Sem metade da escala��o original, o filme de "Power Rangers" tem no elenco sua principal fragilidade
Netflix/Divulga��o
Desde que chegou � Netflix, no m�s passado, o especial idealizado para celebrar os 30 anos da s�rie "Power Rangers" tem dividido a opini�o dos f�s. Eles celebram a nostalgia, com o filme trazendo parte do elenco original, mas se queixam de um ar mec�nico que permeia a produ��o.
O fato � que "Power Rangers: Agora e sempre" tem do que se orgulhar. Seu roteiro, que � fraco na s�rie para TV - sobretudo depois de passar pelas m�os da Disney - � um dos pontos mais altos do filme.
Embora as temporadas "No Espa�o", "Gal�xia perdida", "For�a do tempo" e "For�a animal" tenham proposto aprofundamentos nos personagens em quest�es ligadas ao relacionamento familiar e a pautas sociais e ambientais, nada disso marca a s�rie.
Vil�es caricatos sem medo do cancelamento e lutas bem coreografadas, al�m de fantasias t�o ruins que eram boas, foram os verdadeiros pontos altos, principalmente na temporada de estreia, "Mighty Morphin." Mas, em "Agora e sempre", isso muda.
Power Rangers
Na hist�ria, o primeiro ranger azul, Billy, interpretado por David Yost, busca por part�culas de antigo mentor do grupo, Zordon, que se sacrificou para purificar o mundo de todo o mal ao fim da temporada "No espa�o." Billy consegue uma pequena part�cula que julgava ser de Zordon, at� que percebe ter cometido um erro.
Acidentalmente, o ranger ressuscita a cl�ssica vil� Rita Repulsa, que assume um corpo rob�tico de Alpha 8, outra personagem recorrente da s�rie, e d� uma explica��o convincente para a ideia de trazer Repulsa de volta, mas como um rob�.
Embora n�o seja contada de forma cronol�gica, a hist�ria cola. Os rangers se re�nem para lutar contra a vil� mais uma vez, mas, na primeira batalha, Rita Repulsa consegue destruir a Ranger Amarela. Assim surge o roteiro em homenagem � int�rprete original da personagem, Thuy Trang, morta aos 27 anos num acidente de carro.
A morte da personagem tamb�m abre espa�o para que uma novata seja inserida no universo dos her�is. Trata-se de Minh, a filha da ranger, vivida por Charlie Kersh. A personagem inicia um treinamento intenso no intuito de vingar a m�e, mas s� consegue seus poderes quando desiste do plano.
Essa � a premissa b�sica do epis�dio especial, que precisa driblar uma s�rie de problemas, sendo a aus�ncia da outra metade do elenco original um dos mais graves.
Int�rpretes originais dos rangers rosa e verde, Amy Jo Johnson e Jason David Frank n�o aceitaram participar por discordar do roteiro, enquanto o ranger vermelho original, Austin St. John, n�o foi convidado, ap�s se envolver em um processo de fraude contra o governo americano durante a pandemia de COVID-19.
Para substitu�-los foram convocados Steve Cardenas e Catherine Sutherland, que assumiram os postos de ranger vermelho e rosa, respectivamente, quando Johnson e John deixaram a s�rie original.
Problema superado, o especial consegue trabalhar com a nostalgia sem deixar de apresentar alguns desafios para o espectador, como as presen�as inc�modas da Rita Repulsa rob� e de duas figuras originalmente inexpressivas na s�rie, Minotauro e Lagarcobra, tamb�m em suas formas rob�ticas. Mas o grande problema de "Power Rangers: Agora e sempre" mora em seu maior trunfo: o elenco.
Como uma produ��o de baixo or�amento que se apropria da s�rie japonesa "Super Sentai", "Power Rangers" raramente contou com grandes atores dispostos a interpretar as hist�rias de cinco jovens lutando contra aliens, mutantes e ogros. No especial, fica claro que, depois de suas respectivas temporadas, nenhum dos atores conseguiu se desenvolver.
O especial tem um elenco que, com o tempo, apenas aprofundou suas limita��es e passou a soar meramente caricato e canastr�o, embora, nos anos 1990 parte da gra�a estava em ver os adolescentes canastr�es lutando contra dubl�s vestindo fantasias de Halloween.
A diferen�a � que no especial da Netflix nenhum deles parece disposto a levar a s�rio a brincadeira de fazer de conta que s�o protetores de todo o planeta. A �nica exce��o � Charlie Kersh, que, aos 17 anos, coloca o elenco maduro no bolso e, com muito mais a ganhar com sua participa��o no especial, tem excelentes passagens c�micas e dram�ticas.
Ao contr�rio de seus colegas, a atriz aproveita as linhas de di�logo com mais naturalidade, salvando o especial do vexame de ter em sua figura mais expressiva uma Rita Repulsa vestida de rob� e com as fei��es paralisadas.
Com 55 minutos de dura��o e um desenvolvimento apressado, "Power Rangers: Agora e sempre" est� muito acima dos epis�dios das primeiras tr�s temporadas da s�rie que lhe d�o base, mas ainda est� bastante aqu�m do que a obra j� se mostrou capaz. Vale como nostalgia, mas poderia dar mais ao f�.
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