido a contar a hist�ria", explica o diretor.
 
Sam Mendes reconhece que havia chegado o momento de abordar essa parte decisiva de seu passado.

"Ela era uma boa m�e, cheia de energia, cheia de vida. Mas ela tinha aquela doen�a... ela ficava louca, loucamente feliz", explica ele.  "Ela n�o conseguia dormir, come�ava a ter alucina��es. Era levada ao hospital e medicada. Quando voltava, tinha engordado, tinha perdido a autoestima. E o ciclo recome�ava", narra o diretor.

Filho de pais divorciados, Mendes passou a inf�ncia entre a casa da m�e e a do pai. "Comecei a entender que ela estava doente, que era um ciclo, quando cheguei � adolesc�ncia. Mas quando voc� � crian�a, tudo desmorona a cada crise.”

Segundo o cineasta, essas experi�ncias  o “transformaram em um observador, algu�m reservado e que se preocupa com os outros".
 
 
Mendes come�ou a escrever roteiros e dirigir seus primeiros trabalhos ainda como estudante. Comandar uma equipe de filmagem, ou uma companhia de teatro, n�o � muito diferente de cuidar de algu�m com problemas, diz.

"� tudo uma quest�o de observar e controlar, sabe? Voc� constr�i um universo alternativo que, ao contr�rio da sua vida, voc� pode controlar", acrescemta ele, rindo.