Hollywood vai parar? Amea�a de greve de roteiristas p�e ind�stria em alerta
Sindicato dos Roteiristas pode declarar paralisa��o da categoria a partir desta ter�a (2/5) , caso suas demandas por reajuste de sal�rios n�o sejam atendidas
Roteiristas estadunidenses dizem que recebem valores "baixos demais em vista do maci�o reaproveitamento internacional" de s�ries de sucesso, como "Stranger things", da Netflix
Netflix/Divulga��o
Amea�a aos programas de entrevistas e �s s�ries? A possibilidade de uma greve de milhares de roteiristas de cinema e televis�o americanos por aumento salarial pairava ontem (1 de maio) sobre Hollywood, por falta de acordo nas negocia��es.
Os principais est�dios e plataformas de entretenimento, incluindo Disney e Netflix, est�o em conversas com o poderoso sindicato de roteiristas, o Writers Guild of America (WGA), que alertou que declarar� a greve logo ap�s a meia-noite desta segunda-feira (4h de ter�a, 2/5, no hor�rio de Bras�lia), a menos que se chegue a um novo acordo.
Se a greve ocorrer, os programas noturnos de entrevistas, conhecidos como "late shows", podem ser interrompidos de imediato, e as s�ries de televis�o e filmes programados para estrear no final deste ano e nos meses seguintes podem sofrer grandes atrasos.
Na �ltima vez que houve um conflito sindical deste tipo em Hollywood, em 2007, os roteiristas paralisaram suas atividades por 100 dias, o que custou � ind�stria do entretenimento de Los Angeles cerca de US$ 2 bilh�es (equivalente a R$ 3,54 bilh�es na cota��o da �poca).
Remunera��o de roteiristas
Desta vez, os roteiristas exigem sal�rios mais altos e uma maior participa��o nos lucros do streaming, isto �, na distribui��o de conte�do por demanda via internet. Por outro lado, os est�dios e as plataformas dizem que precisam reduzir custos devido �s press�es econ�micas.
"Todo mundo sente que haver� uma greve", disse um roteirista de televis�o de Los Angeles, que pediu para n�o ser identificado.
O que est� em jogo � "determinar como seremos compensados financeiramente pela difus�o em streaming", n�o somente agora, mas tamb�m no futuro, acrescentou.
Os roteiristas dizem que est� dif�cil ganhar a vida com seu trabalho, com sal�rios defasados ou mesmo em queda devido � infla��o, enquanto seus empregadores obt�m lucros e aumentam os sal�rios de seus executivos.
Estima-se que nunca tenha havido tantos roteiristas trabalhando pelo sal�rio m�nimo fixado pelos sindicatos, enquanto as emissoras de televis�o contratam menos pessoas para escrever s�ries cada vez mais curtas.
S�ries
Um dos principais pontos de disc�rdia � sobre como os roteiristas s�o pagos pelas s�ries difundidas por streaming, que em plataformas como a Netflix costumam permanecer dispon�veis anos ap�s terem sido escritas.
H� d�cadas, os roteiristas cobram "pagamentos residuais" pela reutiliza��o de suas obras, por exemplo, em reprises de televis�o ou vendas de DVD. Isto �, uma porcentagem da receita do est�dio para o filme ou programa, ou uma taxa fixa cada vez que um epis�dio � exibido.
Por�m, com o streaming, os roteiristas simplesmente obt�m um pagamento anual fixo, inclusive se seu trabalho tiver um grande sucesso como "Bridgerton" ou "Stranger things", visto por milh�es de espectadores em todo o mundo.
O WGA pede a reavalia��o destes valores, hoje "baixos demais em vista do maci�o reaproveitamento internacional" destes programas. O sindicato tamb�m quer discutir o impacto futuro da intelig�ncia artificial na profiss�o de roteirista.
Os est�dios, representados pela Alian�a de Produtores de Cinema e Televis�o (Alliance of Motion Picture and Television Producers - AMPTP), afirmam que os "pagamentos residuais" aos roteiristas atingiram um recorde de US$ 494 milh�es em 2021 (cerca de R$ 2,78 bilh�es em valores da �poca) contra US$ 333 milh�es 10 anos antes (cerca de R$ 620 milh�es em valores da �poca).
Isto ocorreu, em grande parte, gra�as ao auge dos trabalhos de roteiristas vinculado ao aumento da demanda de conte�do por streaming.
Ap�s os altos gastos dos �ltimos anos, quando plataformas de streaming concorrentes tentavam a todo custo aumentar seus assinantes, os est�dios agora est�o sob intensa press�o dos investidores para cortar gastos e obter lucro. E negam utilizar as dificuldades financeiras como pretexto para refor�ar sua posi��o em negocia��es com os roteiristas.
"Acredita que a Disney demitiria 7 mil pessoas por divers�o?", argumenta um fonte pr�xima � AMPTP. "H� uma �nica plataforma [de streaming] que � lucrativa neste momento, e esta � a Netflix. A ind�stria cinematogr�fica tamb�m � um setor bastante competitivo", afirmou. (France-Presse)
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